quinta-feira, 31 de março de 2011

Dom Paulo Mendes Peixoto, Bispo de São José do Rio Preto - SP


A luz divina

A luz clareia, não deixando que os objetos fiquem somente nas aparências, principalmente se for a luz divina. Ela tem poder de penetrar na profundidade dos seres, manifestando a grandeza de sua existência. Deus é luz, que se manifesta nos corações das pessoas.

A presença da luz de Deus cura cegueira, liberta o ser humano dos diversos tipos de opressão e ajuda na superação das dificuldades. O convite é para que deixemos as obras das trevas e descubramos a riqueza das obras da luz.

Podemos enumerar algumas de suas ações, que são fundamentais para uma vida feliz e saudável. Temos as atitudes de bondade, a prática da justiça e da verdade, a fraternidade no convívio e no relacionamento comunitário etc.

Quem vive na luz, vive iluminado e não tem nada a esconder ou de ficar envergonhado. É uma pessoa autêntica e transparente, digna de confiança e de respeito. A desonestidade não faz parte de suas atitudes.

Ter a luz divina é ser capaz de acolher a todos, sejam pobres ou não, de reconhecer o valor de cada pessoa, se de autoridade ou não, não se deixando conduzir pelas aparências. Significa reconhecer que os planos da história podem acontecer a partir das pessoas mais simples.

Seguir a luz divina é entrar no processo de conquista de liberdade e de vida autônoma. É ser conduzido por profundas convicções e agir com responsabilidade. É um caminho de descoberta do sentido profundo do amor.

Temos diante de nós um duplo caminho, o da luz e o das trevas. O primeiro se manifesta numa vida apoiada em Jesus Cristo. O das trevas se funda no egoísmo, na avareza, na fornicação e em muitas atitudes totalmente vergonhosas para o ser humano.

Ser da luz divina é ter capacidade de romper com as obras das trevas e de agir contra elas, construindo uma vida de luz. Deve corrigir os erros e fazer acontecer o bem para todos. Seguir Cristo é não compactuar com a maldade, a corrupção e a mentira. [CNBB]

São Benedito


Há alguns anos atrás, este glorioso santo era comemorado no dia 4 de abril, mas houve uma mudança no calendário. Descendentes de escravos - filho de um casal de extraordinária piedade levados para Sicília, era o primogênito e foi libertado por um professor siciliano chamado Manasseri. Desde os dez anos de idade tinha vocação à penitência e à solidão. Guardador de rebanhos, entregava-se à oração. Por ser preto, pobre, recebia maltratos dos companheiros o que fez com que se aproximasse ainda mais de Jesus, fonte de toda consolação. Aos 18 anos ajudava a outros pobres. Certa vez, quando tinha 21 anos, um jovem senhor, Jerônimo Lanza, vendo sua bondade, convidou-o a visitar o eremitério em que vivia. A vida de Benedito se transformou em um exercício contínuo de todas as virtudes e Deus lhe concedeu o dom dos milagres. Isto fez com que os eremitas precisassem deixar o eremitério e fossem para os rochedos de Montepelegrino, perto de Palermo. Após a morte de Jerônimo, escolheram a são Benedito como superior. Mas por humildade, e conseguindo a autorização do Papa Júlio III, Benedito dirigiu-se aos frades Menores da Observância no Convento de Santa Maria de Jesus, onde foi recebido como um simples irmão leigo, sendo enviado para o Convento de Sant'Ana de Giuliana, onde viveu por três anos. Retornou depois para Santa Maria de Jesus onde passou o resto de sua vida. Assim que chegou foi enviado pelo superior para cuidar da cozinha. Mesmo ali, Deus realizou por seu intermédio, muitos milagres. Nomearam-no em 1578, Guardião. Benedito dizendo-se ser um simples analfabeto suplicou que afastassem dele este cargo. Mas por obediência cedeu à escolha dos superiores. Todos os noviços vinham nele um pai, um guia seguro, cheio de ternura, doçura, prudência e um excelente mestre das Escrituras. São Benedito tinha o dom da Ciência infusa e era um extraordinário conselheiro. Tinha o dom de penetrar nos corações e ler a alma das pessoas. Terminado o prazo de seu cargo, retornou à cozinha felicíssimo por poder ficar obscuro e oculto. Em 1589 ficou doente gravemente e Deus lhe revelou que seu fim estava próximo. Na recepção dos sagrados sacramentos experimentou diante de todos os que o cercavam o antegozo das alegrias celestiais

Evangelho: Lucas (Lc 11, 14-23)


Todo reino dividido contra si mesmo será destruído


Naquele tempo, 14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15Mas alguns disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios". 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.

21Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa". Palavra da Salvação!

Comentário do Evangelho


O Reino está entre nós


A presença do Reino de Deus na história da humanidade revelava-se no poder de Jesus de expulsar os demônios, libertando todo ser humano desse poder opressor. Essa libertação significava a retomada do senhorio de Deus na vida de quem era dominado pelo maligno, possibilitando-lhe, novamente, a vivência do amor e da solidariedade.

Jesus personificava o Reino de Deus na medida em que estava todo centrado no Pai, cujas obras buscava realizar. Em suas ações, revelava-se “o dedo de Deus” na vida de tantas pessoas privadas de sua dignidade.

