quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Evangelho (Mateus 2,13-18)


2 13 Depois que os magos partiram, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar".
14 José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15 Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: "Eu chamei do Egito meu filho".
16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
17 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18 "Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem!"
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 “Santos Inocentes Mártires..."

(
A referência máxima para os judeus era Moisés, em suas práticas religiosas e observância das Leis, tudo isso só tinha a Moisés como única referência como Homem de Deus, de quem Deus se serviu para libertar o seu povo da Escravidão do Egito. Mateus, que escreve para Judeus não pode "atropelar" toda uma tradição, acabando com as referências religiosas para falar de Jesus, o novo Libertador do homem. E Mateus nem precisa forçar muito no seu modo de escrever e falar de Jesus, de fato Jesus Cristo é a unidade de toda Escritura, pois no antigo testamento, as pessoas e os acontecimentos apontam para ele, com ele toda a escritura tem um único sentido.
O jeito que Mateus encontrou foi fazendo um paralelo de Jesus com Moisés, daí vem os acontecimentos narrados neste evangelho, Moisés, tanto quanto Jesus também sofreu perseguição desde o seu nascimento, o Faraó tinha dado a ordem às parteiras, todo menino dos Hebreus deveria ser morto e jogado as águas do rio Nilo.
Os Poderosos do Egito tinham medo dos Hebreus que estavam aumentando consideravelmente e poderia vir a ser uma ameaça á sua soberania. Também com Jesus vai ocorrer o mesmo, Herodes manda matar todas as crianças recém nascidas, porque não quer que nasça o novo Rei e Libertador do Povo. E esse processo que começou com a saída do povo do Egito, se repete em Jesus, onde a Sagrada Família também é chamada do Egito e a Revelação é feita a José em sonhos, como outrora outro José Sonhador, levou o seu povo ao Egito em tempos de seca e de flagelo.
Oh benditos Santos Inocentes, que receberam o martírio como Dom Divino, e mesmo sendo crianças recém nascidas, deram o seu testemunho corajoso dando a vida para preservar a Vida Verdadeira que viria para todo Homem. Uma leitura ingênua desse fato teria do leitor uma recriminação "Como pode Deus consentir com uma desgraça dessas?”. Mas o entendimento da reflexão proposta por Mateus perpassa o fato em si, que provavelmente nem seja histórico, pois ele quer revelar aos Judeus que um novo e definitivo Moisés já chegou e está em meio aos homens: Jesus Cristo, Nosso Senhor, aquele que incomoda e abala as estruturas do poder dos homens, porque tem algo muito maior a oferecer: uma libertação plena do homem integral...

 Jesus Menino migrante

Com esta narrativa da fuga para o Egito e a matança dos meninos de Belém, a qual é seguida da narrativa do retorno do Egito, Mateus encerra o bloco de narrativas de infância de Jesus. O conjunto é caracterizado pelo estilo literário do midraxe judaico que consiste em uma reconstrução literária de episódios bíblicos antigos, apresentados como que se realizando no tempo do narrador. O estilo deixa margem a lacunas. O reforço do tema da eleição, o eleito é protegido e salvo, contrasta com a morte dos inocentes. A matança destes inocentes por Herodes tem semelhança com a matança dos primogênitos do povo oprimido do Egito pelo anjo exterminador de Javé.
A narrativa mostra o poder opressor que extermina qualquer ameaça à sua hegemonia, como o atual império do ocidente. Porém fica aberto um caminho para a salvação.
Oração
Pai, sê o guia de minha caminhada, livrando-me de todas as ciladas do mal, e conservando-me incólume para o teu santo serviço.

 O MARTÍRIO DOS INOCENTES

A presença de Jesus na história humana despertou a fúria de quem estava firmemente alicerçado num esquema de pecado, posto em xeque pela salvação oferecida à humanidade. A pregação de Jesus desmascarava a injustiça, punha a nu a perversidade dos opressores, revelava a fragilidade de sistemas fundados na opressão e na violência.
A matança dos inocentes de Belém foi uma espécie de antecipação do futuro de Jesus e de seus discípulos. Um frágil recém-nascido foi suficiente para abalar a segurança do prepotente e violento Herodes. Sua decisão de eliminar as crianças da região onde nascera o Messias Jesus visava eliminar no seu nascedouro, tudo o que pudesse pôr em risco a segurança de seu reino. No coração do rei sangüinário não havia lugar para o amor.
Herodes, em última análise, ousou desafiar o próprio Deus, de quem Jesus era Filho e recebera uma missão. Levantar-se contra o Messias correspondia a rebelar-se contra quem o enviou. Mas Deus não se deixou vencer por Herodes: salvou seu Filho pela ação previdente de José, que se pôs em fuga para o Egito, com o menino e sua mãe.
Na vida de Jesus e de seus discípulos, a perseguição e a morte, por causa do Reino, seriam uma constante. Entretanto, como estão a serviço do Reino do Pai, podem contar com a vitória, uma vez que os prepotentes jamais prevalecerão.
Oração
Senhor Jesus, apesar das perseguições e da morte que deverei defrontar, ponho-me em tuas mãos e me consagro totalmente ao serviço do teu Reino.

Os Santos Inocentes


A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes - ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar'. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: 'Do Egito chamarei o meu filho'. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: 'Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'" (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.

Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de "pequenos inocentes": crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, rogai por nós!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Evangelho (Lucas 1,57-66)


1 57 Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.
58 Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.
59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.
60 Mas sua mãe interveio: "Não, disse ela, ele se chamará João".
61 Replicaram-lhe: "Não há ninguém na tua família que se chame por este nome".
62 E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.
63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: "João é o seu nome". Todos ficaram pasmados.
64 E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.
65 O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.
66 Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: "Que será este menino?" Porque a mão do Senhor estava com ele.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


"As confusões do nascimento de João Batista..."

