quarta-feira, 9 de novembro de 2011

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "Nossos templos Sagrados"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Em um primeiro momento pensamos no caráter Sagrado do templo de Jerusalém e de nossas igrejas e capelas, se a reflexão for por esse caminho,, forçosamente vamos usar uma outra palavra contrária a essa que é a palavra "Profana", e vamos concluindo que o mundo se divide em dois ambientes, o  Sagrado de todas as nossas igrejas, Basílicas, Capelas e Santuários, e o resto que é tudo profano, isso é, que não tem essa aureola da santidade.
Entretanto, não se pode falar em Sagrado e Profano, sem falar do homem, feito a imagem e semelhança de Deus, um templo religioso é Sagrado não apenas em função dele mesmo, mas pelas pessoas que ali se reúnem para celebrar a Eucaristia, a Palavra de Deus. Então, o Sagrado e o Profano estão no homem, no mais íntimo do seu ser, e a Sacralidade do templo é conseqüência desse fato. Paredes, bancos, portas e janelas, pisos e telhados não se relacionam com Deus e nem o louvam. Também não se pode pensar que uma Igreja é Sagrada apenas por que nela têm a Capela do Santíssimo, pois a reserva Eucarística está em função das pessoas e a Eucaristia é antes de tudo um alimento, ao instituir a Eucaristia Jesus pensou nas pessoas e não nele próprio, e assim, a Eucaristia atinge seu fim último, quando recebida pelos cristãos, é a presença real de Jesus, em corpo sangue, alma e divindade, mas não histórica.
Por isso nesse evangelho de São João, o que está em jogo não é o templo em si, mas o que ele significa e representa enquanto lugar do encontro com Deus, e o mesmo ocorrem com nossas comunidades cristãs, comunidades são as pessoas e não o edifício. O evangelista João é especialista nisso:  mostrar-nos uma coisa, mas na verdade está falando de outra.
Fazer da Igreja uma fonte de renda, explorar o Povo de Deus, aproveitar a lã das Ovelhas mais gordas, explorá-las de todos os meios, é um pecado grave das nossas lideranças religiosas, seja de que Igreja for, que não ficará impune diante de Deus. O templo de Jerusalém havia se tornado o centro do Poder Religioso e político, fonte de renda para os Latifundiários daquele tempo, entre eles muitos Sacerdotes e suas famílias, que tinham lucro dobrado, ganhavam no holocausto, porque uma parte era do sacerdote, e faturavam na venda dos animais a serem sacrificados. Que templo está sendo aí profanado? Se não compreendermos a Teologia Joanina, vamos pensar que é o templo mesmo, mas Jesus vai direto ao assunto, ele não está preocupado com o ambiente sagrado, mas com as pessoas exploradas e oprimidas pelo próprio poder religioso, que inventou naqueles tempos a famosa Religião do Comércio, que infesta nossas igrejas cristãs independente da sua denominação.
Os que exploram o nosso povo, e aqui podemos incluir também nossos "queridos" políticos, só vêem nelas uma mercadoria que poderá ser bem lucrativa, algo que deve ser sugado até o fim, e que não tem nenhuma outra serventia. Por isso Jesus se coloca como a única e verdadeira referência do Ser Humano, naquilo que ele é, no seu sentido sublime. Destruir o templo são todas as atrocidades que se comete nos dias de hoje contra a Pessoa Humana, sua Vida e Dignidade. Jesus está nos dizendo que Deus Pai não irá ficar indiferente, e aquilo que os homens maus pensam destruir, será refeito e renovado com a Vida Nova da Ressurreição, que em Jesus já está presente na vida de todas as pessoas, e justamente por isso, as pessoas precisam ser respeitadas, porque não são apenas matéria, mas Filhos e Filhas de Deus. Se isso estivesse claro para as instituições, inclusive as religiosas, a vida não estaria tão degradada...
Então fica aqui uma palavra de alerta para todos os que, em nome de uma instituição, seja ela pública ou privada, social ou religiosa, explora as pessoas, principalmente as pequenas e simples, haverá no horizonte escatológico um momento em que, a existência dos exploradores vai virar de pernas para cima, como a mesa dos cambistas, e eles sentirão o peso da mão de Deus, tomado de amor e compaixão pelos pequenos explorados... Está no evangelho, em outro contexto histórico e religioso, mas assim será. Amém.

2. Com Jesus o espaço da presença de Deus não é mais o templo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

João narra o início do ministério de Jesus com um contraste. Jesus vai a Caná da Galiléia, convidado para uma festa de casamento na qual está sua mãe. Aí contribui para a plena alegria transformando a água em vinho. Em seguida Jesus vai a Jerusalém para a Páscoa dos judeus. Aí, no templo, depara-se com o espaço religioso a serviço da prática do mercado. Este templo é fadado à destruição, enquanto Jesus permanece por toda a eternidade.
Com Jesus o espaço da presença de Deus não é mais o templo, mas sim a comunidade. Entra-se em comunhão com Jesus pelo amor, pelo perdão e pela partilha vividos na comunidade aberta e acolhedora.

OraçãoSenhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.

3. O TEMPLO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todo os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé.
Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem. O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém.
Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr 7,11). O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e sacrifícios dos fieis.
O Templo, desde sua primeira construção por Salomão, tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas. Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha, com amor e misericórdia.

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