Contudo, isto não era evidente! Só quem estava sintonizado com Jesus tinha condições de perceber Deus agindo por meio dele. Caso contrário, corria-se o risco de interpretá-lo mal e fazê-lo objeto de falsas acusações.

Foi o que aconteceu quando o acusaram de agir com o poder de Belzebu, o chefe dos demônios. Ou quando exigiam dele sinais sempre mais mirabolantes, como prova da autenticidade do seu messianismo.

O fato de ser incompreendido não impedia Jesus de seguir adiante. Movia-o somente a consciência de dever ser fiel ao Pai. Por isso, não cessava de dar testemunho do amor que Deus derramava sobre a humanidade. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]

quarta-feira, 30 de março de 2011

149° Cursilho Masculino da Diocese Leopoldina


Acontece no próximo final de semana, de 1º a 03 de abril, no Centro de Pastoral do Reis em Leopoldina, o 149º Cursilho Masculino da Diocese. Contamos com as orações de todos para o bom êxito deste cursilho. Envie sua Alavanca para o email do Ged - ged.leopoldinamg@gmail.com. Saudações Decolores!

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira, Arcebispo Emérito de Uberaba - MG


Coroa de Cristo

Nos dias do Carnaval os que saem pelas ruas, fantasiados, muitas vezes completam a indumentária, enfeitando-se com algum tipo de coroa. A coroa, seja preciosa, seja de matéria menos nobre é no conjunto das vestes a última peça que sobressai e enaltece.

Ao vivermos os dias quaresmais em que relembramos os sofrimentos de Cristo para nossa redenção, nossos olhos se fixam na fronte do Senhor, encimada pela coroa de espinhos. Triste a cena da coroação de Jesus pelos soldados, ridicularizando-o por ter Ele dito que era rei. Evidente que o reinado de Cristo é de outra natureza, não nos planos humanos, mas na aceitação de sua doutrina e de seu domínio sobre os que O têm como Deus e Salvador. É pois nosso rei.

Inspirado poeta paulista descreve-nos uma sala de museu, onde três coroas dialogam entre elas: a de ouro, a de louro e a de espinhos. No passado, não eram só os reis e imperadores que eram coroados. Também os heróis que voltavam das batalhas, como vencedores, e os poetas que encantavam, com a terna beleza dos seus versos, aos que os ouviam.

As vítimas que se imolavam aos deuses se adornavam com coroas sagradas. As noivas, com brancas grinaldas de flores. Os guerreiros com coroas de louros e os reis, ainda hoje, trazem-nos enfeitadas de ouro e pedrarias. Jesus, o rei dos reis, bem merecia um riquíssimo diadema, mas na sua fronte divina só recebeu uma sangrenta coroa de espinhos... Foi a única que lhe deram, por zombaria, os soldados de Pilatos. Não sabemos se aquela ramagem de espinheiro estava enfeitada da brancura de pequenas flores que a suavizassem. Por certo não. Eram só espinhos.

A majestosa fronte do Senhor bem merecia uma grinalda rica de pedras preciosas para ser coberta de flores e de respeitosos ósculos de amor. Mas só lhe deram uma coroa de espinhos...
Desde que o Senhor morreu, coroado assim de ignomínia, os cristãos todos os anos se ajoelham diante da cruz e beijam, agradecidos, a imagem que O representa. Assim, na contemplação do Senhor coroado de espinhos, mãos e pés rasgados, peito aberto, a criatura humana dobra os joelhos para agradecer a redenção de Cristo em nosso favor.

É certo que a coroa do Senhor se perpetua nos sofrimentos humanos dos que vivem, ainda hoje, desprovidos do essencial para uma condição de vida humana digna, sem luxo e sem miséria, sem espinhos e sem urzes pelos trilhos da vida. Por isto no diálogo das três coroas, a de espinho pode dizer às outras: “Eu coroei os reis e os heróis, eu coroei todos os homens e ainda não murchei”. [Fonte: CNBB]

São João Clímaco


O Monte Sinai está historicamente ligado ao cristianismo. Foi o lugar indicado por Deus para entregar a Moisés as tábuas gravadas com os Dez Mandamentos. É uma serra rochosa e árida que, não só pela sua geografia, mas também pelo significado histórico, foi escolhida pelos cristãos que procuravam a solidão da vida eremítica.

Assim, já no século IV, depois das perseguições romanas, vários mosteiros rudimentares foram ali construídos por numerosos monges que se entregavam à vida de oração e contemplação. Esses mosteiros tornaram-se famosos pela hospitalidade para com os peregrinos e pelas bibliotecas que continham manuscritos preciosos. Foi neste ambiente que viveu e atuou o maior dos monges do Monte Sinai, João Clímaco.

João nasceu na Síria, por volta do ano 579. De grande inteligência, formação literária e religiosa, ainda muito jovem, aos dezesseis anos, optou pelo deserto e viajou para o Monte Sinai, tornando-se discípulo num dos mais renomados mosteiros, do venerável ancião Raiuthi. Isso aconteceu depois de renunciar a fortuna da família e a uma posição social promissora. Preferiu um cotidiano feito de oração, jejum continuado, trabalho duro e estudos profundos. Só descia ao vale para recolher frutas e raízes para sua parca refeição e só se reunia aos demais monges nos fins de semana, para um culto coletivo.

Sua fama se espalhou e muitos peregrinos iam procura-lo para aprender com seus ensinamentos e conselhos. Inicialmente eram apenas os que desejavam seguir a vida monástica, depois eram os fiéis que queriam uma benção do monge, já tido em vida como santo. Aos sessenta anos João foi eleito por unanimidade abade geral de todos os eremitas da serra do Monte Sinai.

Nesse período ele escreveu muito e o que dele se conserva até hoje é um livro importantíssimo que teve ampla divulgação na Idade Média, "Escada do Paraíso". Livro que lhe trouxe também o sobrenome Clímaco que, em grego, significa "aquele da escada". No seu livro ele estabeleceu trinta degraus necessários à subir para alcançar a perfeição da alma.

Trata-se de um verdadeiro manual, a síntese da doutrina monástica e ascética, para os noviços e monges, onde descreveu, degrau por degrau, todas as dificuldades a serem vividas, a superação da razão e dos sentidos, e que as alegrias do Paraíso perfeito serão colhidas no final dessa escalada, após o transito para a eternidade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

João Clímaco morreu no dia 30 de março de 649, amado e venerado por todos os cristãos do mundo oriental e ocidental, sendo celebrado por todos eles no mesmo dia do seu falecimento. [Paulinas]

Evangelho: Mateus (Mt 5, 17-19)


Jesus veio para dar pleno cumprimento da Lei


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17"Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas". Não vim para abolir; mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir; nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.

Comentário do Evangelho


O mandamento inviolável


A severidade com que Jesus tratou a questão da violação dos mandamentos – “mesmo dos menores” – deve ser entendida no contexto de sua pregação e de seu próprio testemunho de vida. Estaria equivocado quem tentasse entendê-la com a mentalidade dos fariseus legalistas da época. O apego deles aos mandamentos estava longe da prática de Jesus. Os fariseus apegavam-se à letra da Lei, o Messias Jesus, no entanto, ia além, buscando viver o espírito escondido nas entrelinhas dessa mesma Lei.

Jesus estava pouco interessado em minúcias, em questões irrelevantes com as quais os fariseus se debatiam. Sua preocupação centrava-se na prática do amor misericordioso, de modo especial em relação aos pobres e marginalizados; na busca constante de fidelidade ao Pai, cuja vontade era um imperativo inquestionável; na relativização das prescrições religiosas, quando estava em jogo a defesa da vida; na liberdade profética diante de tudo quanto se apresentava como empecilho para a realização do Reino. Portanto, seu horizonte era mais vasto e mais radical que o de seus adversários.

Esta é a dinâmica na qual a vida do discípulo deve se inserir, tornando-se para ele como que um mandamento inviolável. E por acreditar que este é o caminho correto de acesso a Deus, o discípulo tanto o pratica como o ensina. O legalismo farisaico é, pois, substituído pela fidelidade incondicional ao Pai. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]

terça-feira, 29 de março de 2011

SETOR DE MIRAÍ


Os aniversariantes do mês de Abril de 2011 comemorado no dia 28/03/2011, com a presença especial do nosso Pároco Pe Antônio

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São Raimundo Lúlio


Fundador de um colégio de línguas orientais para formar apóstolos, aos 30 anos trocou a vida da corte para dedicar-se à contemplação, ao estudo e a uma ativa peregrinação pela Europa, Ásia e África, na finalidade de evangelizar através de sua Arte Magna que visava esclarecer à racionalidade do dogma cristão que supera a todas as objeções opostas, através da metafísica, Recebeu acolhimento dos franciscanos, passando a pertencer a Ordem Terceira, em 1295. Porém grande foi sua decepção quando em Paris sua Arte Magna não foi aceita e nem compreendida. Passou então a escrever sobre o amor. Mostrando-se um Lúlio místico conseguiu total sucesso em suas publicações, sendo a principal delas, "Árvore de Filosofia de Amor". Outro foi "O Cântico do Amigo e do Amado", outra das jóias da literatura universal. No "Livro da Contemplação" também de sua autoria destacava-se estas frases: "Bem-aventurados são, Senhor, aqueles que neste mundo se vestem de cor vermelha e de vestiduras rubras, semelhantes as que vestistes no dia de Vossa morte. Esta bem-aventurança e essa graça espera vosso servo, todos os dias, em Vós".

Evangelho: Mateus (Mt 18, 21-35)



O perdão deve brotar do fundo do coração


Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?" 22Jesus respondeu: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”

23Porque o reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a divida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: 'Dá-me um prazo! E eu te pagarei tudo'. 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Paga o que me deves'. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: 'Dá-me um prazo! E eu te pagarei'. 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia.

31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: 'Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?' 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão". Palavra da Salvação!

Comentário do Evangelho


Dar e receber perdão

Só é capaz de perdoar o próximo quem, de fato, faz a experiência de sentir-se perdoado por Deus. Pelo contrário, quem se mostra inflexível e incapaz de perdoar, dá mostras de não reconhecer o quanto foi perdoado por Deus. A insensibilidade em relação ao dom recebido de Deus torna impossível a concessão de perdão ao próximo. A simples consciência da imensidade do perdão recebido de Deus deveria ser suficiente para motivar as pessoas a perdoar.

