segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Evangelho do dia - Lucas 9, 46 - 50

    

Surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior. Sabendo o que estavam pensando, Jesus pegou uma criança, colocou-a perto de si e disse-lhes: “Quem receber em meu nome esta criança, estará recebendo a mim mesmo. E quem me receber, estará recebendo Aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”. Tomando a palavra, João disse: “Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome, mas nós lhe proibimos, porque não anda conosco”. Jesus respondeu: “Não o proibais, pois quem não é contra vós, está a vosso favor”.
 
- Palavra da salvação
- Glória vós, Senhor!

Comentário do evangelho - Quem é o maior?

     Os que decidem seguir Jesus Cristo, às vezes, se confundem e podem desejar coisas e posturas que deixaram, como “ser o mais importante”. É a tentação da competição, da vaidade, do poder. Jesus sabia disto e fez uma explicação: pegou uma criança e a pôs a seu lado. Disse que receber uma criança - o que não acrescenta prestígio nenhum a ninguém - é receber o Pai. Para Ele, o mais humilde, a pessoa sem pretensões, desarmada, é a mais importante. E volta a falar da unidade no nome do Senhor.

     O evangelho desta segunda-feira é o último episódio da primeira parte do evangelho segundo Lucas (4,14–9,50), dominado pelo tema da identidade de Jesus como profeta .
 
     A discussão entre os discípulos de quem seria o maior é a sequência do segundo anúncio da paixão-morte-ressurreição (cf. vv. 43b-45), e igualmente expressão da incompreensão dos discípulos . A condição do discípulo é ser servo como seu Senhor, que se fez servo de todos. O maior é o menor no Reino de Deus.
 
     A “criança” é, aqui, símbolo do próprio Cristo, o “menor” de todos porque se fez servo de todos. O nome de Jesus, isto é, sua pessoa, não é propriedade ou monopólio de quem quer que seja. Os seus “atos de poder” e o seu ensinamento, que libertam o homem das cadeias do mal, não se circunscrevem nos limites de um único grupo. Ninguém pode fazer o bem se Deus não mover o coração. Dito de outra maneira, Deus está na origem do bem.
 
     Por isso Jesus diz: “... quem não é contra vós, está a vosso favor”. É pela autoridade de Cristo (= no nome de) que o mal é vencido.

Carlos Alberto Contieri,sj
 
Pai, que eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial, os mais necessitados, pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de discípulo.

Santo do dia - São Jerônimo

       É incontestável o grande débito que a cultura e os cristãos, de todos os tempos, têm com este santo de inteligência brilhante e temperamento intratável. Jerônimo nasceu em uma família muito rica na Dalmácia, hoje Croácia, no ano 347. Com a morte dos pais, herdou uma boa fortuna, que aplicou na realização de sua vocação para os estudos, pois tinha uma inteligência privilegiada. Viajou para Roma, onde procurou os melhores mestres de retórica e desfrutou a juventude com uma certa liberdade. Jerônimo estudou por toda a vida, viajando da Europa ao Oriente com sua biblioteca dos clássicos antigos, nos quais era formado e graduado doutor.

      Ele foi batizado pelo papa Libério, já com 25 anos de idade. Passando pela França, conheceu um monastério e decidiu retirar-se para vivenciar a experiência espiritual. Uma de suas características era o gosto pelas entregas radicais. Ficou muitos anos no deserto da Síria, praticando rigorosos jejuns e penitências, que quase o levaram à morte. Em 375, depois de uma doença, Jerônimo passou ao estudo da Bíblia com renovada paixão. Foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino, na Antioquia, em 379. Mas Jerônimo não tinha vocação pastoral e decidiu que seria um monge dedicado à reflexão, ao estudo e divulgação do cristianismo.

      Voltou para Roma em 382, chamado pelo papa Dâmaso, para ser seu secretário particular. Jerônimo foi incumbido de traduzir a Bíblia, do grego e do hebraico, para o latim. Nesse trabalho, dedicou quase toda sua vida. O conjunto final de sua tradução da Bíblia em latim chamou-se "Vulgata" e tornou-se oficial no Concílo de Trento.

      Romano de formação, Jerônimo era um enciclopédico. Sua obra literária revelou o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e eloqüente ao mesmo tempo. Dono de personalidade e temperamento fortíssimo, sua passagem despertava polêmicas ou entusiasmos.

      Devido a certas intrigas do meio romano, retirou-se para Belém, onde viveu como um monge, continuando seus estudos e trabalhos bíblicos. Para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando, com um novo livro. Suas violências verbais não perdoavam ninguém. Teve palavras duras para Ambrósio, Basílio e para com o próprio Agostinho. Mas sempre amenizava as intemperanças do seu caráter para que prevalecesse o direito espiritual.

      Jerônimo era fantástico, consciente de suas próprias culpas e de seus limites, tinha total clareza de seus merecimentos. Ao escrever o livro "Homens ilustres", concluiu-o com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu de velhice no ano 420, em 30 de setembro, em Belém. Foi declarado padroeiro dos estudos bíblicos e é celebrado no dia de sua morte.
 
São Jerônimo, rogai por nós!

domingo, 29 de setembro de 2013

Evangelho do dia - Lucas 16, 19 - 31

    

“Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. Queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico, mas, em vez disso, os cães vinham lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda então Lázaro à casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Que ele os avise, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas! Que os escutem!’ O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão. Mas se alguém dentre os mortos for até eles, certamente vão se converter’. Abraão, porém, lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão’.”
 
- Palavra da salvação!
- Glória a vós, Senhor!

Comentário do evangelho - A recompensa da riqueza mal utilizada

 

     Não se pode ler esse evangelho sob a ótica de alguma ideologia humana, pois se corre o risco de interpretar que os ricos vão para o inferno e os pobres para o céu. O evangelista, ao refletir com as suas comunidades, não estava nenhum pouco preocupado com a questão social, mas sim com algo que é muito mais importante: a abertura que damos a Deus, a sua palavra, a sua Salvação e á sua Graça Santificante.
 
     O pobre Lázaro não têm muitos méritos para ir ao céu, aqui chamado de seio de Abraão, é um homem extremamente carente e que vive de esmolas, não fala que ele era bom, juto, amável, que frequentava comunidade. O Rico, que nem nome tem, curte a sua riqueza esbanjando seus bens, regalando-se com banquetes todos os dias. O evangelho nem menciona que o rico passava indiferente pelo esmoleiro chamado Lázaro. Talvez isso até ocorresse, já que Lázaro esmolava no portão da entrada do Palácio do Rico.
 
