terça-feira, 30 de julho de 2013

CARTA MCC BRASIL – AGO 2013 (168ª.)

Ele chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois 
e deu-lhes pode sobre os espíritos impuros” (Mc 6,7).
“O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente  a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir”. (Lc 10,1). 
 
Muito amados irmãos e irmãs, benevolentes leitores de nossas reflexões mensais: 
 
Como fazemos todos os meses, também neste mês de agosto vamos beber, na fonte cristalina da Palavra de Deus acima, a inspiração para nossas reflexões e o estímulo e força para pô-las em prática. Dois momentos se destacam nesta Carta: o primeiro lembrando algumas palavras do Papa Francisco na Missa de Envio no último dia da Jornada Mundial da Juventude, e o segundo tratando de fazer presente a característica do mês de agosto na Igreja do Brasil, como sendo o Mês das Vocações. 
 
1. A presença do Papa Francisco na JMJ ainda ressoa.  Sem voltar a todos os pronunciamentos do Papa durante sua permanência de uma semana para a Jornada Mundial da Juventude (o que, aliás, seria impossível e, até, inoportuno, fazer aqui), tendo como pano de fundo seu próprio testemunho de vida abundantemente demonstrado nesses dias, proponho à nossa reflexão três mensagens principais, definidas por ele como “três palavras“, durante a homilias da última missa celebrada na JMJ na presença de mais de três milhões e quinhentas mil pessoas, chamada de “Missa de Envio”.
 
a) Compartilhar a fé. A primeira delas falou de partilha: “A experiência desse encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história”. E continuou enfatizando ainda mais: “Saiam às ruas, como fez Jesus”. E foi incisivo até o extremo: “Se a Igreja não sair às ruas, ela se converte numa ONG”!
 
b) Combater o medo de evangelizar. A segunda mencionou o medo de evangelizar, que deve ser combatido, de acordo com o papa, em conjunto. “Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos”, recomendou, ao mesmo tempo em que convocou a Igreja a apoiar os jovens.
 
c) “Servir” como Jesus serviu. A última etapa da mensagem foi dedicada ao “servir”. Francisco pediu aos jovens que a vida de cada um “se identifique com a vida de Jesus”, que seria uma “vida para os demais”. E, como já é quase uma constante em seus pronunciamentos, o Papa Francisco insistiu na “saída da Igreja para as ruas”, para as “periferias não só geográficas, mas existenciais”, isto é, para os inúmeros ambientes dos quais todos participamos.
 
Uma pergunta. Não podemos concluir essas considerações sem que fique, tanto para mim mesmo como para cada um dos leitores e leitoras, para os nossos Movimentos e Comunidades – e aqui faço especial referência ao Movimento de Cursilhos – uma pergunta clara e direta: Não seria este o momento mais do que oportuno para sair de nossos grupinhos mais ou menos fechados, ou da intimidade de nossas paróquias, e irmos “para as ruas” – como proclama o Papa –, para as “pequenas comunidades” tanto geográficas como “existenciais”? Por que, ao final das reuniões de nossos grupos, núcleos ou comunidades, após a tradicional indagação “o que mais me fez crescer hoje”, não acrescentamos outra pergunta ainda mais comprometedora: “a partir das minhas reflexões sobre a Bíblia, como testemunho de vida, fiz crescer as ‘periferias existenciais’ que me cercam e com as quais estou envolvido?”
 
2. Agosto, o mês das vocações.
Cada domingo do mês e a semana subsequente referem-se a um carisma próprio do chamamento:
1ª semana – Ministérios ordenados (bispos, presbíteros e diáconos);
2ª semana – Família (particularmente os pais);
3ª semana – Consagrados e Consagradas;
4ª semana – Leigos e leigas (com seus serviços e ministérios). 
Com essa disposição, fica muito clara a vocação laical que abrange não somente a participação nos serviços paroquiais como, sobretudo, o envolvimento prioritário do leigo e da leiga. Nesse contexto, não só é oportuno como absolutamente necessário lembrar algumas orientações do Magistério da Igreja que, parece, até agora não foram devidamente assimiladas e postas em prática, seja pelos que deveriam ser os primeiros interessados, os próprios leigos, seja pelos muitos membros da hierarquia (a começar por muitos senhores párocos e outros sacerdotes) que vêm nos leigos apenas prestadores de serviço em suas paróquias, autêntica mão de obra gratuita! Sem falar de um inteiro Documento dedicado à “Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo” de João Paulo II, cito dois deles que deixo à reflexão dos meus leitores:
Os leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização. A sua primeira e imediata tarefa não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial, esse é o papel específico dos Pastores, mas sim, o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes, nas coisas do mundo. O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos “mass media” e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para as promover e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo” (nº 70 da Exortação Apostólica A Evangelização no Mundo Contemporâneo de Paulo VI).
 
Também o Documento de Aparecida refere-se explicitamente aos leigos e à sua vocação e missão: “Os fiéis leigos são ‘os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Eles realizam, segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo’. São “homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja” (DAp 209) Mais: “Sua missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo que, com seu testemunho e sua atividade, eles contribuam para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho. Além disso, eles têm o dever de fazer crível a fé que professam, mostrando autenticidade e coerência em sua conduta (id 210).
 
Concluo com um abraço fraterno a todos os meus leitores e leitoras, especialmente aos leigos e leigas, desejando que, sobretudo neste mês de agosto, quando, ao celebrarmos a Assunção de Maria, dela deveremos lembrar-nos como a primeira leiga discípula missionária de Jesus, a ser imitada por todos os seus filhos.
pe beraldo
Pe. José Gilberto BERALDO

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