Não é preciso ser especialista em Bíblia para constatar que a concepção de João Batista, o Precursor de Jesus, foi bastante conturbada. Primeiro, nem Isabel e nem Zacarias alimentavam esperanças de ter um Filho, eram de idade avançada e além do mais, Isabel era estéril. O anúncio de tal acontecimento não foi fácil, Isabel uma anciã, teve que passar pelas dificuldades de uma parturiente "especial". O Pai Zacarias, embora sacerdote que servia no templo em turno de revezamento, não botou muita Fé na revelação e acabou ficando mudo, imaginem o drama, a esposa grávida e o coitado mudo. Quem aparece para servir Isabel nessa fase difícil da sua vida, em uma gravidez de risco, é a menina de Nazaré, que não deveria ter experiência alguma nessa parte...
No dia de levar a criança ao templo para a circuncisão, mais uma cena confusa, a Mãe declinou o nome, mas um grupo de parentes intrometidos não aceitou alegando que não havia ninguém na família com aquele nome de João. Zacarias deveria estar nervoso com toda aquela confusão estabelecida no templo e como não podia falar, e os parentes não paravam de gesticular para ele,  escreveu o nome em uma tabuinha: João é o seu nome. E com a última palavra dada pelo Pai, que era no costume judaico quem denominava os Filhos, a história encerrou-se, entretanto, outro milagre aconteceu: Zacarias recupera a voz e começa louvar e bendizer a Deus...
Se entendermos o texto ao pé da letra, podemos até concluir que o Sacerdote do templo perdeu a paciência e acabou com a celebração, marcando o Batismo para outro dia... Imaginem a cena hilariante no dia do Batizado, Pai e Mãe querem um nome, os padrinhos e parentes acham que tem que ser outro, porque aquele nome não tem nada a ver com a criança, só que o pai é mudo e os parentes linguarudos tentam inutilmente argumentar com gestos sobre o nome que a criança teria de ter. Que confusão!
Porque o evangelista coloca todo esse "tumulto" no nascimento de João Batista? Por que se trata de alguém especial diante de Deus, e que terá também uma missão especial, preceder o Messias, levando as pessoas a se prepararem para acolhê-lo em suas vidas. Na questão do nome, fica muito claro a falta de comunicação e a dificuldade para as pessoas se entenderem. O que se nota é a teimosia de algumas pessoas em não terem se dado conta de que aquele menino era especial, já havia sido gerado de maneira prodigiosa, devido a idade avançada dos seus pais, e a esterilidade da mãe.
Há nas entre linhas um recado Divino: o novo tempo anunciado pelos profetas está começando com João Batista, por isso seu nome significa "Aquele que anuncia". O Batista não irá mais anunciar a velha religião das leis e do ritualismo, a purificação a que ele irá chamar as pessoas, não mais irá passar pelas oblações do rito judaico, mas pela água Batismal, e ao contrário do Judaísmo, onde a prática religiosa dá ao fiel a sensação de ser justo e santo diante de Deus, João é muito diferente, as pessoas terão que reconhecer-se pecadoras para receberem o Batismo penitencial.
Um homem com essas características e essa missão, que o levará a romper com a Religião oficial até então estabelecida, tinha mesmo que ter um nascimento bem tumultuado. Do mesmo modo em nossa vida, quando nos permitimos a viver em comunhão com Jesus Cristo, ocorrem certos acontecimentos que não conseguimos compreender. E quando não conseguimos compreender, isso é, fazer essa experiência íntima com  Jesus Cristo, também não conseguimos anunciar e somos dominados pela MUDEZ da omissão e do comodismo, a exemplo de Zacarias que em um primeiro momento duvidou... A sociedade prefere assim, uma Igreja muda, cristãos de boca fechada, que vivam a sua religião intimista, sem nenhuma preocupação com o que ocorre ao seu redor. Mas... não foi para isso que Deus nos chamou para sermos discípulos - Missionários... O evangelho mostra isso de maneira clara.

 "O Senhor é misericórdia"
Na narrativa do nascimento de João a questão central é o seu nome. Zacarias era sacerdote no Templo e pela tradição o primeiro filho devia receber o nome do pai. Contudo, na anunciação a Zacarias o anjo já comunicara seu nome, João, que significa "o Senhor é misericórdia". Zacarias havia ficado mudo ao duvidar ao anúncio do anjo. Agora entende-se que tenha ficado surdo também, na medida em que é necessário que lhe falem por sinais. Ao concordar com o novo nome atribuído pelo anjo, ele recupera a fala, louvando a Deus. Todos se perguntavam: "O que vai ser este menino?". O nascimento de João em idade tardia de seus pais, fora do comum, e a mudança do nome, contrariando a tradição, eram sinais de que este menino era chamado por Deus a participar de uma missão surpreendente.
Oração
Pai, conta comigo para realizar o teu projeto, como contaste com João cujo nascimento foi revestido de gestos amorosos de tua providência.

 A MÃO DO SENHOR ESTAVA COM ELE

Todos os fatos relacionados com o nascimento de Jesus aconteceram sob a ação de Deus. Cada pormenor manifestava a misericórdia divina e o carinho com que a vinda do Messias estava sendo preparada.
O nascimento de João Batista foi visivelmente conduzido pelo Pai. Quando o menino foi dado à luz, os vizinhos e parentes reconheceram, no fato, uma demonstração do amor de Deus para com os pais dele - Isabel e Zacarias -, bem como para com todo o povo. Quando se perguntavam o que seria deste menino, já estavam intuindo a grandeza da missão que o esperava.
O sinal da benevolência divina manifestou-se, também, na recuperação da fala de Zacarias, assim que ordenara dar ao filho o nome de João, embora a contragosto da parentela. De acordo com o seu nome, o menino seria um sinal permanente de que Deus usa de misericórdia e é favorável. Sendo assim, seria portador de esperança e de consolação, transmitindo a certeza de que haveriam de se cumprir as antigas promessas divinas de salvação.
Da boca de Zacarias saiu, também, um hino de louvor a Deus. Mais que ninguém, o pai de João Batista fora testemunha da presença providente de Deus na vida de seu povo. Seu louvor tinha fundamento. A salvação do Senhor já começara a se manifestar.
Oração
Senhor Jesus, faze-me reconhecer tua vinda, em nosso meio, como fruto da benevolência do Pai, sempre providente em relação à humanidade.

São João Câncio


João nasceu em Kety, na diocese de Cracóvia, Polônia, em 1390; estudou na Cracóvia e foi ordenado sacerdote. Durante muitos anos foi professor da Universidade de Cracóvia; depois foi pároco de Ilkus. À fé que ensinava uniu grandes virtudes, sobretudo a piedade e a caridade para com o próximo, tornando-se um modelo insigne para seus colegas e discípulos.

Enquanto nas regiões vizinhas pululavam as heresias e os cismas, o bem-aventurado João ensinava na Universidade de Cracóvia a doutrina haurida da mais pura fonte, e explicava ao povo com muito empenho, em seus sermões, o caminho da santidade, confirmando a pregação com o exemplo da sua humildade, castidade, misericórdia, penitência e todas as outras virtudes próprias de um santo sacerdote e de um zeloso ministro do Senhor. Ao longo do dia, uma vez cumprido o seu dever de ensinar, dirigia-se diretamente à igreja, onde durante muito tempo se entregava à oração e à contemplação diante de Cristo na Eucaristia.

Tanto nas pequenas como nas grandes adversidades, João teve sempre em mente algo de bem superior ao prestígio, à carreira e ao bem-estar materiais: "Mais para o alto!"repetia sempre. Em todas as circunstâncias, só tinha Deus no seu coração, só tinha Deus na sua boca.

Morreu em Cracóvia, com a idade de oitenta e três anos, no ano de 1473.

São João Câncio, rogai por nós!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Evangelho (Lucas 1,39-45)


1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 "A Casa de Isabel"

Que profundidade e beleza nesse encontro entre Maria e Isabel, onde se nota nitidamente esse "Dar de Si" de Maria, que entre as duas era a mais importante, poderia ela esperar o nascimento de        João Batista e convidar Isabel para vir em sua casa comemorarem as maravilhas que Deus estava realizando nelas. Ao contrário, quem se faz Serva do Senhor torna-se servo dos irmãos e irmãs, por isso Maria sai de sua casa, esquece da Luz esplendorosa que Deus acaba de acender nela tornando-a a mais importante entre todas as mulheres da terra de todas as gerações, e humildemente vai á casa de Isabel com o propósito de a serví-la.
A casa de Isabel são as nossas comunidades onde no encontro e na comunhão de vida com os irmãos e irmãs, experimentamos aquela mesma alegria de Isabel que sente dentro de si a Esperança saltar de alegria. Nesse encontro nas celebrações, a esperança se refaz, a vida se renova e o sonho do Reino de Deus é alimentado pela Palavra e Eucaristia.
A Igreja proclama hoje o apelo para sermos todos discípulos e missionários, saindo para evangelizar e dar o testemunho do Cristo que trazemos em nosso coração, sendo sempre gestado entre tantas esperanças e sonhos bons. Não é uma contra ordem para abandonarmos a comunidade, mas sim para descobrirmos nela o sentido maior do Cristianismo que é o serviço na gratuidade e na alteridade, comunidade é o lugar do encontro de quem espera algo novo e traz em si esta esperança, comunidade é o lugar da relação "Eu - Tu" sem a qual o Reino não vai acontecer.
E dos nossos limites e fraquezas, dos fracassos e desencontros, como do ventre seco e estéril de Isabel, Deus em seu poder e com a sua graça faz de novo brotar a esperança, mas esse é um privilégio legado aos que crêem e servem, seguindo nos mesmos passos de MARIA e Isabel.

 Deus se faz humano

Lucas, com sua narrativa da visitação de Maria a Isabel, faz a articulação entre os anúncios do anjo Gabriel a Zacarias e a Maria e o nascimento dos meninos, João e Jesus. A antiga religião do Templo de Jerusalém, representada por Zacarias é ultrapassada pela nova realidade da presença divina no ventre de Maria. O menino, João, pula de alegria no ventre de Isabel, quando esta ouve a saudação de Maria. Isto significa que João reconheceu a presença e o senhorio de Jesus já quando ainda estavam ambos nos ventres de suas mães.
Destacando a passagem da antiga religião para a nova realidade presente em Jesus, Lucas também induz os discípulos de João Batista, que formavam um grupo autônomo em seu tempo, a se unirem ao movimento de Jesus.
Nas narrativas de infância de Jesus e na exaltação de uma mulher a sua mãe (Lc 11,27) por seis vezes Lucas destaca o ventre de Maria como o lugar do encontro entre o divino e o humano, na concepção e gestação de Jesus. Fica assim, em evidência, que a encarnação é o acontecimento salvífico, pelo qual, Deus fazendo-se humano, a humanidade é assumida na condição divina e eterna.
Oração
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência.

 BENDITA ENTRE AS MULHERES

A visita de Maria a Isabel revelou traços importantes da personalidade da mãe do Messias Jesus. Ao levantar-se e ir às pressas até a Judéia, para servir a uma parenta necessitada de sua ajuda, Maria demonstrou sua disponibilidade para servir, sem interpor nenhum obstáculo: viagem longa, caminho perigoso, sua gravidez. Muito menos, julgou que a condição de mãe do Messias a colocava numa situação de superioridade. Com toda simplicidade, ela se pôs a caminho, para servir.
A saudação de Isabel sublinhou o quanto Maria era querida por Deus. Era uma mulher abençoada e trazia, no ventre, um ser igualmente abençoado. Por conseguinte, portadora e penhor de bênçãos. Donde a alegria de João Batista, ainda no ventre materno, quando do encontro com a mãe de Jesus. Esta era bem-aventurada, sobretudo por ser mulher de fé, capaz de acreditar no cumprimento de tudo o que lhe fora dito da parte do Senhor.
As palavras de Isabel foram inspiradas. Explicitaram, perfeitamente bem, o que se passava com Maria. Talvez, a própria mãe de Jesus não compreendesse as reais dimensões de sua relação com Deus. Sua simplicidade a impedia de se ter em grande conta. Sua condição de mãe do Senhor não mudou a idéia que fazia de si mesma. A servidora de Deus estava ali para servir à parenta necessitada. Uma coisa implicava a outra.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a compreender a bem-aventurança aplicada a Maria, que se fez servidora de Deus e dos irmãos.

São Pedro Canísio

São Pedro Canísio nasceu em Nimega, atual Holanda, mas então parte da Alemanha naquele tempo. Isto no ano de 1521. Canísio é a latinização de Kanijs. Seu pai foi prefeito de Nimega e encaminhou seu filho para estudar Direito.

Cursou estudos em Colônia e Lovaina para formar-se como advogado sem, no entanto, descuidar de sua espiritualidade (tendo em vista suas frequentes visitas ao Mosteiro dos Cartuxos). Descobrindo o seu chamado com o auxílio de um padre jesuíta, Pedro Canísio tornou-se o primeiro jesuíta alemão, tendo entrado na Companhia de Jesus em 1543. Recebeu a ordenação sacerdotal três anos mais tarde. Nesse mesmo ano publicou as obras de S. Cirilo de Alexandria, sendo o primeiro livro mandado imprimir por um jesuíta. Foi teólogo do Concílio de Trento e um grande pregador e professor. Exerceu a sua docência sobretudo em Inglostad, Viena, Augsburgo, Innsbruk e Munique. Organizou a sua Ordem na Alemanha, fazendo dela o instrumento valioso para a reforma católica contra o protestantismo. Foi um dos iniciadores da imprensa católica.

Profundo devoto da Santíssima Virgem, Pedro Canísio foi conselheiro de Príncipes, Núncios e Papas. Das 36 obras que compôs, as mais célebres são os seus trêsCatecismos (1555-1556 e 1558), largamente difundidos por toda a cristandade até o século XIX. O denominado "Catecismo Mayor", em 221 perguntas e respostas, alcançou pelo menos 130 edições. O Papa Leão XIII chamou-lhe mesmo o "segundo Apóstolo da Alemanha, depois de S. Bonifácio".

Faleceu em Friburgo, na Suíça, a 21 de dezembro de 1597. O Papa Pio XI canonizou-o a 21 de maio de 1925, declarando-o ao mesmo tempo Doutor da Igreja.

São Pedro Canísio, rogai por nós

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Evangelho (Lucas 1,26-38)


1 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo".
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
33 e o seu reino não terá fim".
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço homem?"
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível".
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 "Eis aqui a Serva do Senhor"

Reporto-me a bela pregação do Secretario Geral da CNBB D. Leonardo Steiner no Seminário de Aparecidinha - Sorocaba na manhã da Quarta Feira 07 de dezembro, falando aos presbíteros em um encontro de avaliação e planejamento, onde foi aprofundado o tema das DGAE número 94, sendo este evangelho proclamado ele retomou a expressão "Eis aqui a Serva do Senhor", onde os quadros alusivos a este momento sublime, apresentam Maria com os braços abertos na bela atitude de quem acolhe o Verbo e se torna para sempre a Ele submissa.
Vemos a anunciação do Anjo e a encarnação de Jesus como um momento na História da Salvação, parece que aconteceu há dois mil anos atrás, envolvendo a mocinha Maria de Nazaré, quando na verdade ali está a Humanidade, o Povo que alimentava no coração a grande esperança de um Messias Salvador e Libertador, a estes que crêem, o anúncio e a encarnação é um processo dinâmico, como foi na Vida inteira de Maria, da Manjedoura aos pés da Cruz, em cada um daqueles acontecimentos muitas vezes misteriosos e aparentemente sem significado, Maria guardava n o coração e renovava com coragem e fidelidade o seu SIM.
Portanto, antes de gestar Jesus em seu ventre imaculado, Maria o tinha presente no coração onde todos os dias, na renovação do seu SIM , o Salvador ia nascendo e renascendo.
Do mesmo modo, nós como Igreja presente no mundo, devemos na Fé renovar op nosso SIM a Deus, falado solenemente pelos nossos pais e padrinhos e guardadas as devidas proporções, tanto quanto em MARIA,  em nossa Vida de Fé esse processo encarnatório vai acontecendo um pouco todos os dias. Claro que esbarramos sempre em nossos limites e fragilidades que Maria superou quando expos a sua fragilidade humana "Não conheço homem algum, como isso vai acontecer?“.
Na comunidade há muitos obstáculos a serem superados e desafios a serem vencidos, não é proibido questionar, o que não pode é insistirmos em se cumprir a nossa Vontade, deixando a confiança em Deus de lado.

 Anúncio a Maria


 EIS A SERVA DO SENHOR

Maria ocupou um lugar de destaque no advento da salvação, aceitando acolher a proposta de Deus de assumir a maternidade do Messias Jesus. A escolha de Maria não se explica, no plano humano. Era uma jovem, já prometida em casamento a um descendente da casa de Davi. Não pertencia a nenhuma família nobre e rica, e habitava numa cidade escondida e mal-afamada. Não passava por sua mente ligar-se, de algum modo, ao Messias. Humanamente falando, ela não possuía os requisitos necessários para ser mãe do Salvador.
O diálogo de Maria com o anjo revelou a imagem que ela fazia de si mesma, bem como o que Deus pensava a respeito dela. Da parte de Deus, era considerada repleta de graça, amada por ele, bendita entre todas as mulheres. Em outras palavras, possuidora dos requisitos necessários para ser colaboradora de seu plano de salvação. Este requeria alguém totalmente disponível para Deus, despojado de si mesmo e dos próprios interesses, e disposto a assumir uma missão superior a tudo que se possa imaginar. Maria, por sua vez, tinha consciência de suas limitações. Não podia imaginar que Deus a tivesse em tão alta conta. Não conseguia conciliar a concepção do Messias com o fato de não ter conhecido homem algum. Estava longe de compreender o que significa conceber por obra do Espírito Santo. Contudo, como se sabia serva, não receou aceitar cegamente o projeto de Deus.
Oração
Senhor Jesus, que eu me deixe modelar pelo exemplo de Maria, a serva humilde que se fez capaz de assumir, com total disponibilidade, o projeto de Deus.
Nestes dias que antecedem o Natal, Lucas, na sequência de seu evangelho, após o anúncio do nascimento de João Batista a Zacarias, apresenta o anúncio a Maria. Com o sim da jovem Maria céus e terra se unem. O humano é elevado ao divino e Deus se faz presente entre os humanos. E isto acontece na intimidade de uma casa pobre na periferia, em Nazaré, na Galiléia. É a humanidade chamada à participação da vida divina e eterna! Não se trata de um simples processo evolutivo. A inserção e a participação na vida divina decorre, não de atos instintivos, mas de atos conscientes de amor, inspirados pelo Espírito. Somos eternamente gratos a Maria por sua adesão a esta projeto do Pai.

Oração
Pai, dá-me a graça de ser fiel a ti, como Maria, a perfeita discípula que soube discernir a tua santa vontade, e se mostrar solícita em realizá-la.

São Domingos de Silos

Os santos da Igreja de Cristo foram verdadeiros luzeiros para o mundo, pois levaram com sua vida e palavras a Luz do Mundo que é Jesus Cristo. São Domingos nasceu em Cañas, vila da província de Navarra (Espanha), isto no ano 1000, dentro de uma humilde família cristã.

Quando o pai do pastorinho de ovelhas Domingos enxergou a inclinação do filho para os estudos religiosos, tratou logo de encaminhar Domingos para a formação que o levou - por vocação - ao Sacerdócio. Ordenado Sacerdote, passou mais de um ano na família e depois viveu dezoito meses na solidão. Com o passar do tempo entrou para a família beneditina, ingressando no mosteiro de Santo Emiliano, onde logo foi feito mestre dos noviços pelo abade do mosteiro. Em seguida, foi encarregado de restaurar o priorado de Santa Maria de Cañas. Após isso, foi feito prior do mosteiro de Santo Emiliano. Um dia, o príncipe de Navarra, sem dinheiro para as suas guerras, veio ao mosteiro exigir uma contribuição exorbitante. Os monges estavam dispostos a ceder, mas o prior deu uma recusa humilde e categórica. Fugindo da vingança do príncipe, Domingos exilou-se em Burgos onde Fernando Magno, rei de Castela e Aragão, recebeu o fugitivo em seu palácio. São Domingos retirou-se, todavia, para um eremitério fora da cidade. O rei pensou então no mosteiro de São Sebastião de Silos, quase abandonado, e deu-o ao recém-chegado, a 14 de janeiro de 1041.

Na Ordem de São Bento, São Domingos de Silos descobriu seu chamado a uma contemplação profunda e ações que salvassem almas, sendo assim recebeu de um anjo em sonho a promessa de 3 coroas que significavam: uma por ter abandonado o mundo mal e se ter encaminhado para a vida perfeita; outra por ter construído Santa Maria de Cañas e ter observado castidade perfeita; e a terceira pela restauração de Silos. De fato, esta última coroa se realizou perfeitamente, pois durante os 30 anos de pai (abade) no mosteiro de São Sebastião em Silos, este local tornou-se centro de cultura e cenáculo de evangelização para a Igreja e o Mundo. O abade de Silos faleceu a 20 de dezembro de 1073, entre os seus numerosos filhos espirituais e assistido pelo Bispo de Burgos. Foi sepultado no claustro.

São Domingos amado pelo povo e respeitado por reis e rainhas, operou em vida e também depois da morte muitos milagres, os quais provaram com clareza o quanto se encontra no Céu tão íntimo, quanto buscava ser aqui na terra. Em 1076, o Bispo de Burgos transferiu o corpo de São Domingos para a igreja de São Sebastião. E a abadia foi perdendo pouco a pouco o nome de São Sebastião para adotar o de São Domingos.

