sábado, 10 de agosto de 2013

Comentário do Evangelho - A paixão e morte de Jesus são para a vida


De São Lourenço nos recordamos da grelha, mas possivelmente nos lembremos que ele, sendo diácono da igreja de Roma, era encarregado de atender aos pobres. O imperador romano nesse tempo era mais interessado em arrancar dinheiro da Igreja do que em eliminar uma nova fé, ao lhe ser pedido que entregasse às autoridades civis suas riquezas, só conseguiu uma declaração solene de que as únicas riquezas que a Igreja possuía eram os seus pobres, aos quais servia... Ocupam hoje os pobres o centro do nosso interesse e das nossas preocupações?
Servimos a eles com todas
as nossas forças?
 
       Jesus está em Jerusalém para a festa da Páscoa. Aproxima-se o tempo da glorificação de Jesus: "Chegou a hora em que este Homem será glorificado" (Jo 12,23). A glorificação de Jesus vai se dar por sua paixão e morte. A imagem do grão de trigo ajuda a compreender o caminho de glorificação de Jesus. Para produzir fruto, o grão de trigo tem que cair na terra; esta queda na terra é a condição da fecundidade da semente. A paixão e morte de Jesus, seu sofrimento e seu sepultamento, não são estéreis, são para a vida. Aqui, em João, o grão é identificado com o próprio Cristo, à diferença das parábolas do Reino dos céus (Mt 13,3ss), em que a semente é identificada com a Palavra de Deus.
 
       Com esta pequena parábola do grão de trigo que cai na terra, Jesus dá sentido à sua paixão e morte: "... produz muito fruto" (v. 20). o fruto de sua glorificação é a vida do mundo: "O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6,51).
 
       O que se espera do discípulo é sua identificação com o Mestre: "O discípulo não é mais que o mestre, nem o servo maior que o seu senhor; ao discípulo basta ser como o seu mestre, ao servo como o seu senhor" (Mt 10,24-25). Esta identificação impõe ao discípulo aceitar livremente a vida proposta por Jesus. Nesse sentido, o caminho de glorificação de Jesus é o caminho para o discípulo que deve ser caracterizado como servidor do Reino de Deus (cf. v. 26; Jo 13,12-15).
 
       O discípulo atualiza e prolonga na história a entrega de Cristo. A vida verdadeira está no desapego, inclusive no desprendimento da própria vida. É o apego à vida que gera o medo de perdê-la. A vida brota do grão de trigo que cai na terra. Esta entrega é fruto do amor: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13).
 
 Carlos Alberto Contieri, sj
 
ORAÇÃO
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.

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