quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Comentário do Evangelho - A presença da libertação

Aquelas pessoas andavam procurando Jesus e queriam segurá-lo consigo. Para quê? Para que fizesse o que elas queriam e como queriam. Nós também corremos o risco de querer dizer a Deus o que ele tem de fazer e como o deve fazer. Para alguns continua em vigor aquilo que se dizia "fora da Igreja não há salvação”. Mas Deus é sumamente livre para buscar seus próprios caminhos para chegar até as pessoas. Em alguns casos veremos a pessoa aproximar-se da Igreja, em outros não. Mas, no final, o importante é isso: que Deus toque nosso coração e nos salve.
 
     O ministério de Jesus pode ser definido como um serviço continuo à libertação do ser humano. Posicionando-se a favor deste, fragilizado pelo pecado, o escopo de sua ação messiânica era, exatamente, o de torná-lo resistente ao influxo do mal.
 
     A libertação expressava-se em forma de cura das doenças que impedem a pessoa de servir seus semelhantes, como foi o caso da sogra de Pedro. Libertar era expulsar demônios, cuja ação maléfica incapacitava o ser humano para a comunhão fraterna e a solidariedade. Libertadora era sua pregação da Boa Nova do Reino de Deus, que consistia em revelar a benevolência do Pai, preocupado em cancelar os efeitos do pecado no coração humano. Igualmente libertadora era a presença de Jesus junto aos pobres e sofredores, reacendendo neles a esperança de viver.
 
     As multidões eram sensíveis à esta dimensão do ministério de Jesus. Por isso, iam à sua procura, e queriam impedi-lo de seguir adiante. Houve, talvez, quem o tivesse visto como um curandeiro extraordinário, um milagreiro ambulante. O Mestre, porém, recusou a fazer este papel. Sua missão libertadora colocava-se a serviço do Reino de Deus e apontava para uma libertação radical que só se experimenta junto do Pai. As libertações terrenas eram apenas antecipações daquela que haveria de vir em plenitude.
 
Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE
 
Oração
Espírito de libertação, liberta-me de tudo quanto me impede de aderir, sem reservas, ao projeto de Deus, antecipando a libertação definitiva que há de vir.

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