A parábola do servo cruel está centrada neste tema. Quando se tratou de ser perdoado pelo rei que lhe havia emprestado uma quantia enorme de dinheiro, e não tinha com que pagar, o servo suplicou-lhe clemência e tempo. Comovido, o rei deixou-o partir, perdoando-lhe toda a dívida. Logo em seguida, porém, ao encontrar um companheiro que lhe devia uma quantia irrisória, foi incapaz de sensibilizar-se quando este lhe pediu tempo e clemência para quitar seu débito. E mandou aprisioná-lo.

O rei ficou indignado. Parecia-lhe evidente que, assim como o servo havia sido objeto de compaixão, tendo recebido o perdão de sua dívida, o mesmo deveria ter feito com seu companheiro.Por conseguinte, a falta de compaixão para com o próximo impede que se faça a experiência da compaixão de Deus. Deus perdoa a quem está disposto a perdoar. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]

segunda-feira, 28 de março de 2011

149º Cursilho Masculino da Diocese de Leopoldina.


Acontece no próximo final de semana, de 1º a 03 de abril, no Centro de Pastoral do Reis em Leopoldina, o 149º Cursilho Masculino da Diocese. Contamos com as orações de todos para o bom êxito deste cursilho. Envie sua Alavanca para o email do Ged - ged.leopoldinamg@gmail.com. Saudações Decolores!

40º Cursilho Masculino do Setor de Ubá


Realizou-se nos dias 25, 26 e 27 de março de 2011 o 40º Cursilho Masculino do Setor de Ubá, correspondente ao 148º Cursilho Masculino da Diocese de Leopoldina. Participaram do encontro 31 novos cursilhistas. Foram momentos de muito aprendizado e forte conversão, onde os neocursilhistas puderam compreender a importância de cada um na construção do Reino de Deus, pois, inspirados em Jesus Cristo
e em nosso patrono São Paulo Apóstolo, devemos nos dedicar cada vez mais para sermos sal, fermento e luz nos ambientes que vivemos. Coordenou o Cursilho o membro do setor de Ubá Marco Aurélio Ribeiro Pinto, tendo como Base o membro Hélio Nilson Oliveira Marinho e assessorados pelo Cônego Sebastião Jorge Correa.





Saudações D E C O L O R E S!

Santa Gisela


Filha do duque bávaro, Henrique (O Briguento) e de Gisela de Barganha. os emissários de Geiza da Hungria vieram a sua casa, para a alegria de seus pais, pedir sua mão em casamento. Gisela que houvera se consagrado a Deus no íntimo de seu coração não teve como mudar esta situação e assim mudou-se para a corte principesca húngara. Porem sua meta continuava a ser a de levar todo o povo para Cristo. Gisela foi coroada e ungida como primeira rainha cristã dos húngaros e com ela, seu marido Estevão que se converteu tão cristianismo por sua influência. Gisela ajudou na construção de nos reparos de Igrejas, construiu a Catedral de Vezprim para a qual doou ricos feudos. Mandou vir escultores da Grécia para embelezarem as Igrejas. Porém passou por grandes sacrifícios. Perdeu a primeira filha e logo depois, o filho. Outras duas filhas se casaram e jamais as reviu por partirem para terras muito distantes. Seu filho Américo, que deveria sucedê-la ao trono rela, também faleceu. Mais tarde ele foi canonizado pela sua santidade. Em 15 de agosto de 1038, festa da Assunção de Nossa Senhora, dia em que consagrara anos atrás, a Hungria a Maria, seu esposo faleceu, e tal o filho foi canonizado. Após tantas mortes, indefesa, passou a receber tratamentos hostis do povo pagão húngaro. Confiscaram-lhe os bens, proibiram-na de se corresponder com parentes de países estrangeiros, prenderam-na e a maltrataram. Depois de vários anos de prisão, foi libertada por Henrique III, em 1042. Voltou a Baviera e se fez beneditina no Mosteiro de Niederburg, o qual Henrique II elevara à categoria de abadia. Prudente e sábia foi eleita abadessa, governando a abadia até 7 de maio de 1065. Foi enterrada na capela de Parz e logo após sua morte, vinham romeiros de todos os recantos do mundo.

Evangelho: Lucas (Lc 4, 24-30)


Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria


Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: 24"Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio". 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Palavra da Salvação!

Comentário do Evangelho

A dureza de coração


A reação dos habitantes de Nazaré, diante da pregação de Jesus, foi de aberta rejeição. Foi tal o desprezo pelas palavras do Mestre, que eles decidiram eliminá-lo lançando-o de um precipício.
É possível imaginar a decepção de Jesus, diante da rejeição de seus conterrâneos. Ele tentou compreender a situação, rememorando as experiências de profetas do passado que, rejeitados por seu povo, foram bem acolhidos pelos estrangeiros. Assim aconteceu com Elias: num tempo de seca e fome, beneficiou uma mulher estrangeira, da terra dos sidônios. O mesmo sucedeu com Eliseu: curou da lepra um general sírio, ao passo que, em Israel, essa doença vitimava muitas pessoas.

A conclusão de Jesus foi clara: já que o povo de sua cidade insistia em não lhe dar atenção, ele sentiu-se obrigado a ir em busca de quem estivesse disposto a acolhê-lo. Aos duros de coração, no entanto, só restava o castigo.

Longe de nós seguirmos o exemplo do povo de Nazaré. Jesus quer encontrar, em nós, abertura para acolhê-lo e disponibilidade para converter-nos. Ninguém é obrigado a aceitar este convite. Entretanto, fechar-se para Jesus significa recusar a proposta de salvação que ele, em nome do Pai, veio nos trazer. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]

domingo, 27 de março de 2011

Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Jesus e a samaritana

Durante estes dias da Quaresma, o nosso itinerário batismal tem neste domingo um sinal claríssimo sobre o sinal da Água e a importância do encontro com Jesus, o Cristo. Neste ano, de maneira especial aparece este sinal, que nos ajuda a caminhar para a renovação das promessas batismais na vigília pascal.

Este domingo, chamado da “samaritana”, é o terceiro Domingo da Quaresma (cf.Jo 4,5-42). A hostilidade entre judeus e samaritanos conhecemos por outros episódios, como, por exemplo, o caso do chamado “bom samaritano”. As relações entre judeus e samaritanos eram de hostilidade constante e a Samaria era considerada território impuro para o ambiente judaico, de modo que não se deveria cruzá-la durante os percursos das viagens.

Jesus quis passar pela Samaria como uma necessidade salvífica, teológica porque nas suas intenções (que são aquelas do Pai), tinha a vontade de que também aquele povo, como todos os outros existentes, entrassem na ordem da salvação, tornando-se destinatário do anúncio do Reino e da vida nova trazida pelo Cristo.

A objeção dessa mulher: "Tu que és um judeu pedes de beber a uma mulher samaritana?", dá oportunidade a Jesus para anunciar o amor infinito de Deus, a universalidade da salvação e para comunicar a nova dimensão da vida, que agora está totalmente renovada e foi estabelecida com o Reino para todos os povos e indivíduos, homens e mulheres. Superam-se as barreiras, as restrições e as divisões étnicas e raciais.

A água tornou-se a motivação do anúncio. Vemos os vários episódios sobre ela como um símbolo e um "lugar" de salvação e novidade de vida. Recordemos isso como em Meriba, quando o povo de Israel, nômade no deserto, vê a água jorrar da rocha para saciar o povo. Também a vemos no dilúvio, quando a água é destrutiva da raça humana, que deu a oportunidade de Deus mostrar a sua misericórdia para com o homem e o mundo na restauração completa da humanidade. O grande sinal desse tempo de êxodo, ou seja, a passagem do Mar Vermelho, quando as águas foram divididas para o povo de Deus passar para o outro lado e depois fechar sobre os egípcios. Quando a lança do soldado atingiu o lado de Jesus no alto da cruz, sairá água e sangue: o sinal do Batismo e da Eucaristia.

É dessa mesma água de vida eterna que Jesus está falando com a mulher samaritana no poço de Jacó. Ele deixa claro que a água viva é o próprio Cristo, dom do Pai à humanidade, que, acolhendo-O se obtém a salvação e a vida plena, não importa se samaritanos, ou judeus, palestinos, gregos ou outros. Como a água sacia todos os homens e todos estão prontos para usá-la quando estão sob o domínio da sede, assim o Cristo sacia toda a humanidade e, reconciliando-a com o Pai, para tornar-se referência vital e indispensável.

Jesus satisfaz a nossa fome e a nossa sede, e com a sua presença e o seu anúncio pode ter a certeza de ter exaltados e postos ao seu lado e perante o mundo. Foi o que saiu anunciando a Samaritana a todos.

Dessa água da vida e da salvação, todos nós precisamos! Saciar a sede na fonte, que é Cristo, é cultivar em nós mesmos o equilíbrio, a confiança a constância de espírito, experimentando a salvação n’Ele.

Ao comentar a liturgia do terceiro domingo deste tempo favorável, o Papa Bento XVI ensina que: “O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho”.

Depois do anúncio da samaritana, todos os que chegaram até Jesus devido ao seu testemunho foram unânimes em dizer: nós mesmos vimos e sabemos que Ele é o Cristo!

A experiência do cristão, que renasce no batismo e se torna discípulo de Jesus, será ainda maior quando os que ele encontrar pela vida ou que evangelizar disserem a mesma coisa, ou seja, que o testemunho foi o início, mas, agora, amadureceram e se encontraram com o Cristo vivo. Assim, a nossa missão leva as pessoas ao aprofundamento da fé e ao encontro com Jesus, multiplicando os discípulos missionários.

Cristo, água para nossa sede


O tema da água que salva volta com freqüência na liturgia quaresmal. A partir deste domingo, a Igreja oferece à comunidade cristã que revive seu batismo uma síntese da história da salvação, servindo-se do rico simbolismo da água. 

A água tem sua linguagem 
Necessária para a existência de todos os seres vivos, a água é um elemento "natural" que nos é dado, não é fruto de trabalho: a água viva de uma fonte exprime também o milagre  renovado da vida. Fazendo brotar água da rocha, Deus se manifesta salvador de seu povo e o põe em condições de prosseguir a viagem até a terra prometida (1ª leitura). Repensando essas maravilhas de Deus nos momentos mais obscuros e difíceis de sua história, Israel projeta para um futuro mais ou menos distante a posse de uma terra de águas abundantes, na qual o deserto se transformará em viçoso pomar. A abundância de água se torna símbolo da abundante salvação que virá unicamente de Deus: um rio que brota do templo purificará o povo, saciará sua sede, fecundará a terra.  

