terça-feira, 8 de novembro de 2011

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "Fazendo favor com o chapéu alheio"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Parece que nas comunidades de Lucas haviam agentes de pastoral, ministros, coordenadores e cooperadores, que estavam querendo agradecimento pelo trabalho que  faziam. Tinha um que dizia assim "Ingratos, fiz tanto por essa comunidade, e nunca me deram um presente sequer, nem um muito obrigado". Outros mais otimistas pensavam"Faço muito por essa comunidade, com a melhor das boas intenções, espero que algum dia alguém reconheça a minha dedicação e amor".
Havia ainda os daquele tipo "Donos do Pedaço", que pensavam " Nossa como sou importante nessa comunidade, até o Padre me respeita e pede a minha opinião, o pessoal da pastoral não sai da porta da minha casa, parece que sem eu a coisa não funciona, claro que o pessoal gosta muito de mim e isso é uma forma de agradecer pelos incontáveis serviços que já prestei e ainda continuo prestando a eles, por isso ninguém me contraria e todos acatam o que eu falo, acho que sou líder nato, é carisma e dom que recebi..."
Naquele tempo tinha muitos servos e servas inúteis, fazendo o que simplesmente deveriam fazer, mas em compensação arrotando vantagens, esnobando talentos, buscando elogios, apoio e prestígio. Mas isso não seria tão grave se a coisa não voltasse até contra Deus.
"Deus é testemunha do quanto eu amo esta comunidade e faço por ela, por isso sou abençoado e não acontecem desgraças na minha vida, como o vizinho aí do lado, que nunca pôs os pés na igreja".
E finalmente o tipo inconformado "Olha Deus, que decepção, me doei tanto para a comunidade e agora o Senhor me manda essa doença? Dei ao Senhor os melhores anos da minha vida e é isso que ganho em retribuição? Se soubesse disso, teria caído na gandaia e aproveitado a vida"  ( Esse aqui acha que não aproveitou a vida, porque trabalhou o tempo todo na comunidade).
Bom, enfim eis aí o evangelho de hoje, que mostra as avessas do que fazemos, pensamos e somos, servir os irmãos com o nosso carisma, fazendo o melhor e dar o melhor de si, é servir o próprio Jesus que está nele, e então o nosso servir, que aparentemente parece um, grande altruísmo nada mais é do que gratidão, pela entrega total de sua vida na cruz do calvário. Devemos tudo a Ele e não contrário...
O qualificativo INÚTIL, empregado nesse evangelho, justifica-se porque, quando se espera recompensa, gratidão ou qualquer outra  coisa das pessoas a quem servimos, a ação prestada não serviu para NADA, pois todos os nossos carismas e talentos não nos pertencem mas sim a Deus, e daí, aplica-se um velho e conhecido ditado:  Só estamos fazendo favor, com o chapéu alheio...

2. A serviço dos pobres e excluídos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Nesta parábola exclusiva de Lucas temos um contraste entre um servo submisso e seu patrão. De início, os discípulos são convidados a se identificarem com o patrão da parábola ("Se alguém de vós tem um servo..."). Na aplicação da parábola, os discípulos são identificados com o servo (...dizei: "Somos simples servos...").
A parábola causa certo constrangimento pelas imagens usadas: por um lado o senhor proprietário rural, prepotente e gozador, e, de outro lado, um servo humilhado. Esta é uma realidade comum nas sociedades de classes, onde as elites privilegiadas exploram e humilham os pobres pequeninos e despojados de tudo. No ambiente religioso do judaísmo no tempo de Jesus, a parábola pode exprimir a relação entre a Lei opressora e o fiel oprimido, com sua obediência cega. Os primeiros cristãos extraíram da parábola um sentimento de humildade que devemos ter diante do projeto do Reino de Deus. Contudo Jesus, de outra maneira, vem revelar-nos a face de Deus Pai, amoroso e misericordioso, diferente de um deus patrão.
A vida de Jesus foi toda dedicada ao serviço aos pobres e excluídos, culminando com o lava-pés dos discípulos na última ceia. E, por ele, somos convidados a assumirmos esta prática de serviço.

OraçãoPai, reconhecendo-me servo inútil, quero esforçar-me para ser justo e misericordioso. Somente assim serei agradável a ti.

3. O CUMPRIMENTO DO DEVER
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O discípulo é constituído para o serviço do Reino. É na vocação de servidor que se realiza e encontra um sentido para sua vida. Sua alegria consiste em entregar-se, sem reservas, à missão recebida, sem nada exigir. Basta-lhe a consciência do dever cumprido.
Jesus desenvolveu este tema, servindo-se de uma parábola baseada nos costumes da época. A inescrupulosa atitude do senhor, em relação a seu servo, justificava-se na sociedade de então. A falta de um contrato de trabalho, em que se estipulava o limite de horas de trabalho diário e se reconhecia as horas extras, possibilitava aos senhores explorar, ao máximo, os seus empregados. Por outro lado, o escravo era propriedade de seu dono, portanto, sem qualquer direito. Tudo quanto fizesse, por mais duro e esgotante que fosse, restava-lhe somente dizer: "Cumpri apenas meu dever!"
Aplicado ao Reino, a lição funciona assim: se o escravo, serve por obrigação, submete-se a todos os caprichos de seu patrão, resigna-se ao pensar que faz o seu dever, quanto mais o discípulo do Reino, cuja opção é livre, está a serviço de um Pai misericordioso, e tem como obrigação somente praticar o amor e a justiça? Por mais que tenha feito, cabe-lhe dizer: "Sou um empregado inútil, fiz apenas o que era minha obrigação!" É se dá por satisfeito por estar a serviço do amor.

OraçãoEspírito que estimula a cumprir o dever, que o serviço ao Reino, embora duro e exigente, seja para mim motivo de alegria e realização.

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