segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá - PR


O abraço de cada dia

Nestes dias em Visita Pastoral nas paróquias de Cruzeiro do Sul, Uniflor, Paranacity e Inajá pude viver muitas experiências edificantes e de grande valia para o meu ministério. Tive contatos com as realidades religiosa, social e política de cada município e, de maneira especial, conheci melhor as lideranças que atuam nas pastorais e movimentos eclesiais, formando uma verdadeira frente de trabalho na Ação Evangelizadora.

Como em outras ocasiões, a grande motivação para esta missão do bispo é o conhecimento, pois só se ama aquilo que se conhece, como diz Santo Agostinho. No meio a tantos contatos, no ambiente escolar, junto aos pequenos e grandes, aos professores e funcionários, o que mais me alegrou foi ver as escolas repletas. Porém, faltam vagas para acolher a todos. Escolas com disciplina, com organização, com pessoas preparadas para viver o dia a dia.

Mesmo sabendo que a missão é árdua, todos parecem cientes de que um é que semeia e outro é que colhe. Como me fez bem ver e ouvir pessoas felizes trabalhando na educação. Uma diretora dizia: "Aqui estão os meus filhos. Eu amo esses jovens, pois eles são maravilhosos". Um outro aspecto marcante: Em uma das paróquias, o padre tem o costume de ficar, em alguns dias, na frente da casa paroquial enquanto os alunos passam para ir à escola. Um deles, de seis aninhos, quando vê o padre se aproxima e dá um abraço e segue contente o caminho para sala de aula.

Um determinado dia ele passa, vê o padre e não faz a costumeira saudação ao seu amigo. Aliás, eu o conheci na comunidade, pois é sempre o primeiro a chegar à Igreja e sempre pronto a prestar serviço. Então o padre reclama: "E o meu abraço amiguinho?" Ele responde: "Hoje não tem. Estou estressado"! Quando o padre me contou o fato eu me perguntei: Como estar estressado às 7h, um menino de seis aninhos? O que será que aconteceu para que ele se sentisse estressado ao ponto de não querer o abraço do bom amigo de todos os dias?

Não é o caso de muitas explicações, mas não deixa de ser um fato que toca também os grandes. Como faz bem receber um abraço quando se está estressado. Como faz bem receber um abraço quando começa ou termina o dia, mesmo sem estresse. Como faz bem à mente e ao coração o carinho e o afeto do povo, ao chegar às comunidades, nas repartições públicas, nas casas dos doentes, nas empresas, nas escolas, e ao encontrar as pessoas nas ruas. Ninguém é de ferro.

Chega o fim do dia cansado, porém um cansaço que não pesa, que faz a gente dizer: Que dia abençoado! Quanta gente encontrei! Quantas coisas bonitas! Quantas dificuldades, quantas coisas a serem feitas! Quantos desafios na educação, nas famílias, no meio da juventude! Quanto trabalho na evangelização a ser feito! Em uma das cidades, durante a visita ao hospital, um dos médicos, muito jovem e animado com o trabalho, entusiasmado com o futuro da instituição, dizia: "Eu venho ao hospital mesmo quando não é o meu plantão. Eu amo o que faço! Fico feliz por tantas coisas bonitas e positivas, que existem em nossa realidade.

O trabalho mais gratificante na missão do bispo são as Visitas Pastorais, pois é ali, no meio do povo de Deus, que posso abraçar e ser abraçado. Não deixe de dar um abraço, mesmo quando estiver estressado. [CNBB]

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