sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Comentário do Evangelho - Para que exagerar?

É surpreendente a última frase de Jesus. Diz que ninguém que prove do vinho velho quererá o vinho novo. E é preocupante porque isso significa que existe gente que pode ficar agarrada ao passado. Agrada-lhes tanto o vinho velho que não sabem apreciar as qualidades do vinho novo, jovem, um pouco revolucionário, de sabor mutante, com muitas arestas. O Reino de Deus traz toda essa novidade consigo, está crescendo agora, está em seus momentos iniciais. O primeiro toque pode despistar um pouco, mas é um vinho encorpado. Deus, nosso Deus, o Deus de Jesus, nos espera sempre com o vinho novo.
 
 
       O modo de proceder de Jesus e seus discípulos contrastava com o de outros grupos. Os discípulos de João Batista, mesmo após a morte do mestre, continuaram a seguir seus ensinamentos rigorosos, preparando-se para a chegada do Messias. Os fariseus e seus seguidores faziam um jejum suplementar, duas vezes por semana. Igualmente o faziam os mestres da Lei.
 
       Estes exageros e rigorismos pouca importância tinham para Jesus. Seus discípulos foram instruídos para seguir por uma outra estrada. As práticas de piedade estão subordinadas à presença do Messias, comparado com um esposo. Alegria ou tristeza, penitência ou regozijo dependerão do momento: se o Messias está presente, é tempo de alegria pela salvação; se está ausente, é tempo de espera paciente, com a respectiva exigência de vida austera.
 
       Em todo caso, é preciso manter-se longe do velho esquema judaico. Seria pernicioso deixar-se contaminar por ele. Aliás, trata-se de uma mentalidade ultrapassada, que deve ser deixada de lado.
   
      Para entender o modo de pensar de Jesus, é preciso abrir-se para a novidade por ele anunciada. Seria inconveniente querer unir seu modo de pensar e agir àqueles já superados. A sabedoria do Reino exigia, pois, moderação no jejum e nas orações.
 
Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE
 
Oração
Espírito de comedimento, livra-me de praticar uma religião feita de piedade exagerada, que prescinde da alegre presença do Senhor na nossa História.

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