São Domingos de Silos, rogai por nós!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Evangelho (Lucas 1,5-25)

1 5 Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel.
6 Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
7 Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada.
8 Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe,
9 coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume.
10 Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume.
11 Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume.
12 Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o.
13 Mas o anjo disse-lhe: "Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João.
14 Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
15 porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo;
16 ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus,
17 e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto".
18 Zacarias perguntou ao anjo: "Donde terei certeza disto? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada".
19 O anjo respondeu-lhe: "Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.
20 Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo".
21 No entanto, o povo estava esperando Zacarias; e admirava-se de ele se demorar tanto tempo no santuário.
22 Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo.
23 Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa.
24 Algum tempo depois Isabel, sua mulher, concebeu; e por cinco meses se ocultava, dizendo:
25 "Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 "Quem faz a historia acontecer...

Hoje em dia muitos aposentados ainda trabalham na própria empresa onde se aposentaram ou mesmo na economia formal, visando melhorar o seu orçamento, mas na verdade, embora fazendo parte da população ativa, acabam eles próprios se colocando á margem da história, e quando ouve falar de alguma luta ou confronto, dizem cheios de recordações: "Ah no meu tempo que era bom, eu fazia isso, fazia aquilo, ajudei nesse projeto, lutei para conquistar tal coisa, agora me aposentei, pois a idade chegou e só estou quebrando um galho, outros até dizem que mudaram de nome, passando-se a chamar Jaque, Já que está aí sem fazer nada, vai fazer isso ou aquilo... Nos Países mais desenvolvidos, ou nos do Oriente, o idoso tem seu valor e jamais fica á margem da sociedade. Zacarias e Isabel eram idosos e nem tinham filhos, já estavam na "Quarta Idade", desfrutando de uma velhice sossegada, assistindo a história que os outros estavam fazendo, mas Deus pensa e age diferente...
De meros assistentes passaram a protagonistas da história da Salvação, com eles e neles vai começar uma nova história, a mais bela que a Humanidade ouviu contar e fazer parte, irão gerar aquele que irá ser o Precursor do Grande Messias. Avançado em idade, sem muita perspectiva de vida, e sem muitos planos a não ser o de viver bem cada dia, Zacarias toma um grande susto quando entra no Santo dos Santos para cumprir sua escala na oferta de incenso diante do altar e tem uma visão, não se assusta tanto com a Visão, mas sim com o que ela anuncia.
"Será que Deus não está equivocado Sêo Anjo, já sou aposentado e não espero mais nada da vida, inclusive eu e a minha esposa Isabel nem temos Filhos, se tivéssemos poderíamos até esperar alguma coisa nova, mas nem isso nós temos..." Foi mais ou menos essa a réplica do Velho Zacarias, que o evangelista resumiu em poucas palavras. Que contribuição nossos idosos podem dar á nossa história? Será que ainda poderão fazer algo de novo, causando espanto na Geração Y que acabou de sair das fraldas? Para a sociedade de consumo não!
Mas Deus sempre apostou nos pequenos e excluídos da sociedade, chamou-os para fazerem a história, e assim aconteceu com Zacarias e sua esposa Isabel. A Mudez é o simbolismo de uma apatia que para Deus não existe. Mudo é quem nada tem a dizer, a sugerir, a opinar, porque irão querer a opinião de um pequeno ou de um idoso? Eles não são importantes... A mudez do velho Zacarias não é castigo como o próprio texto sugere, antes, é uma constatação de como um idoso é insignificante para o sistema, inclusive o Religioso.
Zacarias só irá falar no tempo oportuno, quando Deus tiver realizado as promessas, para que ninguém dê margem á desconfiança. A gravidez de Isabel conforma que Deus já está agindo, uma criança em um útero seco e estéril, eis a obra de Deus e o prenúncio feliz do que Jesus irá realizar, arrancando o homem da secura da morte do pecado, e chamando-o para viver á luz da Graça de Deus.
Os que antes eram humilhados, Zacarias e Isabel, por serem velhos e estéreis, e nem ter tido a graça de gerar um Filho, agora se tornam sinais inequívocos da ação Divina. Nós também somos de certa forma um ÚTERO SECO, incapazes de gerar a Vida nova, entretanto, em Jesus e seu Espírito que habita em nós, damos a volta por cima, e vivificados geramos nova Vida no que pensamos e fazemos da mudez das nossas impossibilidades, abrimos a boca maravilhados para reconhecer as maravilhas que o Senhor em nós realizou.

 Jesus - sinal de contradição

Lucas, após um breve prólogo onde justifica seu trabalho redacional do evangelho, narra o anúncio do nascimento de João (Batista) e de Jesus (cf. 20 dez), feito pelo anjo Gabriel, sucessivamente a Zacarias e a Maria. Assim, João e Jesus estão associados entre si desde suas concepções milagrosas. Marcos começa o seu evangelho, o primeiro dos canônicos a ser escrito, com o batismo de João como momento inaugural do ministério de Jesus. Mateus e Lucas, por sua vez fazem a introdução a este batismo inaugural de Jesus com suas narrativas de infância, cada um com um sentido teológico próprio. Mateus apresenta Jesus inserido na genealogia davídica, como aquele que vem cumprir as escrituras. Lucas apresenta Jesus como sinal de contradição, o que já vem acontecendo com seu precursor, João Batista.
Oração
Pai, atendendo à oração de Zacarias, manifestaste tua misericórdia para com o justo sofredor. Sê também benévolo diante das nossas angústias.

 PREPARANDO A VINDA DO MESSIAS

A chegada do Messias Jesus, além de ter sido preparada ao longo da história de Israel, teve, também, uma preparação imediata. Uma série de fatos colaboraram para isto. Entre eles, o nascimento miraculoso de João Batista, a quem seria confiada a missão de ser o Precursor do Messias Jesus, para preparar-lhe o caminho.
O anúncio do nascimento de João está calcado na história do nascimento de grandes personagens do Antigo Testamento. Aparece, a Zacarias, um mensageiro divino, encarregado de ajudá-lo a compreender o que lhe haveria de acontecer, por obra de Deus. Zacarias apresenta ao anjo empecilhos para a concretização do plano divino, como o da a velhice e esterilidade de Isabel. Foi necessário um sinal para confirmar a veracidade das palavras do mensageiro divino. E este sinal consistiria nisto: Zacarias ficaria mudo até que as palavras do anjo se realizassem.
O nome, que o velho sacerdote deveria dar a seu filho, seria já um prenúncio da chegada do Messias. João significa "o Senhor mostrou o seu favor". Sendo assim, o Messias, cujos caminhos seriam preparados por seu Precursor, estava destinado a ser uma manifestação da misericórdia de Deus pela humanidade, que não havia sido esquecida, nem tinha sido relegada ao desprezo, por causa do pecado. Competia a João levantar esta bandeira.
Oração
Senhor Jesus, que eu te reconheça sempre como a manifestação da misericórdia divina pela humanidade, como o nome de João indica.

