sexta-feira, 18 de março de 2011

São Cirilo de Jerusalém



Da vida de São Cirilo, anterior ao episcopado, sabe-se apenas que era sobrinho do bispo de Alexandria, o qual, provavelmente, o encaminhou aos estudos e o ordenou sacerdote.

Em 412 foi escolhido bispo e patriarca de Alexandria, no Egito, apesar de certa oposição de um partido contrário. Cirilo tornou-se conhecido sobretudo por sua posição firme em defesa da fé na controvérsia contra Nestório Pois bem, no século IV, tinha-se aberto o debate teológico sobre a pessoa de Cristo com o arianismo, que negava a Jesus Cristo, Verbo encarnado, a igualdade com Deus Pai. Santo Atanásio, patriarca de Alexandria, foi então o principal defensor da doutrina católica no Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, cujo marco doutrinal é o credo que nós rezamos.

Um século depois, reabriu-se outro debate, sobre a pessoa de Cristo. Um monge de nome Nestório de Antioquia da Síria tinha sido elevado à cátedra de Constantinopla, e seu ensinamento vinha escandalizando os fiéis. Segundo ele, em Jesus Cristo havia duas pessoas: a pessoa divina habitava no homem, Jesus, como alguém numa tenda; em consequência não havia unidade pessoal das duas aturezas, divina e humana, em Cristo, e as ações de Cristo, mesmo a paixão e morte, não eram próprias de Jesus Deus, mas de Jesus simples homem. Nestório combatia também o título que tradicionalmente o povo dava a Maria, chamando-a Mãe de Deus. A reação entre os próprios fiéis era grande e esta novidade doutrinal ficou conhecida por todo o Oriente.

Desde o início da difusão desta doutrina, levantaram-se no Oriente teólogos e pastores que se lhe opuseram. O mais decidido foi Cirilo, patriarca de Alexandria. Primeiro, tentou os meios pacíficos para conseguir que Nestório retirasse sua afirmação que Nossa Senhora não devia ser chamada Mãe de Deus. Cirilo dizia a Nestório: "Os fiéis com o próprio bispo de Roma, Celestino, estão muito escandalizados; concedei, rogo-vos, a Maria o título de Mãe de Deus. Não é doutrina nova a que vos peço professar; é a crença de todos os Padres até aqui Nestório respondeu com insultos e calúnias. Cirilo então consultou o Papa Celestino e, ao receber resposta favorável, foi reunido um novo Concílio Ecumênico, em Éfeso, em 431. Aquele movimentado concilio aberto, num clima de profunda animosidade popular contra Nestório, acabou rejeitando a doutrina nestoriana e proclamando a doutrina ortodoxa em favor da maternidade divina de Maria Santíssima.

A tradição diz que ao saírem os bispos da sala do concílio foram recebidos por estrondosas aclamações do povo, que organizou entusiasticamente uma procissão à luz de tochas.

A memória do Concílio de Éfeso ficou gravada nos mosaicos que o Papa Sisto III mandou colocar no arco triunfal da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, e que ainda hoje se podem admirar. A doutrina ortodoxa foi enunciada com estas palavras: "Há um só Cristo, um só Filho de Deus, um só Senhor; e pela união, não confusão, das duas naturezas, divina e humana em Cristo, a santa Virgem Maria é chamada Mãe de Deus”

O nestorianismo, porém, não morreu logo, e São Cirilo teve que sofrer perseguições e calúnias pela sua ação enérgica em defender a fé. No entanto, ele procurou criar um clima de união e paz, mesmo com seus adversários. Cirilo faleceu em 444, e a Igreja, como reconhecimento de seus méritos, declarou-o Doutor

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