     Parece que o pobre entrou nesse evangelho como “âncora”, para que o evangelista possa falar do pecado do rico, que, confiando unicamente em sua riqueza, apostou nela todas as suas fichas e nunca sentiu necessidade de se abrir á Deus e a tudo o que ele nos oferece. Só na outra vida é que “caiu a ficha”, pois descobre (tarde demais, diga-se de passagem) que há algo mais importante do que a riqueza: a Salvação que vem unicamente pela Graça, sua sede terrível mostra que ele não a tinha e imagina ingenuamente que poderá tê-la,e que um “pouquinho” já será suficiente. 
 
     O tal que se banqueteava na fartura, agora se contenta com uma minúscula gotinha de água da Salvação. Tarde demais...
 
     O fato de não ter-se aberto á Salvação ainda em vida, criou um abismo entre ele e Deus e consequentemente com as pessoas, isolando-se em um terrível egocentrismo, o mesmo mal que hoje em dia corrói a alma e o coração de muitos.
 
     Quem se abre a Graça de Deus e a sua Salvação, irá se relacionar com ele, porque o descobrirá nos mais carentes. Essa é a verdadeira religião, á que nos leva a Deus, passando antes pelo próximo. O resto é a Religião da Mentira que leva a pessoa ao mesmo lugar de tormento onde foi parar aquele Ricaço. Daí, qualquer arrependimento será inútil, porque daí,  como dizia minha saudosa mãe “A Inês já é morta”.
 
Diácono José da Cruz
      Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP     
 
 
ORAÇÃO
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o sofrimento de meu próximo e fazer-me solidário com ele.
 

Santo do dia - Arcanjos são Miguel, são Gabriel e são Rafael


   Com alegria, comemoramos a festa de três Arcanjos neste dia: Miguel, Gabriel e Rafael. A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, herdou do Antigo Testamento a devoção a estes amigos, protetores e intercessores que do Céu vêm em nosso socorro pois, como São Paulo, vivemos num constante bom combate. A palavra “Arcanjo” significa “Anjo principal”. 
     E a palavra “Anjo”, por sua vez, significa “mensageiro”.
 
São Miguel
O nome do Arcanjo Miguel possui um revelador significado em hebraico:“Quem como Deus”. Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. No Antigo Testamento o profeta Daniel chama São Miguel de príncipe protetor dos judeus, enquanto que, no Novo Testamento ele é o protetor dos filhos de Deus e de sua Igreja, já que até a segunda vinda do Senhor estaremos em luta espiritual contra os vencidos, que querem nos fazer perdedores também. “Houve então um combate no Céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão. Também o dragão combateu, junto com seus anjos, mas não conseguiu vencer e não se encontrou mais lugar para eles no Céu”. (Apocalipse 12,7-8)
 
São Gabriel
O nome deste Arcanjo, citado duas vezes nas profecias de Daniel, significa “Força de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. É muito conhecido devido a sua singular missão de mensageiro, uma vez que foi ele quem anunciou o nascimento de João Batista e, principalmente, anunciou o maior fato histórico: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré… O anjo veio à presença de Maria e disse-lhe: ‘Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus’…” a partir daí, São Lucas narra no primeiro capítulo do seu Evangelho como se deu a Encarnação.
 
São Rafael
Um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus. Rafael aparece no Antigo Testamento no livro de Tobit. Este arcanjo de nome “Deus curou” ou “Medicina de Deus”, restituiu à vista do piedoso Tobit e nos demonstra que a sua presença, bem como a de Miguel e Gabriel, é discreta, porém, amiga e importante. “Tobias foi à procura de alguém que o pudesse acompanhar e conhecesse bem o caminho. Ao sair, encontrou o anjo Rafael, em pé diante dele, mas não suspeitou que fosse um anjo de Deus” (Tob 5,4).
São Miguel, São Gabriel e São Rafael, rogai por nós!

sábado, 28 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 9,43-45)

 
Naquele tempo, 9 43 todos ficaram pasmados ante a grandeza de Deus. Como todos se admirassem de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos: 44 "Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens!" 45 Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes obscura, de modo que não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe perguntar a este respeito.
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - A incompreensão do sofrimento

Jesus anunciou a seus discípulos sua morte, mas eles não o entendiam. Por quê? Porque desde o início tinham a ideia de que Jesus deveria libertar Israel do domínio dos romanos, coroar-se rei, ter palácio, exército, ministros, escravos, etc. Essa suposição era tão forte que a mãe de dois deles veio pedir a Jesus que seus filhos sentassem à direita e à esquerda de seu trono. Só depois de sua ressurreição, seus discípulos, iluminados pelo Espírito Santo, entenderam que o Reino de Deus não era deste mundo, mas está dentro
de cada um de nós.
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      A forma como Jesus introduz sua admoestação aos discípulos demonstra a gravidade de sua fala: "Prestem bastante atenção ao que vou dizer a vocês!" De fato, a revelação de seu destino haveria de pegar desprevenidos os discípulos. Eles jamais poderiam imaginar o que o Mestre lhe queria comunicar.
 
      Os discípulos haviam conhecido um aspecto da realidade de Jesus: seu poder taumatúrgico, sua capacidade de fazer-se próximo dos pobres e dos pequeninos, sua autoridade para veicular ensinamentos jamais ouvidos, sua relação profunda com o Pai. Embora os mestres da Lei e os fariseus demonstrassem má vontade, as multidões ouviam-no empolgadas. Aderir a ele parecia ser um passo acertado.
 
      Quando Jesus anunciou estar "para ser entregue nas mãos dos homens", os discípulos foram incapazes de compreender plenamente estas palavras, pois lhes pareciam obscuras. E receavam pedir explicações ao Mestre.
 
      A revelação de Jesus colocou em xeque tudo quanto os discípulos pensavam a seu respeito. Pensá-lo sofredor, humilhado, aviltado nas mãos dos inimigos seria demais. Isto significava o fracasso das esperanças acalentadas até então.
 
      Só Jesus era capaz de compreender que a perspectiva de morte não significava o fracasso de seu projeto. Aí, também, se realizava o desígnio do Pai.
 
Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Espírito de sintonia com Jesus, dá-me inteligência para compreender a morte de Jesus, na perspectiva da realização do projeto do Pai, e não como frustração.

Santo do dia - São Venceslau

      O santo que nos ensina com sua opção pelo Reino de Deus e de vida constante na luta para a santidade, é o príncipe Venceslau. Sua história se entrelaça com a vida e fé da família real. Nasceu em 907. Seu pai, Vratislau, era duque da Boêmia.
 
     O pai e sua avó eram cristãos fervorosos, ao passo que sua mãe era uma pagã ambiciosa e inimiga da religião. São Venceslau foi educado pela avó (Ludmila), por isso cresceu religioso e muito caridoso para com os pobres, enquanto seu irmão educado pela mãe (Boleslau) tornou-se violento e ambicioso.
 
     Com a morte do pai e pouca idade do santo herdeiro, a mãe má intencionada assumiu o governo. Sendo assim tratou de expulsar os missionários católicos. O povo revoltado, juntamente com os nobres pressionaram o príncipe para assumir o governo e com o golpe de estado Venceslau assumiu em 925.
 
     Nos oito anos de reinado, Venceslau honrou a fama de "O príncipe santo". Logo que assumiu o trono, tratou de construir igrejas, mandou regressar os sacerdotes exilados, abriu as fronteiras aos missionários da Suábia e da Baviera. Venceslau governou com tanta justiça e brandura que com pouco tempo conquistou o coração do povo que o amava e por ele era concretamente amado: protetor dos pobres, dos doentes, dos encarcerados, dos órfãos e viúvas. Verdadeiro pai.
 
     Este homem que muito se preocupou com a evangelização do povo a fim de introduzir todos no "sistema de Deus", era de profunda vida espiritual mas, infelizmente, odiado pelo irmão Boleslau e pela mãe, que além de matar a piedosa sogra – educadora do santo -, concordou com a trama contra o filho.
 
     Quando nasceu o primogênito de Boleslau, São Venceslau foi convidado para um solene banquete onde foi pensando na reconciliação de sua família. Tendo saído para estar em oração, na capela real, foi apunhalado pelo irmão e pelos capangas dele. Antes de cair morto, São Venceslau pronunciou: "Em tuas mãos, ó Senhor, entrego o meu espírito". Isto ocorreu em 929.
 
São Venceslau, rogai por nós!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 9,18-22)

 
9 18 Num dia em que ele estava a orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: "Quem dizem que eu sou?"  19 Responderam-lhe: "Uns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas".  20 Perguntou-lhes, então: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu: "O Cristo de Deus".  21 Ordenou-lhes energicamente que não o dissessem a ninguém.  22 Ele acrescentou: "É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia".
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - Uma questão fundamental

    O mais interessante do Evangelho não é a resposta de Pedro, mas a ordem de Jesus de que não digam a ninguém que ele é o Messias.
  Recorda-me São Francisco enviando seus frades para anunciar o Evangelho entre os muçulmanos e recomendando-lhes que falassem "só no caso de necessidade”. Imagino que Jesus lhes diz para que não digam a ninguém porque; 1) ainda lhes falta aprender muito e conhecer a respeito de Jesus; e 2) o mais importante da vida cristã não se transmite por meio da palavra, mas pela vida: amando os que estão ao nosso derredor.
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      Num momento de oração, Jesus questiona os discípulos acerca de uma questão fundamental, formulada em duas etapas. Na primeira, a pergunta - "Quem sou eu, na opinião do povo?" - visa explicitar a maneira como a pessoa de Jesus era considerada por quem o ouvia, era beneficiado por seus milagres e tinha notícias de seus grandes feitos. Enfim, gente sem muita proximidade com ele.
 
      As respostas, elencadas pelos apóstolos, trazem a marca das tradições messiânicas populares. Aí, o Messias é identificado com algum dos profetas do passado, cuja reaparição, na história humana, era sinal da chegada do fim dos tempos.
 
      Na segunda etapa, a pergunta consistiu em saber o pensamento dos discípulos: "Para vocês, quem sou eu?" Tendo privado da intimidade de Jesus, deveriam estar em condições de dar uma resposta mais próxima da realidade, condizente com a verdadeira identidade de Jesus.
 
      É Pedro quem se adianta e responde, em nome do grupo: "Tu és o Cristo de Deus!" Esta resposta revelou, na verdade, um avanço em relação à mentalidade popular. Mais que algum personagem do passado, Jesus era o Ungido, enviado por Deus ao mundo. Sua presença era sinal do amor de Deus pela humanidade.
 
      Apesar de estar correta essa resposta, foi necessário que Jesus acrescentasse algo que os próprios discípulos desconheciam. Embora sendo o Cristo de Deus, Jesus estava para se defrontar, não com um destino de glória, mas sim, de sofrimento, de morte e de ressurreição. Esta era a vontade do Pai!
 
 Pe. Jaldemir Vitório
 Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Espírito que nos faz conhecer Jesus, dá-me a graça de conhecer a verdadeira identidade do Filho de Deus, purificada de meus preconceitos pessoais.

Santo do dia - São Vicente de Paulo


"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39).
 
      Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.
    
      Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.
 
      A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a "Congregação da Missão" (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as "Filhas da Caridade" (irmãs vicentinas).
 
      Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.
 
São Vicente de Paulo, rogai por nós! 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 9,7-9)

Naqueles dias, 9 7 O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo. Uns diziam: "É João que ressurgiu dos mortos"; outros: "É Elias que apareceu"; 8 e ainda outros: "É um dos antigos profetas que ressuscitou". 9 Mas Herodes dizia: "Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas?" E procurava ocasião de vê-lo.
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - Um malvado perplexo

     A simples evocação do nome de Herodes é motivo de apreensão. Filho mais novo de Herodes, o Grande, governou com o título de tetrarca. Popularmente, era chamado de rei. Indivíduo astuto, ambicioso, amante do luxo e do prazer. Violento como o pai. Foi ele quem mandou prender e degolar João Batista, por ter-lhe censurado a injustiça cometida contra seu próprio irmão, cuja mulher tomara por esposa.
 
      Herodes é uma pessoa a quem os milagres de Jesus deixa perplexo. Por quê? Supersticioso como era, poderia estar pensando que o Mestre fosse a reencarnação de João Batista, com a possibilidade de ser castigado pelo mal cometido contra ele. Se fosse Elias, seria sinal da consumação dos tempos, quando o Senhor viria para fazer a humanidade passar pelo crivo da sua justiça. Caso fosse um dos antigos profetas ressuscitados era de se esperar a realização das antigas esperanças de Israel. Nenhuma destas explicações deixava Herodes tranqüilo. As notícias a respeito de Jesus superavam todos esses esquemas messiânico-escatológicos.
 
      A compreensão de Jesus e da sua ação dependem de um envolvimento pessoal com ele e da disposição de acolher sua mensagem, deixando-se transformar por ela. Em outras palavras, é preciso ter fé.
 
      Exatamente isto é que faltava a Herodes, com relação a Jesus. Desejar vê-lo por mera curiosidade ou pseudo-interrogações não basta para conhecer quem ele, de verdade, é.
 

 Pe. Jaldemir Vitório
 Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Espírito de compromisso, liberta meu coração de falsas interrogações a respeito de Jesus, e leva-me a compreender que só a fé engajada pode levar-me a conhecê-lo.

