sábado, 23 de abril de 2011

Os símbolos pascais


O simbolismo do fogo
 Reconhecido pelos antigos como um dos quatro elementos do mundo, o fogo é um princípio ativo. Suas características são certa “materialidade” ou “espiritualidade”, que o torna próximo a Deus. Tem capacidade de purificar e regenerar. Os ritos de purificação são bem conhecidos: basta lembrar as queimadas que preparam o manto verde da natureza; o crisol onde são purificados os metais etc. Em sentido translato, o fogo representa o amor, as paixões que se aninham nos corações. Na Bíblia, o fogo é sinal da presença e ação de Deus no mundo (1Rs 19,12), é expressão da santidade e transcendência divinas. As teofanias sob a forma de fogo marcam momentos ímpares da revelação de Deus: no Horeb (Ex 3,2ss) e Sinai (19,18ss), e são importantes do ponto de vista da vocação de alguns profetas (Is 6,6; Ez 1,4; cf. 2Rs 2,11).
 Na liturgia da Vigília Pascal, o fogo representa a grande teofania de Deus: a nova criação realizada na ressurreição de Jesus. (Onde for possível, permitir aos participantes expressarem o significado que o fogo possui.)


O simbolismo da luz
 A luz é força fecundante, condição indispensável para que haja vida. Em oposição às trevas, símbolo do mal, da infelicidade, da perdição e da morte, a luz exalta o que é belo e bom. Na Bíblia, Deus é luz (Sl 27,1; Is 9,1). Jesus é a luz do mundo (Jo 8,12; 9,5). Quem crê se torna luz (Mt 5,14), reflexo da luz de Cristo (2Cor 4,6). A vida inspirada pela fé é um “caminhar na luz” (1Jo 2,8-11). A transfiguração de Jesus, manifestação de sua filiação divina, é uma antecipação da glória pascal que ilumina os que crêem.

Entre todos os simbolismos que derivam da luz e do fogo, o Círio Pascal é a expressão mais forte por sua riqueza de significados. É a fusão da lua cheia de Nisan (símbolo da salvação pascal) e o rito da luz (quando, à tardinha, os hebreus acendiam as lâmpadas), que é uma ação de graças pelo dom da luz. Representa Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte (os cravos do Círio), Senhor da história (os algarismos), princípio e fim de tudo (A e Z), sol que não conhece ocaso. É aceso com o fogo novo, produzido em plena escuridão, pois na Páscoa tudo renasce.

A tipologia da luz é descrita no Exultet, que forma um todo orgânico com o anúncio da libertação pascal. A aclamação “Eis a luz de Cristo” é um memorial da Páscoa. A procissão com o Círio marca a presença de Cristo no meio do seu povo.



O simbolismo da água
A água é símbolo da vida. Representa a eficácia do sangue redentor de Cristo, comparado à água que lava. A descida do catecúmeno à fonte batismal é assimilada à descida de Cristo às profundezas da terra. A imersão do Círio Pascal na água é a união do elemento divino com o humano, a força fecundante de Cristo, gerador de vida nova, para que todos os que se banharem nessa água fecundada se tornem filhos de Deus. (Estas considerações sobre os principais símbolos da Vigília Pascal foram extraídas do Dicionário de Liturgia, Paulus, São Paulo, 2ª edição, 2001.) [Fonte: Vida Pastoral nº 253, Paulus]

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