segunda-feira, 21 de março de 2011

Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Tempo de Oração

Uma das práticas pedidas para realizarmos na Quaresma é a oração. Escutamos isso desde a Quarta-feira de Cinzas. Entramos neste tempo de “deserto” para o encontro com o Senhor e para aprender a não cair na tentação e buscar uma vida de verdadeira conversão. Somos convidados por Jesus a experimentar a delicadeza do silêncio, a buscá-Lo pela oração.

Necessitamos de orar sem cessar. Somos chamados a viver uma vida de oração. O tempo da Quaresma, portanto, quer nos ajudar a reavivar a nossa vida orante, retomando a nossa iniciação cristã que supõe também a iniciação à oração. Como estamos neste tempo de reavivar o dom da vida cristão, da vida batismal, supõe-se também retomar com mais afinco a vida de oração. A quarta parte do Catecismo da Igreja Católica trata justamente da “oração cristã”, o que supõe que essa dimensão deve estar presente em toda a nossa missão catequética. Aproveitamos estes quarenta dias de retiro para aprofundar e retomar essa prática com mais fervor.

Somente quem faz um salutar silêncio conseguirá ouvir a voz de Deus, ouvir o que o Senhor tem a falar a cada um de nós, buscando os dons do Santo Espírito para discernir sobre o que é fundamental na nossa intimidade com o Ressuscitado, que está presente no meio de nós.

Esses dias dedicados à incessante oração, ao jejum, à penitência, à esmola, a uma boa confissão sacramental, a viver refletindo os acontecimentos da salvação na via sacra e a nossa responsabilidade social com a Campanha da Fraternidade, conhecido como tempo quaresmal, é um tempo favorável de conversão, entendida principalmente como uma mudança de mente e coração, centrando-se na presença de Deus no mundo. Por isso, viver este tempo favorável rezando é se colocar no silêncio da presença do Senhor escutando-O e manifestando nosso coração diante d’Ele. Deixemos que nossa juventude espiritual se renove para preservar a alegria de caminhar com Cristo até o fim, de chegar até o fim da corrida, sempre com o entusiasmo de ser chamados por Cristo para este grande serviço de viver e de anunciar o Evangelho da Salvação.

Agora é tempo de estar atentos à nossa vida espiritual, ao nosso ser com Cristo que terá como consequência uma prática mais coerente de vida cristã. Nesse sentido somos convidados incessantemente a orar e meditar sobre a Palavra de Deus. Nessa época de utilitarismo, passar um tempo em silêncio e meditação não é tempo perdido, ao contrário, é um tempo de saborear a presença de Deus pela meditação da Palavra que nos levará a aprofundar a nossa vida cristã, e com isso faremos uma inserção maior e mais proveitosa na vida em Cristo. Assim, estaremos ouvindo a voz da Igreja que nos chama à conversão e, consequentemente, à missão.

Estar com Cristo é tomar consciência da importância da oração na sua vida para aprender a dedicar-se com generosidade ao Serviço de Deus. Assim, para chegar à intimidade e ao Serviço do Senhor precisamos do silêncio de todo o próprio ser, o que requer zonas de silêncio efetivo e disciplina pessoal, que favoreçam o contato com Deus. Sabemos como necessitamos dessa respiração, que é rezar! Essa dimensão orante faz parte de nossa iniciação cristã!

Nossa vida, neste tempo favorável de penitência e de conversão, deve ser um oásis de oração e de recolhimento. Mesmo que tenhamos que trabalhar nas mais variadas atividades, sempre devemos aproveitar neste tempo santo o silêncio de nosso labor, para que, fazendo um bom exame de consciência, trilhemos o itinerário da conversão e da mudança radical de vida.

Assim, nossa oração e nosso retiro quaresmal produzirão frutos abundantes, oferecendo os auxílios oportunos para realizarem tudo o que o Senhor espera de cada um de nós, para bem da inteira Comunidade cristã.

Rezemos, assim, por todos os que sofrem as privações dos desastres naturais, particularmente nas intenções do povo japonês que, além da nossa oração, necessita do nosso gesto concreto de solidariedade e de partilha.

Que matriculados na escola de Jesus aprendamos a vencer as tentações do ser, do poder, do orgulho, da autossuficiência. Eis o tempo favorável, eis o dia da Salvação! Aproximemo-nos do Senhor e, consequentemente, estaremos mais próximos de nossos irmãos. [CNBB]

Homem de fé é aquele que não vê e mesmo assim não desiste. (Pe. Fábio de Melo)

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