Santo do dia - São Cosme e São Damião

    Hoje, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: Cosme e Damião.
 
     Cosme e Damião eram irmãos e cristãos. Na verdade, não se sabe exatamente se eles eram gêmeos. Mas nasceram na Arábia e viveram na Ásia Menor, Oriente. Desde muito jovens, ambos manifestaram um enorme talento para a medicina. Estudaram e diplomaram-se na Síria, exercendo a profissão de médico com muita competência e dignidade.
 
     Inspirados pelo Espírito Santo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Com isso, seus tratamentos e curas a doentes, muitas vezes à beira da morte, eram vistos como verdadeiros milagres. Deixavam pasmos os mais céticos dos pagãos, pois não cobravam absolutamente nada por isso.
 
     A riqueza que mais os atraía era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos pagãos, o que, a cada dia, conseguiam mais e mais. Isso despertou a ira do imperador Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão. Na Ásia Menor, o governador deu ordens imediatas para que os dois médicos cristãos fossem presos, acusados de feitiçaria e de usarem meios diabólicos em suas curas. Mandou que fossem barbaramente torturados por negarem-se a aceitar os deuses pagãos. Em seguida, foram decapitados.
 
      O ano não pode ser confirmado, mas com certeza foi no século IV. Os fatos ocorreram em Ciro, cidade vizinha a Antioquia, Síria, onde foram sepultados. Mais tarde, seus corpos foram trasladados para uma igreja dedicada a eles. Quando o imperador Justiniano, por volta do ano 530, ficou gravemente enfermo, deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra dos seus protetores.
 
     Mas a fama dos dois correu rápida no Ocidente também, a partir de Roma, com a basílica dedicada a eles, construída, a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. Tal solenidade ocorreu num dia 26 de setembro; assim, passaram a ser festejados nesta data.
 
      Os nomes de são Cosme e são Damião, entretanto, são pronunciados infinitas vezes, todos os dias, no mundo inteiro, porque, a partir do século VI, eles foram incluídos no cânone da missa, fechando o elenco dos mártires citados.Os santos Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e das faculdades de medicina.
    
 
São Cosme e São Damião, rogai por nós! 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 9,1-6)


 
Naquele tempo, 9 1 reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curar enfermidades. 2 Enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3 Disse-lhes: "Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai ali até que deixeis aquela localidade. 5 Onde ninguém vos receber, deixai aquela cidade e em testemunho contra eles sacudi a poeira dos vossos pés".6 Partiram, pois, e percorriam as aldeias, pregando o Evangelho e fazendo curas por toda parte.

 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - Partindo em missão

Jesus envia os apóstolos a pregar pelos caminhos, livres de equipamentos. Este modo de proceder diz para nós alguma coisa? Fica-nos um pouco distante. Não estamos para sair pelos caminhos. Quem nos escutaria? Quem nos acolheria? Já temos nossas igrejas e esperamos que o povo se aproxime de nós; os missionários que vão para outros países anunciar o Evangelho. Até organizamos perfeitamente o serviço de auxílio aos pobres e necessitados. Pois digo que precisaríamos voltar a sair por nossas ruas – os cristãos sim, todos – para falar com o povo, pregar a boa-nova.
 
 
     A primeira experiência missionária dos Apóstolos comportou uma série de características que se mantém válidas para a missão da Igreja de todos os tempos. Por exemplo, ela se deu como obediência a um mandato expresso de Jesus. Portanto, não foi fruto da iniciativa pessoal dos Apóstolos. Eles partiram na qualidade de emissários do Senhor.
 
     Foi-lhes conferido o poder e a autoridade para expulsar demônios, curar doenças e pregar o Reino de Deus. Tarefa idêntica à que foi levada adiante por Jesus. A atividade do Mestre centrou-se no anúncio da palavra e na realização de sinais comprovadores da irrupção do Reino na história humana.
 
     A missão dos Apóstolos era, portanto, a continuação e a atualização da missão de Jesus. Onde quer que estivesse um Apóstolo do Reino, aí estaria atuando Jesus meio dele.
 
     Os Apóstolos deveriam exercer seu ministério como pobres. Nada carregavam consigo, quando iam de aldeia em aldeia, anunciando o Evangelho e fazendo o bem. Desta forma, as pessoas não correriam o risco de serem atraídas por outro motivo, a não ser pela proposta de Jesus.
     O testemunho de pobreza dava aos apóstolos liberdade para anunciarem o Evangelho sem restrições. Caso não fossem acolhidos, só lhes restava ir adiante, sem se deixar abater.
 
 Pe. Jaldemir Vitório
 Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Senhor Jesus, faze crescer em mim a consciência de que sou teu mensageiro, enviado para proclamar o Reino confiado unicamente em ti.

Santo do dia - São Sérgio

 "Contemplando a Santíssima Trindade, vencer a odiosa divisão deste mundo".
 
      Esta frase reflete a alma contemplativa do santo de hoje, São Sérgio, considerado o "São Bento" da Rússia cristã. Na antiga Rússia o Cristianismo penetrou por volta do século IX, sendo Vlademiro, o primeiro príncipe a se converter ao Cristianismo, isto em 1010.
 
      A religião do Cristo esteve sempre na Rússia, ligada mais ao Oriente do que a Roma. Monge Sérgio, tornou-se o grande evangelizador do século XIV, pois através de numerosos mosteiros irradiava a cultura e a verdadeira fé.
 
    Após deixar o declínio da vida monástica na Rússia, Sérgio experimentou, com seu irmão, a construção numa floresta virgem de uma capela dedicada à Santíssima Trindade, devoção desconhecida naquele povo.
 
      O irmão não aguentou, mas com firmeza e santidade, o santo de hoje atraiu a muitos até que edificaram um mosteiro em louvor a Santíssima Trindade.
 
      Ordenado sacerdote para o melhor exercício da vocação de formar os monges na fundamental regra da oração e do trabalho, viveu São Sérgio: os "filhos", a pobreza, a mansidão e total confiança na Divina Providência.
 
       Sérgio escreveu tanto que é considerado o grande educador nacional do povo russo. Faleceu com quase 80 anos de idade em 25 de setembro de 1392 no mosteiro da Santíssima Trindade.
 
São Sérgio, rogai por nós! 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 8,19-21)

 
Naquele tempo, 8 19 a mãe e os irmãos de Jesus foram procurá-lo, mas não podiam chegar-se a ele por causa da multidão. 20 Foi-lhe avisado: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te". 21 Ele lhes disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a palavra de Deus e a observam".

- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - O fruto da palavra

      Ouvimos este Evangelho muitas vezes e, no fundo, muitas vezes ele chegou a nos assustar. Porque nos faz perceber que a relação entre Jesus e sua mãe – e também se fala dos irmãos, mas isso tem importância menor – não é a que nós imaginamos: uma relação de carinho como a que pensamos que é a relação ideal entre mãe e filho. A realidade de Jesus estava em outra onda, a do Reino, e não tem dúvidas em modificar suas próprias relações familiares. A relação com Deus e com os irmãos é prioritária. Essa é sua família! Maria é o que é porque escutou a Palavra de Deus.
 


      A vivência sincera da Palavra de Deus estabelece entre o discípulo do Reino e Jesus uma profunda comunhão. Mas também, entre os mesmos discípulos, a Palavra produz frutos de fraternidade e solidariedade. Em ambos os casos, os laços interpessoais podem mostrar-se mais fortes que os provenientes das relações familiares.
 
      Disto resulta a nova família do Reino em que a paternidade provém de Deus, e a convivência entre os membros pauta-se pelo amor e pela igualdade, para além de raça, de condição social e de diferença de gênero. Ser judeu ou pagão, escravo ou livre, homem ou mulher são distinções irrelevantes para a família do Reino. A possibilidade de viver a comunhão desponta no horizonte, deixando de lado tudo o que possa ser motivo de divisão.
 
      Desta forma, no contexto do Reino, relativiza-se a família natural de Jesus. O fato de ser sua mãe ou seus irmãos tinha pouca relevância. Esta familiaridade não lhes dava precedência na relação com o Mestre. Seria inútil exigir este direito, já que o haviam perdido.
 
      Tanto a mãe quanto os seus parentes deveriam fazer o caminho de sua relação com Jesus passar pela submissão à Palavra de Deus. Doravante, serão seus familiares os que, como ele, ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.
 
 
 Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica

 
Oração
Espírito de submissão à Palavra de Deus, que a escuta e a prática da Palavra me tornem membro da família do Reino, a nova família de Jesus.

Santo do dia -São Geraldo

      Hoje, nos enriquecemos com a vida de santidade de São Geraldo, o primeiro mártir da Hungria.
 
      O santo de hoje nasceu em Veneza, em 980. Estudou em escola beneditina e teve uma ótima formação, que inclui o zelo pela salvação das almas. Abraçou a vida religiosa na Ordem Beneditina e em pouco tempo São Geraldo chegou ao serviço de abade do mosteiro.
 
      Voltando de uma viagem à Terra Santa, passou pela Hungria e a pedido do rei assumiu a missão de evangelizar com seu grupo aquela nação. Combateu as idolatrias e o sagrado Bispo não deixava de recorrer e recomendar a Onipotência Suplicante da Virgem Maria.
 
      Com a morte do rei, entrou a luta pelo poder e ele lutou pela paz onde reinava a discórdia. Um dos pretendentes não só era contra o Bispo, mas cultivava ódio pelo Cristianismo.
 
      Numa viagem em socorro do povo com a fé ameaçada, São Geraldo foi preso e apedrejado até a morte pelos inimigos da fé, isto em 24 de setembro de 1046.
 
      Deixou escrito lindos testemunhos do religioso Bispo e fiel cristão, o qual tornou-se com a graça de Deus.
 
São Geraldo, rogai por nós!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 8,16-18)

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 8 16 "Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que entram. 17 Porque não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem secreta que não venha a ser descoberta. 18 Vede, pois, como é que ouvis. Porque ao que tiver, lhe será dado; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado".
                   
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - A tentação do sectarismo

 

Quando Jesus fala da luz, refere-se a nós. Nós somos a luz do mundo. E não fomos chamados a sê-lo para nos esconder debaixo da cama ou ocultar-nos dentro de uma vasilha. Somos a luz do mundo. Deus nos escolheu e nos deu essa missão. Convém começar a semana com essa consciência. Não esqueçamos em todo este dia. Chegará já o tempo de revisar nossa vida, de reconhecer que não nos comportamos sempre como deveríamos. Mas antes convém sentir com prazer e alegria que encontramos diante dos olhos de Deus, que pôs sua confiança em nós, para que sejamos luz ao mundo.
     

     As exigências do Reino e as dificuldades inerentes à sua vivência podem levar a comunidade cristã a voltar-se para si mesma, tornando-se uma espécie de gueto fechado, sem contato com o mundo. Este modo de proceder contradiz a dinâmica do Reino, tornando a comunidade infiel ao projeto cristão. O destino do Reino é que seja testemunhado a toda a humanidade; seus benefícios devem atingir cada ser humano.
 
      A parábola da lâmpada alerta para o comportamento que se exige da comunidade cristã. Como a luz é acesa e posta no candeeiro, do modo a espargir seus raios por toda a casa, igualmente os cristãos devem procurar a posição a partir da qual seu testemunho possa atingir o maior número de pessoas. Supõe-se que seja uma comunidade capaz de acolher a todos, sem distinção, integrando-os em seu meio.
 
      Uma comunidade missionária, disposta a ir a todos os recantos da Terra para levar a mensagem do Evangelho. Uma comunidade cujo testemunho de vida corresponda às exigências do Reino, de forma a apresentá-lo como projeto de vida para os que vagueiam nas trevas do erro. Em suma, uma comunidade em que a semente do Reino produz frutos.
 
      Assim, recusando a tentação do sectarismo, a comunidade cristã assume seu papel de fazer a luz do Evangelho chegar a todos os rincões do mundo.
 
Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Espírito que ilumina a humanidade, faze que as comunidades cristãs sejam autênticas portadoras da luz do Evangelho para os que estão perdidos nas trevas do erro ou da maldade.

Santo do dia - São Pio de Pietrelcina


      Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de maio de 1887 em Pietrelcina (Itália). Seu nome verdadeiro era Francesco Forgione.
 
     Ainda criança era muito assíduo com as coisas de Deus, tendo uma inigualável admiração por Nossa Senhora e o seu Filho Jesus, os quais via constantemente devido à grande familiaridade. Ainda pequenino havia se tornado amigo do seu Anjo da Guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho.
 
      Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu Anjo da Guarda estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da Igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário.
 
      Com quinze anos de idade entrou no Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Morcone, adotando o nome de “Frei Pio” e foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1910 na Arquidiocese de Benevento.
 
      Após a ordenação, Padre Pio precisou ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde e, em setembro desse mesmo ano, foi enviado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até o dia de sua morte.
 
      Abrasado pelo amor de Deus, marcado pelo sofrimento e profundamente imerso nas realidades sobrenaturais, Padre Pio recebeu os estigmas, sinais da Paixão de Jesus Cristo, em seu próprio corpo.
Entregando-se inteiramente ao Ministério da Confissão, buscava por meio desse sacramento aliviar os sofrimentos atrozes do coração de seus fiéis e libertá-los das garras do demônio, conhecido por ele como “barba azul”.
 