No Novo Testamento, a água exprime simbolicamente o dom do Espírito para a geração de uma humanidade nova. Cristo, sobre quem desceu o Espírito no momento do batismo, anuncia um renascimento na água e no Espírito, promete uma abundância de água-Espírito para os que crêem (evangelho). Sua pessoa se identifica, pois, com a Rocha (como observava são Paulo, recapitulando os "sinais" do deserto, 1Cor 10,4), o novo Templo, a fonte que mata a sede na vida eterna. João vê o cumprimento do sinal na hora da morte-glorificação de Jesus, quando ele "entrega o espírito" e do seu lado traspassado correm sangue e água. 

A água do nosso batismo 
A água do batismo pode, portanto, lavar os pecados e fazer renascer os filhos de Deus em virtude do sangue de Cristo, fonte de todo perdão. Quem confessa que Cristo é o messias, o enviado de Deus, aceita que a salvação se faça da maneira e no momento querido por Deus; compreende que sua sede profunda só é saciada pelo dom de Cristo; toma-se, para os que o cercam como a mulher samaritana-, revelador da presença que tudo transforma (evangelho).

No momento do batismo, a Igreja, que através da catequese preparou a profissão de fé no Filho de Deus, recapitula em sua oração os acontecimentos salvíficos relacionados com a água e cumpre a ordem de Cristo: batizai em nome da Trindade. Assim, como gostava de repetir Agostinho, "pela união da palavra (da fé) com o elemento (água) realiza-se o sacramento", dom de Deus e livre resposta do homem. 

Sede de valores numa sociedade de consumo  
Encontramo-nos diante da sede de um povo no deserto, da sede de uma mulher no poço. A sede é símbolo de uma necessidade íntima, vital, torturante. Além da sede fisiológica há uma sede mais profunda em todo homem, em toda sociedade, em toda comunidade do nosso tempo: buscamos cada vez mais "coisas para sacia-la; nada nos basta, nada nos satisfaz. Nossa civilização só nos oferece "bens de consumo", não valores espirituais. Convida-nos ao oportunismo, ao mais fácil, mais seguro, mais cômodo. Os ideais de coerência, de sinceridade, de amor, que existem em todos os homens, são em geral frustrados, traídos por quem os propugna ou pelo indivíduo incapaz de resistir à pressão dos que o cercam. Todos falam do valor da colaboração, todos reconhecem que somos globalmente responsáveis pelo caminho da humanidade; no entanto, o que encontramos é insensatez, orgulho, instintos de domínio, de grandeza, inclinação para a agressividade, para um prazer ás vezes exacerbado,  incontrolado e irracional. Mas muitas vezes renunciamos, e justificamos a renúncia definindo os valores como "sonhos de adolescente". 

A revolta dos jovens tem sua raiz nessa sede não aplacada, nessa decepção por tudo que lhes é oferecido, tão distante das verdadeiras e profundas exigências do homem, que tem hoje maior consciência dos valores de fraternidade, justiça, amor, solidariedade. 
Não é a primeira vez que, no decorrer da história, o homem enfrenta desafios que põem em discussão modos de pensar e pedem soluções inéditas. Continuamente o homem faz a experiência de que aquilo que conquistou nunca é uma conquista definitiva. A técnica, as descobertas científicas não matam a sede de segurança, de esperança, de felicidade que todo homem sente. Lentamente, descobre ou tem a intuição de que só um "homem-infinito" pode dar-lhe o que busca no meio da confusão. [Missal Cotidiano, ©Paulus, 1995]

Evangelho: João (Jo 4, 5-42 ou 5-15.19-26.39-42))

Uma fonte de água que jorra para a vida eterna

Naquele tempo, 5chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta do meio-dia.  

7Chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá-me de beber". 8Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. 9A mulher samaritana disse então a Jesus: "Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?" De fato, os judeus não se dão com os samaritanos. 10Respondeu-lhe Jesus: "Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: 'Dá-me de beber', tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva". 11A mulher disse a Jesus: "Senhor; nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? 12Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?" 13Respondeu Jesus: "Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 14Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna". 15A mulher disse a Jesus: "Senhor; dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la". 16Disse-lhe Jesus: "Vai chamar teu marido e volta aqui". 17A mulher respondeu: "Eu não tenho marido". Jesus disse: "Disseste bem, que não tens marido, 18pois tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é o teu marido. Nisso falaste a verdade". 19A mulher disse a Jesus: "Senhor; vejo que és um profeta! 20Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar". 21Disse-lhe Jesus: "Acredita-me, mulher; está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. 23Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai e procura. 24Deus espírito aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade". 25A mulher disse a Jesus: "Sei que o messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier; vai nos fazer conhecer todas as coisas". 26Disse-lhe Jesus: "Sou eu, que estou falando contigo". 

27Nesse momento, chegaram os discípulos e ficaram admirados de ver Jesus falando com a mulher. Mas ninguém perguntou: "Que desejas?" ou: "Por que falas com ela?" 28Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: 29"vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?" 30O povo saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus. 31Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus, dizendo: "Mestre, come". 32Jesus, porém, disse-lhes: "Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis". 33Os discípulos comentavam entre si: "Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?" 34Disse-lhes Jesus: "O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35Não dizeis vós: 'Ainda quatro meses, e aí vem a colheita!' Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos: eles estão dourados para a colheita! 36O ceifeiro já está recebendo o salário, e recolhe fruto para a vida eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. 37Pois é verdade o provérbio que diz: 'Um é o que semeia e outro o que colhe'. 38Eu vos enviei para colher aquilo que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles".  

39Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: "Ele me disse tudo o que eu fiz". 40Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. 41E muitos outros creram por causa da sua palavra. 42E disseram à mulher: "Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós  mesmos ouvimos e sabemos, que este é verdadeiramente o salvador do mundo". Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho

Jesus e a sede da humanidade

a. Ao redor do poço (vv. 5-6)
Tudo começa ao redor do poço. Aí Jesus se encontra com uma mulher samaritana (para o surgimento dos samaritanos, em 722 antes de Cristo, cf. 2Rs 17,24-41. Formaram-se da miscigenação de israelitas com cinco povos estrangeiros e seus cinco deuses). O poço recorda muitos fatos do Antigo Testamento, entre os quais o poço em que o servo de Abraão encontrou Rebeca, futura esposa de Isaac (Gn 24,13ss); o poço onde Jacó se encontrou com Raquel (Gn 29,1-14); o lugar onde Moisés se encontrou com as filhas de Jetro, entre as quais Séfora, com a qual casou (Ex 2,16-21). O poço de Sicar é, pois, o lugar onde a humanidade encontra seu esposo e líder. As personagens acima recordadas se aproximaram do poço à tarde, e quem tinha sede eram os animais. No episódio de Sicar é Jesus quem tem sede, em pleno meio-dia. O meio-dia recorda, no Evangelho de João, a Hora de Jesus, a sua crucifixão, onde ele declara ter sede (cf. Jo 19,28).

Para o povo da Bíblia, o poço é símbolo da Lei, das instituições judaicas e da sabedoria. Nesse contexto, Jesus recorda um arranjo social que não satisfaz aos anseios do povo por liberdade e vida. Sentando sobre o poço, Jesus se dá a conhecer como fonte da qual a humanidade inteira bebe. A partir de agora não se deve mais beber água da Lei ou das instituições, porque foram superadas pela fonte de água viva que é Jesus.

Uma mulher sem nome se aproxima, ao meio-dia, para buscar água. Ela não tem nome porque é a própria humanidade que está procurando, no sufoco do calor, algo que sacie de uma vez por todas sua sede (lembremos as primeiras palavras de Jesus em Jo 1,38: “O que vocês estão procurando?”).

b. Quebrando o preconceito racial (vv. 7-15)
Jesus sente o que é próprio de todo ser humano: sede. E pede de beber. Com isso está começando a quebrar o preconceito racial. Judeus e samaritanos se detestavam mutuamente. Os judeus mais radicais haviam decretado o estado permanente de impureza das mulheres samaritanas. Pedir que essa mulher lhe dê de beber parece ser um ato insano por parte de Jesus. Mas ele está acabando com a pretensa superioridade dos judeus e dos homens sobre as mulheres. Dar água é a mesma coisa que acolher, dar hospedagem (normalmente os samaritanos negavam água aos judeus).

Jesus está com sede, mas quem acaba pedindo água é a mulher, pois ele tem água capaz de saciar para sempre a sede de todos: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está dizendo a você: Dê-me de beber, você é que lhe pediria, e ele lhe daria água viva… Aquele que beber da água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede” (vv. 10.14a). Jesus é o presente de Deus que a humanidade precisa conhecer. Os judeus acreditavam se aproximar de Deus mediante o conhecimento e a prática da Lei. Jesus, aquele que revela o Pai, mostra-o presente nas relações de fraternidade e gratuidade.

A água que Jesus dá é o Espírito, a força que vem de dentro e jorra para a vida eterna. A mulher-humanidade tem sede dessa água, e por isso pede: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir mais aqui para tirar” (v. 15).

c. Quebrando o preconceito religioso (vv. 16-26)
A samaritana não tem nome, mas certamente vários nomes lhe foram impostos por ter tido cinco maridos e conviver com o sexto, que não é seu marido e, apesar disso, continuar com sede da água que só Jesus, esposo da humanidade, pode dar. Os cinco maridos podem ser tomados simbolicamente (cinco divindades), e o sexto seria o próprio Javé transformado em ídolo (linguagem simbólica de Oséias). Assim se entra no assunto religioso. Os samaritanos aguardavam um messias diferente – chamado Taeb – do esperado pelos judeus. Ao preconceito racial era acrescentado o religioso. Jesus acaba com esses preconceitos, mostrando que a época dos templos chegou ao fim, pois ele é o novo santuário de onde brota o Espírito fiel: “Está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. E, de fato, estes são os adoradores que o Pai procura” (v. 23).