Santo Urbano V

Nascido em 1310, no castelo de Grisac, nas Cevenas, França, Guilherme de Grimoard, filho do cavaleiro do mesmo nome e de Anfelisa de Montferrand, mostrou-se desde a infância hostil a toda frivolidade. Vendo-o fugir dos jogos próprios da sua idade e recolher-se à capela, sua mãe dizia: "Eu não o compreendo; mas, enfim, basta que Deus o compreenda". Entrou na abadia beneditina de Chirac, perto de Mende; proferiu os votos no convento de S. Vítor de Marselha e, a seguir, entrou na Congregação de Cluny. Formou-se em Direito Canônico em outubro de 1342; ensinou nas Universidades de Toulouse, Montpellier, Paris e Avignon; exerceu as funções de Vigário Geral em Clermon e Uzés; foi nomeado Abade de S. Germano de Auxerre em 13 de fevereiro de 1352 e, no dia 26 de julho do mesmo ano, Clemente VI nomeou-o Legado Pontifício na Lombardia. Mais tarde, sendo Abade de S. Vítor de Marselha, foi encarregado da mesma missão no reino de Nápoles, por Inocêncio VI.

Os Papas residiam em Avignon (Avinhão), mas já pensavam em voltar para Roma; para preparar esse regresso, Guilherme desenvolvia grande atividade diplomática na Itália. Nos fins de 1362, sucedeu a Inocêncio VI, com o nome de Urbano V, sendo um dos sete Papas que, de 1309 a 1377, residiram em Avignon. O seu Pontificado assinalou-se pelo envio de missionários para as Índias, a China e a Lituânia; pela pregação de uma nova cruzada; pelo apoio que deu aos estudos eclesiásticos, e por diversas reformas que levou a efeito na administração da Igreja. Depois de renovar a excomunhão pronunciada por Inocêncio VI contra Pedro IV, rei de Castela, assassino de sua mulher e polígamo, autorizou Henrique de Trastâmara, seu irmão, a destroná-lo. Convidou ao mesmo tempo Du Guesclin e as suas "companhias brancas" a prestar-lhe auxílio, assegurando assim o êxito dessa revolução dinástica.

Em 1367, Urbano V entendeu que tinha chegado o momento de regressar a Roma. No dia 19 de maio, embarcou em Marselha, acompanhado de vinte e quatro galeras; no dia 3 de junho, desembarcou em Corneto e em 16 de outubro fez a entrada triunfal na Cidade Eterna. Não conseguiu, porém, manter-se, apesar dos protestos de Santa Brígida, que lhe previu morte próxima se voltasse. Mas voltou no dia 26 de setembro de 1370, regressando a Avignon, onde morreu em 19 de dezembro seguinte, revestido do hábito beneditino. Tempos antes, tinha-se mudado para casa de seu irmão, por não desejar acabar a vida num palácio. Por sua ordem, as portas dessa casa mantinham-se abertas, a fim de que todos pudessem entrar livremente e ver "como morre um Papa".

Santo Urbano V, rogai por nós!

Domingo / 18 Dezembro

 EVANGELHO (Lc 1,26-38)


. Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
– Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.

Domingo / 18 Dezembro

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


"JESUS, O FILHO DE MARIA!"

Depois do nome, a referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele, filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem.
O rei Davi era a dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi, ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres, alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os grandes acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida do povo, só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e agüentar as conseqüências. Entretanto a vinda do messias começa a ser articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por caminhos tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E Maria? Quais eram seus planos de vida?
Todos nós temos de ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela também esperava o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias melhores.
E em um momento de oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria não é casada, não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.
Hoje o reino de Deus vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a decisão em favor de Jesus e seu reino...

 Maria, escolhida por Deus

A narrativa da anunciação do anjo a Maria é exclusiva do evangelho de Lucas. No evangelho de Mateus a comunicação do anjo é feita a José. O evangelho mais antigo, de Marcos, inicia-se com a pregação de João Batista e o batismo de Jesus. Lucas, por sua vez, em uma perspectiva retrospectiva, iniciará com o anúncio do nascimento de João a Zacarias e do nascimento de Jesus a Maria. João Batista e Jesus estão intimamente ligados no projeto de Deus. Lucas faz um paralelismo entre as origens dos dois. João, a partir da escolha do próprio nome pelo anjo, diferente do nome do pai, significa a ruptura com a tradição familiar sacerdotal e com o sistema religioso do judaísmo. Jesus, com sua prática nova que flui do amor, no Espírito Santo, confirmará esta ruptura com a tradição templária e legalista. Maria e José representam a periferia. Um operário de Nazaré, na Galiléia paganizada, apresenta na sua ascendência genealógica um ramo davídico. Porém a concepção de Jesus dar-se-á por obra do Espírito Santo, frustrando as expectativas messiânicas fundadas na tradição davídica elaborada por meio da profecia de Natan (cf. primeira leitura), o que exigirá amadurecimento dos discípulos para compreende-lo.
Em Maria, escolhida por Deus, encontramos a plenitude da dignidade, na humildade, na simplicidade, no serviço e no amor. Maria ouve a saudação do anjo: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo". A graça consiste nos dons de Deus. A presença do Senhor significa a força para cumprir uma missão que parece estar além das condições humanas. Está em andamento a revelação do mistério de Deus (segunda leitura). Maria, livremente e consciente de que pode confiar em Deus, dá sua inteira adesão ao Espírito que renova todas as coisas em Jesus. Pela encarnação, que já acontece a partir da concepção de Jesus no ventre de Maria, Deus nos dá a conhecer que homem e mulher, foram criados para participarem da sua vida divina e eterna. Em Jesus, que é a expressão histórica desta realidade revelada, encontramos esta íntima união entre o humano e o divino.
Oração
Pai, plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade.

 A AGRACIADA DE DEUS

O Anjo do Senhor definiu Maria como a repleta de graça. Nesta afirmação, está contido um movimento de dupla direção: de Deus para Maria - de Maria para Deus. E, neste movimento articula-se o mistério divino na vida da mãe de Jesus.
Deus, em seu amor infinito pela humanidade e desejoso oferecer-lhe salvação, escolheu Maria para colaborar no seu plano de salvação. Esta escolha não se explica com parâmetros humanos, mas se perde nos abismos da liberdade divina. Deus concede, à jovem de Nazaré, a riqueza de suas graças: a predispõe a ser sua interlocutora, dando-lhe sensibilidade para captar os apelos divinos e tornando-a capaz de ir além de si mesma para decidir-se a aceitar o projeto divino de salvação.
Maria, por sua vez, embora elevada a um nível altíssimo de santidade, que lhe fora comunicada pela plenitude da graça divina, conservava a simplicidade e a humildade de quem se sabia servidora. Em seu coração, não houve lugar para a soberba e a vanglória. Agraciada por Deus, mantinha-se no escondimento, não exigindo para si tratamento condizente com sua condição de mãe do Filho de Deus. Bastava-lhe saber-se cumpridora da vontade de Deus, ajudada pela graça que a plenificava. Não ambicionava grandezas mundanas, uma vez que possuía o bem mais precioso: estava repleta do próprio Deus.
Oração
Senhor Jesus, que minha vida se inspire no exemplo de Maria, em sua disposição para cumprir a vontade de Deus.

