quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


“Evangelizar quem não é evangelizado..."

Quem de nós teria  coragem de ir a Brasília, onde estão os três poderes que nos governam, e onde também é público e notório ser um antro de corrupção? Pregar a Palavra de Deus aos políticos corruptos, aos governantes e legisladores desonestos e anunciar-lhes o Reino da Justiça Divina? Dei o exemplo de uma classe que tem em seu meio pessoas que vivem em um mar de lamas, mas perto de cada um de nós, sempre tem alguém que parece ignorar a Palavra de Deus e o seu Reino, seriam eles as famosas Ovelhas Perdidas da Casa de Israel, como disse o próprio Jesus.
João Batista rompeu com a Cultura e a religião da sua época e foi anunciar o Reino a um público nada recomendável: as mulheres da Vida e os Publicanos e Cobradores de impostos, pessoas desqualificadas, com quem hoje, muitos pregadores não iriam "perder tempo". Aliás, parece que o seu jeito autêntico e coerente de viver a Fé atraia todas as pessoas a ele, para ouvir sua pregação que anunciava algo diferente. O refrão religioso até então era "Cumprir a Lei de Moisés", João estimula seus ouvintes a uma mudança radical de vida, e quem precisa de conversão não são os que estão na comunidade, mas aqueles   que estão fora dela, alheios ao evangelho e ao Reino que Jesus inaugurou.
Este é o mérito de João Batista segundo o próprio Jesus, os Publicanos e Cobradores de Impostos deram-lhe toda atenção e muitos se converteram. João não fazia uma pregação light, adaptada aos usos e costumes das pessoas daquele tempo, mas fala o que tem que ser falado, anunciando um Reino Novo que está chegando e que se fundamenta na Verdade, retidão e justiça. Não facilita para as pessoas falando aquilo que as agrade, não faz média quando anuncia a Santa Palavra e nem com o Grande Herodes, o qual até o admirava, João não teve medo de denunciar o seu pecado de adultério (uma palavra que hoje está quase saindo do nosso vocabulário, e que se tornou pesada e muito dura, até para os cristãos).
Por isso João é comparado por Jesus a uma Voz que grita no deserto, com firmeza e sem rodeios, que não se dobra e nunca se curva diante de valores contrários á Palavra anunciada. A Igreja vive por esses tempos um momento decisivo em sua história, onde o Espírito Missionário impulsiona os Cristãos a irem anunciar, pregar e viver o testemunho da Fé em meio a ambientes aparentemente hostis ao Reino e ao evangelho onde há sempre o perigo dos cristãos serem "engolidos" pelo relativismo, rompendo com a ética e a moral cristã, vivendo um cristianismo não tão exigente e criando um Jesus Cristo que venha mesmo de encontro as suas conveniências. Nesse caso tornam-se caniços que se envergam e se dobram ao sabor do vento.

 O valor de João

A exaltação de João Batista, feita por Jesus, revela a sua importância no projeto de Deus com a encarnação de seu Filho. João era realmente um grande profeta, dando um autêntico testemunho que atraiu a si o povo. Na encarnação, Jesus assume, não só sua humanidade individualizada, mas a humanidade toda, com todos os seus valores, em tudo que é bom, justo e verdadeiro. O próprio Jesus colhe e incorpora estes valores no seu convívio com as pessoas. João Batista é notável pelo seu sentido de justiça e pela ousadia com que se libertou dos vínculos opressores do judaísmo, com sede no Templo de Jerusalém e nas sinagogas. João não é um caniço agitado pelo vento, nem um homem vestido com roupas finas; é um homem livre e dedicado à causa da justiça que promove a vida. Jesus reconhece o valor de João e assume o seu anúncio revelando que é pelo caminho da fraternidade, da justiça e do amor que se faz a comunhão de vida eterna com Deus.
Oração
Pai, que o testemunho fulgurante de João Batista sirva de inspiração para minha adesão ao teu Reino. Que jamais me faltem a firmeza e o despojamento do Precursor.

 A EXALTAÇÃO DE JOÃO

A tarefa de precursor desempenhada por João e a provisoriedade de sua missão poderiam levar os discípulos de Jesus a olhá-lo com desprezo, desmerecendo seu trabalho. Jesus corrigiu esta distorção, exaltando a pessoa de João, a partir de sua inserção no projeto salvífico de Deus. A chegada do Messias Jesus não deveria ser motivo para relegar o Batista ao esquecimento. Tanto um quanto outro estavam a serviço do mesmo projeto divino.
A figura ascética de João, vivendo no deserto e exercendo aí sua tarefa, superava à dos antigos profetas. Ele era a realização do que os profetas haviam anunciado. Era o mensageiro enviado por Deus para preparar os caminhos de seu Messias, convocando o povo à conversão e praticando um batismo de penitência. Sua disponibilidade para colaborar com Deus, no seu desígnio de levar a salvação à toda humanidade fazia dele o maior dentre os nascidos de mulher. Faltou-lhe apenas ter sido discípulo do Reino anunciado e instaurado pelo Messias que ele tinha proclamado. Quem acolheu a pregação de João e se converteu de seus pecados, deu razão a Deus, reconhecendo, no Batista, o sinal da presença divina na História. Quem se mostrou insensível aos seus apelos, recusando-se a converter-se, frustrou os planos de Deus e ficou privado da salvação. Assim, a posição tomada diante de João foi uma posição tomada em relação a Deus.
Oração
Senhor Jesus, que o apelo de João à conversão e à penitência encontre eco no meu coração, colocando-me no caminho que me leva a ti.

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