d. O anúncio que leva à fé (vv. 27-42)
Os discípulos de Jesus continuam presos à mentalidade judaica que discrimina pela raça, sexo e religião. O verdadeiro discípulo – início da comunidade-esposa de Jesus Messias – é a samaritana, que, depois de abandonar o balde, anuncia aos habitantes da cidade seu encontro com um homem, levando as pessoas a conhecê-lo. O diálogo com os discípulos (vv. 31-38) mostra que o alimento de Jesus, sua nova lei, é levar a termo a criação do Pai, restabelecendo a harmonia perdida pela auto-suficiência humana. Jesus é, ao mesmo tempo, o semeador do projeto do Pai e o trigo a ser semeado. A experiência da mulher conduziu as pessoas a Jesus e fez deste o hóspede dos samaritanos. Agora, porém, eles não precisam mais do testemunho dela, pois sabem que Jesus é realmente o salvador do mundo (cf. v. 42). (Vida Pastoral nº 258, Paulus)

sábado, 26 de março de 2011

Dom Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ


O "sim" que transforma


A cada ano, no dia 25 de março a Igreja celebra, com solenidade, a Anunciação do Anjo à Virgem Maria e a Encarnação do Verbo de Deus no seio d'Aquela que é bendita entre todas as mulheres. Trata-se de um dia muito apropriado para rezarmos pelas vocações, pois este é o dia em que Maria deu o seu SIM integral à obra de salvação planejada por Deus e realizada por intermédio d'Ela. É uma oportunidade de trabalharmos pela cultura da vida, pois é o dia em que o próprio Deus se fez homem, a Vida Eterna se fez vida humana e em muitos países se comemora o Dia da Vida. É o momento de rezarmos e apoiarmos as grávidas e as mães, exaltando a Maternidade Divina. Peçamos a Nossa Senhora que as proteja de todo o mal, principalmente aquelas que trazem no ventre os seus filhos.

Na primeira leitura da Liturgia da Anunciação do Senhor (Is 7,10-14;8,10) ouvimos o anúncio do grande sinal do Amor de Deus pelos homens. Deus virá morar conosco, profetiza Isaías, pois o filho que nascerá de uma virgem é o próprio Filho unigênito de Deus que vem ao encontro dos homens para salvá-los e introduzi-los, como filhos, na intimidade divina. A narrativa de São Lucas nos permite presenciar a cena em que se desenrola o cumprimento do grande sinal. Deus anuncia a Maria de Nazaré, por meio de um anjo, o seu desígnio de amor pelos homens, e pede a resposta de Nossa Senhora. O diálogo culminará com o “faça-se” de Maria e a realização do mistério da Encarnação do Verbo de Deus.

Aparentemente nada mudou no mundo, contudo, o Cosmos acabou de ser transformado até as suas raízes mais profundas. O Universo “cheira a novo” como no dia em que surgiu do nada pela primeira vez. A Encarnação redentora do Verbo de Deus, que acaba de acontecer, é uma nova Criação.

Este grande mistério que contemplamos hoje, conduzido pela Liturgia a ponto de nos ajoelharmos durante a profissão de fé, ao proclamar: “e se encarnou”, não possui outra explicação, como o primeiro ato criador, senão o amor infinito de Deus. Deus não desiste do seu desígnio de amor pelas criaturas, e entra no tempo dos homens de um modo novo e inimaginável para nos introduzir na sua eternidade bem-aventurada.

Nunca devemos nos cansar de contemplar e agradecer o amor infinito com que somos amados por Deus, e devemos procurar corresponder com a plenitude de entrega, do modo que o fez a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa mãe.

Na segunda leitura (Hb 10,4-10), o Autor sagrado nos apresenta a perfeita obediência de Jesus ao desígnio salvador do Pai. As palavras que coloca na boca do Senhor “Eis-me aqui: Eu venho para fazer a tua vontade!”, são o resumo da sua vida redentora e a causa da nossa salvação.

Convém, por isso, nunca nos esquecermos de que a vontade de Deus, que é amor, só pode conter desígnios de amor, e, por isso, tudo o que vem de Deus é manifestação de seu amor para nosso bem e felicidade.

A obediência à vontade de Deus é o único caminho para chegar à plena realização e felicidade; o único caminho para ser santo. Por isso, jamais pode ser vista como obstáculo para o exercício da própria liberdade, autonomia e maturidade.

A liberdade é a capacidade de autodeterminação para alcançar o próprio bem. Mas o próprio bem é precisamente a vontade de Deus para nós. Por isso, a obediência é sempre o pleno exercício da liberdade.

A resposta de amor com que o homem e a mulher correspondem ao amor paternal de Deus não é outra coisa que a obediência. Não devemos confundir o amor com a emoção ou sentimento que costuma acompanhá-lo, mas que pode faltar e não se identifica com ele.

As consequências que seguiram da resposta de Maria na Anunciação jamais poderiam ser sonhadas pela imaginação humana, nem sequer a da “Cheia de graça”. Aquele “faça-se” transformou o Universo, levou o tempo à sua plenitude e tornou o momento em que foi pronunciado o centro de referência de toda a História humana. O passado e o futuro da humanidade e da criação ficaram orientados em referência a esse instante em que a eternidade de Deus penetra no tempo humano e dá início à redenção salvadora em Cristo.

O Senhor encarna para se unir de algum modo a cada homem, tornando-se o seu caminho e companheiro na sua Igreja, até conduzi-lo à casa do Pai.

Meditemos nessa solenidade da Anunciação do Senhor especialmente em como um “sim” a Deus tem sempre consequências inimagináveis para a criatura, e como é importante saber discernir a vontade de Deus a nosso respeito nos aspectos transcendentes e nos mais comuns da nossa vida. Não nos esqueçamos de que muitas coisas grandes dependem de que nós vivamos como Deus quer.

Peçamos hoje, pois, a Nossa Senhora a graça de repetirmos, com os fatos, o “faça-se” que Ela disse no dia da Anunciação. [CNBB]