      Torturado, tentado e testado muitas vezes pelo maligno, esse grande santo sabia muito da sua astúcia no afã de desviar os filhos de Deus do caminho da fé. Percebendo que não somente deveria aliviar o sofrimento espiritual, recebeu de Deus a inspiração de construir um grande hospital, conhecido como “Casa Alívio do Sofrimento”, que se tornou uma referência em toda a Europa. A fundação deste hospital se deu a 5 de maio de 1956.
 
      Devido aos horrores provocados pela Segunda Guerra Mundial, Padre Pio cria os grupos de oração, verdadeiras células catalisadoras do amor e da paz de Deus, para serem instrumentos dessas virtudes no mundo que sofria e angustiava-se no vale tenebroso de lágrimas e sofrimentos.
 
      Na ocasião do aniversário de 50 anos dos grupos de oração, Padre Pio celebrou uma Missa nesta intenção. Essa Celebração Eucarística foi o caminho para o seu Calvário definitivo, na qual entregaria a alma e o corpo ao seu grande Amor: Nosso Senhor Jesus Cristo; e a última vez em que os seus filhos espirituais veriam a quem tanto amavam.
 
      Era madrugada do dia 23 de setembro de 1968, no seu quarto conventual com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e Maria, descansa em paz aquele que tinha abraçado a Cruz de Cristo, fazendo desta a ponte de ligação entre a terra e o céu.
 
      Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002 também pelo saudoso Pontífice.
 
      Padre Pio dizia: “Ficarei na porta do Paraíso até o último dos meus filhos entrar!”
 
São Pio de Pietrelcina, rogai por nós! 

domingo, 22 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 16,19-31)



 
Naquele tempo, 16 19 disse Jesus: "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. 20 Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 21 Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 22 Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
23 E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 24 Gritou, então: 'Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas'. 25 Abraão, porém, replicou: 'Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 26 Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá'. 27 O rico disse: 'Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 28 para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos'. 29 Abraão respondeu: 'Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!' 30 O rico replicou: 'Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão'. 31 Abraão respondeu-lhe: 'Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite
algum dos mortos'.
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - Apelo à conversão

Quando nos dizem que devemos ser santos, dentro de nossa cabeça se passa um filme sobre as grandes penitências e jejuns dos grandes santos da nossa Igreja. Santidade, dom de Deus, é composta de pequenos gestos de amor ao próximo, começando em nossa casa, não esporadicamente, mas com perseverança, todos os dias.

 
     A parábola do rico e do pobre Lázaro comporta um apelo à conversão, especialmente dirigido a quem está tão preocupado com os prazeres desta vida, a ponto de se tornar insensível às carências de seus semelhantes, mormente, os mais pobres.
 
     A primeira cena exibe o rico, cujo nome é omitido, gozando os prazeres da vida, vestindo roupas caras e banqueteando-se esplendidamente. À sua porta, jaz um mendigo doente, de nome Lázaro, que significa "Deus ajuda", coberto de feridas. Nada lhe chega da mesa do rico que possa saciar-lhe a fome. Suas chagas são lambidas por cães vagabundos, os quais Lázaro não tem força para afastar.
 
     A morte, porém, inverte as posições. Lázaro recebe a ajuda de Deus, por quem é acolhido. O rico, porém, é brindado com um destino de tormentos indizíveis, no inferno. Só, então, dá-se conta do quanto fora insensato, despreocupando-se com a própria salvação. Era tarde demais! O rico havia desperdiçado o tempo posto à sua disposição, escolhendo um modo de vida egoísta e folgazão. Caminho igualmente escolhido por seus cinco irmãos. Também eles recusavam-se a dar ouvido às Escrituras.
 
     Nem mesmo um milagre espetacular, como a ressurreição de um morto, seria suficiente para chamá-los à sensatez. Logo, estavam escolhendo a mesma sorte do irmão defunto, se não se convertessem imediatamente.
 
 Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Espírito de sensatez, ensina-me a aproveitar o tempo que me é concedido para viver o amor, solidário com os pobres, de forma a me preparar para o encontro com o Senhor.

Santos do dia - Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

       Com alegria, comemoramos a festa de três Arcanjos neste dia: Miguel, Gabriel e Rafael. A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, herdou do Antigo Testamento a devoção a estes amigos, protetores e intercessores que do Céu vêm em nosso socorro pois, como São Paulo, vivemos num constante bom combate.
     A palavra “Arcanjo” significa “Anjo principal”. E a palavra “Anjo”, por sua vez, significa “mensageiro”.
 
 
São Miguel
O nome do Arcanjo Miguel possui um revelador significado em hebraico:“Quem como Deus”. Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. No Antigo Testamento o profeta Daniel chama São Miguel de príncipe protetor dos judeus, enquanto que, no Novo Testamento ele é o protetor dos filhos de Deus e de sua Igreja, já que até a segunda vinda do Senhor estaremos em luta espiritual contra os vencidos, que querem nos fazer perdedores também. “Houve então um combate no Céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão. Também o dragão combateu, junto com seus anjos, mas não conseguiu vencer e não se encontrou mais lugar para eles no Céu”. (Apocalipse 12,7-8)
 
São Gabriel
O nome deste Arcanjo, citado duas vezes nas profecias de Daniel, significa “Força de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. É muito conhecido devido a sua singular missão de mensageiro, uma vez que foi ele quem anunciou o nascimento de João Batista e, principalmente, anunciou o maior fato histórico: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré… O anjo veio à presença de Maria e disse-lhe: ‘Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus’…” a partir daí, São Lucas narra no primeiro capítulo do seu Evangelho como se deu a Encarnação.
 
São Rafael
Um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus. Rafael aparece no Antigo Testamento no livro de Tobit. Este arcanjo de nome “Deus curou” ou “Medicina de Deus”, restituiu à vista do piedoso Tobit e nos demonstra que a sua presença, bem como a de Miguel e Gabriel, é discreta, porém, amiga e importante. “Tobias foi à procura de alguém que o pudesse acompanhar e conhecesse bem o caminho. Ao sair, encontrou o anjo Rafael, em pé diante dele, mas não suspeitou que fosse um anjo de Deus” (Tob 5,4).
 
São Miguel, São Gabriel e São Rafael, rogai por nós!

sábado, 21 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Mateus 9,9-13)

9 9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: "Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu". 10 Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. 11 Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?" 12 Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."

