Já vi escrito em muito para-choque  de caminhão, que “O pobre vive de teimoso”, uma frase que embora irônica tem um  fundo de verdade, pois teimosia nesse caso, é sinônimo de perseverança,  paciência e esperança, virtudes que são na verdade o tempero da nossa fé,  porque a fé que não persevera, que não é paciente e não traz no coração a  esperança, é morta, pois segundo São Tiago, a Fé deve ser sempre vivenciada e  transformada em obras.
         No olhar do pobre encontramos um brilho de esperança,  basta ver as filas em busca de algum benefício nos bancos ou em repartições  públicas, ou até mesmo em fila de liquidação nas grandes lojas, o pobre é capaz  de varar o dia, a noite e a madrugada, para guardar um lugar, sempre  esperançoso de alguma melhora ou benefício.
          Não se quer dizer que  estas virtudes sejam exclusivas do pobre, mas é que o rico não tem muita  paciência e perseverança e nem seria necessário, uma vez que o dinheiro compra  tudo nesta vida, fazendo com que o rico coloque toda sua segurança em seu  patrimônio e no dinheiro e, portanto, essas virtudes sempre nascem e são  cultivadas no coração do pobre por causa da sua necessidade, que o leva a  pedir. É esse o caso dessa viúva que aparece no evangelho desse domingo, pois  naquele tempo não havia leis que protegiam e davam garantias à mulher, no caso  do falecimento do esposo e a viuvez, junto com a orfandade, era sinônimo de  desamparo e abandono, já que o parente mais próximo do falecido, apossava-se de  todos os seus bens sobrando para a viúva a triste sina de viver de esmola, pois  a mulher não tinha direito de propriedade.
          Na lógica humana a  viúva não tinha outra alternativa se não a de resignar-se com a sua sorte, pois  o juiz dificilmente iria lhe fazer justiça, já que a corda sempre arrebenta do  lado mais fraco. Conformismo e resignação parecem fazer parte da índole do  nosso povo, que deixa o destino da nação nas mãos de certos homens  inescrupulosos, sem se importar com os rumos da política ou da economia,  tornando-se uma perfeita “Vaquinha de presépio”, engolindo tudo que é sapo,  ignorando a sua cidadania e seus direitos essenciais. Mas não é esse o caso da  viúva, ela não se conformou com o abandono e a exploração da quais as viúvas  eram vítimas e resolveu “virar a mesa” indo à luta por aquilo que considerava  justo. Não se sabe quantas vezes ela bateu à porta desse juiz, mas a se julgar  pelo temor do magistrado, não deve ter sido só duas ou três e nem foi tão  pacífica assim. Claro que exercício de cidadania não deve ser confundido com  arruaça e vandalismo.
          Os maus governantes  sempre tremem na base, quando o povo toma consciência de seus direitos e vai à  luta por eles, foi o que aconteceu com esse juiz, que não temia a Deus e nem  respeitava homem algum, mas que diante da insistência e da teimosia da mulher,  acabou cedendo e atendeu o seu desejo fazendo-lhe justiça contra seu  adversário, que certamente queria ficar com seus bens. O evangelho nos mostra a  qualidade da verdadeira oração, que não pode ser “imediatista” e onde se quer  que Deus atenda o pedido “pra ontem”, as demoras de Deus requer do verdadeiro  crente a paciência e confiança.
          A oração também não  deve ser uma forma de se forçar Deus a fazer a nossa vontade, realizando  coisas, ou consertando certas situações que são de nossa única  responsabilidade. A viúva soube unir oração e ação, com uma fé consciente e  responsável, que crê, persevera, insiste, persiste, espera e vai à luta, para  mudar o placar adverso Deus é a força e a teimosia do pobre pois ouve sempre seu clamor e  jamais deixará de atendê-lo. Aquela fé mágica e comodista, de quem só quer  vento a favor e espera sempre um milagre de Deus, sem mover uma só palha, é uma  fé que nada constrói e nem agrega nessa vida: QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO  ESPERA ACONTECER!
José da Cruz é Diácono da 
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
ORAÇÃO
Pai, faze-me pobre e simples diante de ti, de modo que minhas súplicas sejam atendidas, pois jamais deixas de atender a quem se volta para ti na humildade de coração.
Pai, faze-me pobre e simples diante de ti, de modo que minhas súplicas sejam atendidas, pois jamais deixas de atender a quem se volta para ti na humildade de coração.
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário