sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Comentário do Evangelho - O velho e o novo

Neste texto, a abordagem dos fariseus a Jesus é sobre a questão do jejum praticado por eles e pelos seguidores de João. Jesus responde com três imagens: a da festa de casamento, a do remendo e do vinho novo. Falando do noivo, ele se refere ao Messias. O casamento é tempo de festa, de alegria e amor partilhados. Não se jejua durante uma festa de casamento. A roupa e o vinho também se relacionam com a festa. E não combinam com jejum. O Messias não vem para pôr remendos em roupa velha, nem vinho novo em odres velhos. O jejum agradável a Deus é um coração novo. É o jejum de tudo que contra o amor: o ódio, a violência, o não perdão, o revide, a vingança, a prepotência e arrogância. O vinho novo alimenta uma vida nova de relacionamentos fraternos de justiça e de paz.

     Vivendo numa sociedade religiosa muito tradicional e conservadora, a pregação de Jesus colocou a novidade que trazia em conflito com os esquemas esclerosados, dos quais as lideranças religiosas não queriam abrir a mão.
 
     A questão do jejum situa-se neste contexto. Os mestres da Lei e os fariseus, seguidos pelos discípulos de João, davam grande valor à prática do jejum, mostrando-se muito fiéis a esta tradição. Por isso, a orientação dada aos discípulos contrastava com o pensamento deles. Mesmo sem negar o valor do jejum, Jesus lhe dava pouca importância. Sua missão centrava-se em algo muito mais importante: levar as pessoas à prática do amor, a melhor forma de se mostrarem reconhecidas a Deus e ser-lhe agradáveis.
 
     A compreensão e a aceitação do ponto de vista de Jesus supunha predisposição para abraçar a novidade que proclamava, sem colocar obstáculos. Querer misturar as coisas seria como remendar roupa velha com um pedaço de pano novo, ou depositar vinho novo em recipientes velhos. Ambas as situações seriam desastrosas: a roupa ganharia um rasgão ainda maior e o vinho se derramaria todo. Mais prudente seria fazer a roupa toda com pano novo, e guardar o vinho em recipientes novos.
 
     Assim, os discípulos foram alertados sobre a incompatibilidade entre o novo, pregado por Jesus, e o velho defendido pelos líderes religiosos. A prudência exigia que fossem cautelosos.
 
Pe. Jaldemir Vitório
 
Oração
Pai, abre meu coração para acolher a novidade trazida por Jesus, sem querer deturpá-la com meus esquemas mesquinhos e contaminá-la com o egoísmo e o pecado.

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