 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - São Mateus

Mateus era um pecador público: cobrava impostos por conta dos odiados romanos. Era um colaboracionista, um traidor do seu povo. Ninguém que tivesse um pouco de dignidade se aproximava dele. Muito menos se sentava à mesa da sua casa. Mas Jesus faz exatamente isso. E além do mais o escolhe para ser um dos seus. E também censura os que o criticam e lhes diz que Deus não é como eles pensam, que ele não veio salvar os justos mas sim os pecadores. Disse isso para nós: Jesus nos escolheu e nos deu uma nova oportunidade.
Assim é nosso Deus.
 
      Neste chamado de Mateus, além do realce à disponibilidade no seguimento de Jesus, destaca-se a denúncia contra a discriminação de pessoas, ao qualificá-las de pecadoras. Mateus era um publicano, ou cobrador de impostos, o que lhe conferia boa condição financeira.
 
      Contudo, em conseqüência dos contínuos contatos com comerciantes gentios, os publicanos infringiam as observâncias legais de pureza religiosa e, assim, eram considerados pecadores, pois os gentios eram tidos como impuros. Após chamar Mateus, Jesus senta-se à mesa com ele e com seus amigos, também publicanos e pecadores.
 
      A atitude ostensiva de Jesus suscita a indignação dos fariseus. Ele, então, descarta o título de "justos", atribuído àqueles que faziam seus sacrifícios e suas ofertas no templo, bem como o título de "pecadores" aos discriminados pela Lei religiosa. Jesus faz sua opção pelo banquete da vida com os humilhados e excluídos, chamados "pecadores".
 
  Pe. Jaldemir Vitório
 Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
 
Oração
Senhor Jesus, tira de mim o medo e a covardia que me impedem de iluminar, com minhas ações, o que, no nosso mundo, está mergulhado nas trevas.

Santo do dia - São Mateus

         A Igreja celebra hoje, de forma especial, a vida de São Mateus apóstolo e evangelista, cujo nome antes da conversão era Levi. Morava e trabalhava como coletor de impostos em Cafarnaum, na Palestina. Quando ouviu a Palavra de Jesus: "Segue-me" deixou tudo imediatamente, pondo de lado a vida ligada ao dinheiro e ao poder para um serviço de perfeita pobreza: a proclamação da mensagem cristã!
 
        Mateus era um rico coletor de impostos e respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo. Encontramos no Evangelho de São Lucas a pessoa de Mateus que prepara e convida o Mestre para a grande festa de despedida em sua casa. Assim, uma numerosa multidão de publicanos e outros tantos condenados aos olhos do povo, sentaram-se à mesa com ele e com Àquele que veio, não para os sãos, mas sim para os doentes; não para os justos, mas para os pecadores. Chamando-os à conversão e à vida nova.
 
        Por isso tocado pela misericórdia Daquele a quem olhou e amou, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro fazendo o bem.
 
        É no Evangelho de Mateus que contemplamos mais amplamente trechos referentes ao uso do dinheiro, tais como:"Não ajunteis para vós, tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os destroem." e ainda:"Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."
 
        Com Judas, porém, ficou o encargo de "caixa" da pequena comunidade apostólica que Jesus formava com os seus. Mateus deixa todo seu dinheiro para seguir a Jesus, e Judas, ao contrário, trai Jesus por trinta moedas!
 
        Este apóstolo a quem festejamos hoje com toda a Igreja, cujo significado do nome é Dom de Deus, ficou conhecido no Cristianismo nem tanto pela sua obra missionária no Oriente, mas sim pelo Evangelho que guiado pelo carisma extraordinário da inspiração pôde escrever, entre 80-90 na Síria e Palestina, grande parte da vida e ensinamentos de Jesus. Celebramos também seu martírio que acabou fechando com a palma da vitória o testemunho deste apóstolo, santo e evangelista.
 
São Mateus, rogai por nós!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Evangelho do dia - (Lucas 8,1-3)

 
8 1 Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. 2 Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses.
 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho - Mulheres, discípulas fiéis ...

        Não houve no mundo, nenhum movimento de libertação da Mulher, comparável aquele do tempo de Jesus, que rompendo com uma estrutura arcaica, onde a mulher era renegada a um segundo plano, Jesus as chama para o discipulado. Distantes do fato histórico, nós não conseguimos nem imaginar este fato inédito e impactante. Mulheres naquele tempo nem podiam falar, não davam opiniões em negócios, não eram testemunhas nos tribunais, eram apenas uma propriedade de seus maridos. No âmbito religioso também não havia espaço para elas, participavam dos sacrifícios no templo, mas em lugar a parte.
 
        Jesus as acolhe como discípulas e isso era algo inédito naquele tempo. Aliás, é só prestar atenção na História da Salvação para percebermos a importância da mulher. As duas primeiras pessoas a terem certeza da Vinda do Messias, são duas pobres mulheres: Maria de Nazaré e sua parenta Isabel, os Grandes poderosos nem imaginavam o que estava acontecendo na modesta Vilinha de Nazaré. É uma mulher, a primeira da humanidade, a ser convidada para participar diretamente da obra da Salvação. É uma mulher que vai dar o seu “SIM” A Deus , consentindo que a Salvação comece a acontecer.
 
        E em nossas comunidades, já fizeram uma estatística para ver quem participa mais das Pastorais e Movimentos ? Nem precisam fazer, a maioria são mulheres, Guerreiras, lutadoras, abnegadas, despojadas, que se doam sem reservas á Igreja, na missão que lhes é confiada. Aliás, o que seria da Igreja se não fossem nossas mulheres?
 
        O evangelista São Lucas faz questão de citar que, junto com os Doze, iam também mulheres seguindo Jesus, mulheres de condições sociais diferentes, gente do povo e gente da elite, vejam aí a Suzana, esposa de Cuza, procurador de Herodes. Quanto a Madalena, da qual saiu sete demônios, ninguém precisa pensar mal dela, Demônio é tudo que se opõe as forças do bem, mas são também forças que nos escravizam. Como a sociedade civil e religiosa marginalizava as mulheres, estas se julgavam inferiores, portanto sempre submissas aos homens, o Discipulado as liberta pois, como seguidoras de Jesus, falam e dão opinião, não são apenas servidoras do grupo.
 
        Portanto, a verdadeira liberdade da mulher está em Jesus Cristo, e o discipulado, vai amadurecendo a mente e o coração cada vez mais, e o testemunho das mulheres são valiosíssimos em nossas comunidades, quando elas vivem a autenticidade da Fé.
 
 Diácono José da Cruz
 Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
 
ORAÇÃO
Pai, reveste-me do amor e da fidelidade necessárias para ser servidor do Reino. Que eu demonstre meu reconhecimento a ti, colocando minha vida a serviço do meu próximo.

Santo do dia - Santo André Kim e companheiros mártires

     Tornamos célebre neste dia o testemunho dos 103 mártires coreanos que foram canonizados pelo Papa João Paulo II, na sua visita a Seul em maio de 1984.
 
     Tudo começou no Século XVII, com o interesse pelo Cristianismo por parte de um grupo de letrados que ao lerem o livro do missionário Mateus Ricci com o título "O verdadeiro sentido de Deus", tiveram a iniciativa de encarregar o filho do embaixador coreano na China, na busca das riquezas de Jesus Cristo. Yi Sung-Hun dirigiu-se ao Bispo de Pequim que o catequizou e batizou, entrando por aí a Boa Nova na Coréia, ou seja, por meio de um jovem e ousado leigo cristão que, com amigos, fundaram uma primeira comunidade cristã.
 
     Com a eficácia do Espírito, começaram a evangelizar de aldeia em aldeia ao ponto de somarem, em dez anos, dez mil testemunhas da presença do Ressuscitado.
 
     Várias vezes solicitaram do Bispo de Pequim o envio de sacerdotes, a fim de organizarem a Igreja. Roma, porém, era de difícil acesso e o Papa sofria com a prepotência de Napoleão, resultado: somente a Igreja pôde socorrer aos cristãos coreanos, trinta anos depois, quando os cristãos coreanos tinham sido martirizados aos milhares, juntamente com os 103 mártires, dentre estes: André Kim, o primeiro padre coreano morto em 1845; dez clérigos e 92 leigos.
 
     Alguns testemunhos ficaram gravados, e dentre tantos: "Dado que o Senhor do céu é o Pai de toda a humanidade e o Senhor de toda a criação, como podeis pedir-me para o trair? Se neste mundo aquele que trair o pai ou a mãe não é perdoado, com maior razão, não posso nunca, trair aquele que é o Pai de todos nós!" (Teresa Kwon).
 
     Os primeiros mártires coreanos escreveram, com sangue, as primeiras páginas da história na Igreja da própria pátria. Na data da canonização, bicentenária do início da evangelização da Coréia, esta nação contava com 1.4000.000 católicos, 14 Dioceses, 1.200 sacerdotes, 3.500 religiosos e 4.500 catequistas, atestando mais uma vez a frase de Tertuliano: "O sangue dos mártires é sangue de novos cristãos!"
 
Santo André Kim e companheiros mártires, rogai por nós!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Meditação - A consciência do pecado

 
          Na sociedade globalizante e consumista da qual fazemos parte, onde vale tudo para ser feliz, seduzido pelas facilidades da vida moderna, na medida em que o homem avança em ritmo acelerado na tecnologia e na ciência, experimenta uma evolução rápida e espantosa. Porém, por outro lado todo esse sucesso da comunidade científica aumenta no ser humano a prepotência e a auto suficiência, assumindo o lugar de Deus, quando se apresenta como senhor de sua vida e de seus atos, conhecedor do bem e do mal, e arrogando-se o direito de decidir sua própria vida.
 
          Temos visto, por exemplo, uma  determinada corrente ideológica que defende abertamente o aborto como uma das conquistas da mulher moderna, que por isso têm todo direito de decidir o que fazer com seu corpo, sem dar satisfação a ninguém, muito menos a Deus, cuja lei é considerada retrógrada. Ideologias totalmente contrárias alei Divina partem de Instituições governamentais.
 
         E assim, nessa sociedade mais do que nunca antropocêntica, o homem arrogante vai dando o seu grito de independência, decretando a morte de Deus e o fim do pecado, como se Deus atrapalhasse os planos de felicidade do Ser humano.
 
         Mas e os discípulos de Jesus, membros de tantas igrejas cristãs, como se posicionam diante dessa sociedade que “liberou geral” em uma verdadeira maratona do “vale tudo” na busca do prazer, sucesso e felicidade?
 
         Precisamos admitir que estamos enfermos, para que possamos ser curados pela misericórdia divina. O salmo 51 é um dos mais belos da sagrada escritura, com seu caráter profundamente penitencial mostra-nos o rei Davi humilde e penitente, que reconhece o seu pecado “Pequei contra o Senhor”.
 
         Mas o pior enfermo é aquele que não admite a sua enfermidade, procurando esconde-la com práticas religiosas e uma aparência piedosa diante dos irmãos. O Fariseu Simão, que convidara Jesus para jantar em sua casa, não é má pessoa ao contrário, sua conduta é irrepreensível já que cumpre todos os deveres para com Deus e o próximo e como bom teólogo conhece a Palavra de Deus, suas promessas e suas leis dadas a Moisés.
 
         Já a mulher tem má fama, é conhecida como pecadora sendo moralmente desqualificada, e por sua conduta está excluída da comunidade porque é considerada impura, mas há algo em sua vida que a difere do fariseu piedoso: conheceu Jesus e descobriu-se amada e querida por ele, apesar dos seus inúmeros pecados . É a experiência desse amor que a leva a reconhecer-se pecadora, sentindo no coração não um remorso doloroso, mas sim uma incontida alegria que procurou manifestar na casa do fariseu, lavando e ungindo os pés daquele que a fez descobrir o verdadeiro amor.
 
         O fariseu mantinha com Deus uma relação sem dúvida piedosa, mas como se sentia justificado pelas suas obras, dava-se o direito de julgar os que estavam em pecado, excluindo-os de sua companhia, e sentindo-se merecedor do amor de Deus e sua salvação.
 
         Note-se que Jesus não condena a conduta e o modo de viver do fariseu, e nem tão pouco aprova a vida pecaminosa da mulher, apenas realça o modo como ambos se relacionam com Deus. Certamente essa experiência com o Mestre Jesus mudou para sempre a vida daquela mulher, mostrando-nos que a iniciativa é sempre de Deus e que somente quando descobrimos o seu amor em nossa vida, é que percebemos o quanto somos pecadores por não correspondermos a esse amor.
 
         Simão admirava Jesus, mas não via nele nada de especial, porque a lei, tradição, o rito e suas boas obras não o deixavam sentir o quanto Deus o amava, manifestando este amor em Jesus. A religião do perfeccionismo e do moralismo é sempre muito triste porque nela, o homem mantém com Deus não uma relação de filho, amado e querido, mas apenas de um empregado, que cumpre seu dever junto ao patrão, merecendo deste o justo salário.
 
         A verdadeira autêntica e única religião, têm como base um amor que não se prende a qualquer lei moral ou norma de conduta, mas sim ao encanto e fascínio por Cristo Jesus, cujo olhar, gesto e palavras tem o poder de tocar nosso coração, fazendo-nos renascer e recuperar nossa dignidade de filhos de Deus, despertando esse desejo incontido de estar a seus pés, como essa mulher, naquela noite imemorável na casa de Simão. Que o formalismo religioso não mate em nós a alegria desse amor grandioso!
 
Diácono José da Cruz