Domingo / 18 dezembro

Nossa Senhora do Ó

Festa católica de origem claramente espanhola, a festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de "Expectação do parto de Nossa Senhora", e entre o povo com o título de "Nossa Senhora do Ó". Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos. A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito; é o desejo inspirado e sobrenatural da "bendita entre as mulheres", que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.

As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes desde hoje até a Véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó ("Ó Sabedoria... vinde ensinar-nos o caminho da salvação"; "Ó rebento da Raiz de Jessé... vinde libertar-nos, não tardeis mais"; "Ó Emanuel..., vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus"), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de "Nossa Senhora do Ó". É ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume e pela presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Primeiro comemorava-se hoje a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de "Expectação do parto". Assim ficou sendo na Hispânia e passou a muitas Igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na Arquidiocese de Braga.

Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!

Sabado / 17 dezembro

Evangelho (Mateus 1,1-17)

1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4 Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
7 Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8 Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9 Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
12 E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.
13 Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14 Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15 Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
17 Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

sabado/ 17 Dezembro

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 "Um Cristo enraizado na história humana..."

Os evangelhos, cada um com seu estilo e proposta, não nos apresentam um Jesus isolado em si mesmo, sem compromisso com o que veio antes, ou com o que veio depois, ao contrário, há um forte elo com o passado e com o presente, na própria contagem do tempo Jesus está no centro e de maneira misteriosa liga o passado, o presente e o futuro, o cromos aonde o Reino vai sendo construído e gestado. A esse respeito o próprio Jesus disse que não veio abolir a Lei, mas para mostrar o que de fato está em seu bojo, ocupando o lugar central...
Em Jesus toda promessa prometida a Abraão se realiza, há dois elementos divisores, o Rei Davi em quem prefigura a esperança messiânica (um tempo de sonhos e esperanças para o Povo da Promessa que via no ungido Davi a ação Divina), mas o outro elemento divisor é o Exílio da Babilônia, tempo de fracasso e humilhação, de esmagamento e perda total da identidade enquanto Povo da Aliança.
Nas pessoas mencionadas como elos da geração de Jesus, há grandes justos e grandes pecadores, inclusive Prostitutas, isso não para que fiquemos escandalizados, ao contrário, para que percebamos o quanto Deus nos ama permitindo que o Filho querido e amado fizesse parte dessa cadeia de gerações, das quais pela Fé nós o Povo da Igreja somos descendentes, nós que também somos grandes santos, mas grandes pecadores, nós que vivemos de euforias e triunfos, mas também fracassos.
O mais bonito é que se continuarmos essa geneanologia na Fé, ligando na linha do tempo e da história da Igreja, chegaremos a cada um de nós que um dia nascemos pelo Batismo, sendo Deus Jesus não teve princípio, nem meio e não terá fim, Nele, todos nós, os de hoje e os de ontem, os que ainda virão, vivendo na Fé, somos um só povo, que continuamos a acreditar nas promessas mas que temos também o privilégio de vê-las realizarem-se.

 Descendência davídica

A narrativa bíblica, no Primeiro Testamento, é pontuada com personagens que são elos para as cadeias de genealogias. As genealogias foram instrumento de afirmação da pureza racial no judaísmo que surgiu após o exílio. Serviam também para reivindicar estirpes sacerdotais e identificar vocações messiânicas. Elas foram elaboradas em uma seqüência ordenada em blocos de sucessão. Neste sentido, Mateus apresenta uma genealogia em três blocos: de Abraão a Davi, de Davi ao Exílio, do Exílio a José. Nelas destacam-se dois personagens maiores: Abraão e Davi.
Enquanto que em Mateus a genealogia descendente vai de Abraão a José, em Lucas a genealogia ascendente vai de José a Adão. No período entre Davi e o Exílio Mateus coloca a sucessão da realeza davídica, enquanto que Lucas segue outra ordem arbitrária. Lucas tem uma visão universalista da encarnação, menos atrelada à ideologia nacionalista davídica do judaísmo. Mateus inicia seu evangelho com esta genealogia no sentido de vincular Jesus à descendência davídica a partir da paternidade de José.
Oração
Pai, que a presença de teu Filho Jesus, na História, leve à plenitude a obra de tua criação, fazendo desabrochar, em cada coração humano, o amor para o qual foi criado.

 A HUMANIDADE DO MESSIAS

A genealogia de Jesus contém elementos importantes para a correta compreensão de sua identidade. Seu objetivo é mostrar a inserção de Jesus na história do povo de Israel e fazer sua presença, na história humana, ligar-se com a longa história da salvação da humanidade. Jesus, portanto, é apresentado como verdadeiro homem e não como um ser estranho, vindo do céu, não se sabe bem como.
A sucessão de gerações, que prepara a vinda do Messias Jesus, é um retrato da humanidade a ser salva por ele. Repassando a lista de nomes, encontramos gente de todo tipo: piedosos e ímpios, pessoas de comportamento correto e gente de vida não recomendável, operadores de justiça e indivíduos sem escrúpulos no trato com os semelhantes, judeus e estrangeiros, homens e mulheres. Todos eles formam o substrato humano no qual nasceu Jesus. Esta é a humanidade carente de salvação, para a qual ele foi enviado pelo Pai.
Jesus, porém, é apresentado como dom salvífico do Pai para a humanidade. O fato da concepção virginal aponta nesta direção. Quando a lista chega em José, diz-se que ele é o esposo de Maria da qual nasceu Jesus. A sucessão pela linha masculina é rompida, ficando implícito que o Pai de Jesus é o próprio Deus. Ou seja, a salvação não é obra do ser humano. Ela é oferecida pelo Pai por meio do Messias Jesus.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba reconhecer, em tua humanidade, a presença da salvação oferecida pelo Pai, como dom gratuito a todos nós.
Eis um evangelho que qualquer celebrante sente dificuldade na pregação, pode ser sacerdote, diácono ou ministro leigo, daí se fala do tempo do advento, repete-se algumas coisas que nos evangelhos são mais batidos, ou se repete um pouco o sermão do último domingo, inventando-se um "gancho" com esse monte de nome que Mateus cismou de colocar neste evangelho, e que não foi atoa, a mensagem é belíssima...

Sabado / 17 dezembro

São Lázaro
A Igreja, neste tempo do Advento, se prepara para celebrar o aniversário de Jesus e se renova no desejo ardente de que Cristo venha pela segunda vez e instaure aqui o Reino de Deus em plenitude. Sem dúvida estão garantidos para este reinado pleno, que acontecerá em breve, os amigos do Senhor.

Hoje vamos lembrar um destes amigos de Cristo: São Lázaro. Sua residência ficava perto de Jerusalém, numa aldeia da Judéia chamada Bethânia. Era irmão de Marta e de Maria. Sabemos pelo Evangelho que Lázaro era tão amigo de Jesus que sua casa serviu muitas vezes de hospedaria para o Mestre e para os apóstolos.

Lázaro foi quem tirou lágrimas do Cristo, quando morreu, ao ponto de falarem: "Vejam como o amava!". Assim aconteceu que, por amor do amigo e para a Glória do Pai, Jesus garantiu à irmã de Lázaro o milagre da ressurreição: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morto, viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá, Crês isto?" (Jo 11,26).

O resultado de tudo foi a ressurreição de São Lázaro, pelo poder do Senhor da vida e vencedor da morte. Lázaro reviveu e este fato bíblico acabou levando muitos à fé em Jesus Cristo e outros começaram a pensar na morte do Messias, como na de Lázaro. Antigas tradições relatam que a casa de Lázaro permaneceu acolhedora para os cristãos e o próprio Lázaro teria sido Bispo e Mártir.

São Lázaro, rogai por nós!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Evangelho (João 5,33-36)


Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: 5 33 "Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade.
34 Não invoco, porém, o testemunho de homem algum. Digo-vos essas coisas, a fim de que sejais salvos.
35 João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz.
36 Mas tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que meu Pai me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu respeito que o Pai me enviou".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


 "A seriedade de um testemunho..."

 
Hoje em dia em alguns movimentos é muito comum um recém convertido dar testemunho para a assembléia sobre aquilo que Deus realizou em sua vida. Se isso é algo muito bonito, e que ajuda na conversão de outros irmãos e irmãs, há também o perigo da pessoa que vê e ouve o testemunho, não saiba interpretá-lo corretamente e fique parado na pessoa, na sua atitude, no seu jeito de ser, alguém renovado e convertido. Eis aqui um perigo...
Na minha experiência pastoral, quantos casais e pessoas já vi darem na assembléia, por ocasião de um retiro ou de uma celebração, belíssimos testemunhos de vida, mas depois...um belo dia tiveram uma recaída e o tombo foi mais feio que da primeira vez, casais exemplares que se separam, membros fiéis que abandonam a comunidade e vão para outra igreja cristã, por conta disso, aqueles irmãos ou irmãs novos na caminhada da fé, e que tinham essas pessoas ou casais como referência, na maioria das vezes acabam caindo junto e lá se vai um belo testemunho e uma bonita conversão por água abaixo...
Assim ocorreu com muitos Judeus no tempo de Jesus que sempre estavam, em confronto com ele, no evangelho joanino, tinham suas tradições religiosas e seus "Monstros Sagrados" entre eles Moisés, veneravam os grandes profetas entre eles o mais importante que foi João Batista,  o único que chegou a apontar para o anunciado em sua profecia. Entretanto, não conseguiram enxergar além, que os santos homens do antigo testamento, todos eles prefiguravam Jesus que haveria de vir, que o próprio João Batista apontou o Messias aos seus discípulos e a todo povo que o rodeava ás margens do rio Jordão.
Jesus Cristo é o centro da Aliança e podemos dizer de toda Sagrada Escritura, se o Novo Testamento é Cristocêntrico, o Antigo é preparação para o novo. Jesus não trouxe a Luz, Ele é a Luz, Jesus não apontou um caminho, Ele é o caminho, Jesus não apresentou uma Verdade, Ele é a Verdade!
As suas obras e o seu agir, ontem e hoje em nossas comunidades, dão testemunho dele próprio e do Pai que o enviou. Jesus é o centro da nossa missão, do anúncio e do evangelho, nada nem ninguém, até mesmo uma instituição, poderá ocupar esse lugar no Cristianismo.
As pessoas têm que se encantar, não conosco, mas com o Jesus que nós anunciamos, elas têm que aderir ao evangelho e os seus valores riquíssimos, e não á nossa pessoa ou o nosso jeito de ser, pois, sujeitos á concupiscência da carne, pode ser que um dia as decepcionemos, e se nós as direcionamos á Cristo elas não se abalarão, porque sua graça, dom e santidade superam e muito o nosso frágil cristianismo...

João Batista testemunhou a verdade

O evangelho de João narra que João Batista, logo no início de seu ministério "em Betânia, do outro lado do Jordão", foi interrogado por enviados das autoridades de Jerusalém (Jo 1,19-28). João Batista testemunhou a verdade, perante eles. Ele era o precursor de alguém que viria, maior do que ele. João é o princípio da salvação para aqueles que acolhem o compromisso decorrente de seu batismo. Porém o testemunho de João é limitado em relação à grandiosidade da novidade de Jesus. Todos os evangelistas reconhecem a importância de João como fundamento do ministério de Jesus. Porém insistem em mostrar como Jesus supera quaisquer expectativas humanas. A prova da autenticidade de Jesus, de sua filiação divina e de sua missão, são suas próprias ações de comunicação da vida. O Pai é o Deus da vida e a vida que se comunica na plenitude do amor é a obra de Deus. A comunicação da vida se faz sentir em contraste maior quando ela se faz aos oprimidos, explorados e excluídos, libertando-os, restaurando sua dignidade, sua capacidade de agir com autonomia gerando comunidades abertas e solidárias onde se vive a fraternidade na alegria e na paz. O próprio amor com que Jesus se comunicou com todos testemunha em seu favor.
Oração
Pai, reconheço Jesus como manifestação de tua imensa misericórdia pela humanidade. Dá-me tua luz para que eu o acolha como Messias salvador.

 O TESTEMUNHO MAIOR

O testemunho de João, embora necessário, deveria ser substituído por um testemunho maior, a ser oferecido pelas obras realizadas por Jesus. O conteúdo do anúncio de João era verdadeiro. O Messias seria maior do que ele. O batismo no Espírito Santo, que haveria de introduzir, superaria o batismo na água, praticado por João. O Messias seria a presença do juízo de Deus na história humana. Entretanto, seria insuficiente contentar-se com estas pistas e pensar que tudo estivesse resolvido. João era uma lâmpada ardente e brilhante que encantou a muito. Mas era preciso ir adiante.
O desafio consistia em reconhecer em Jesus a realização do que fora anunciado por João e recebê-lo como o enviado do Pai. Tratava-se de ultrapassar os limites da esperança e acolher o Messias como o cumprimento das promessas divinas. Jesus apresentou, em seu favor, as obras que estava realizando por mandato do Pai. Nelas seria possível detectar a presença da salvação na história humana. Fazia-se necessário, porém, superar os preconceitos contra Jesus e contra Deus, e discernir a ação divina na ação de seu enviado.
Contentar-se com a pregação do Precursor, sem chegar ao Messias, corresponderia a ficar no meio do caminho e não atingir a meta apontada pelo próprio João. Quem o ouvia e se deixava tocar por sua pregação, deveria também topar com Jesus.
Oração
Senhor Jesus, que a conversão e a penitência me preparem para reconhecer em ti o enviado do Pai e a realização das esperanças humanas.