domingo, 18 de novembro de 2012

Meditaçao - “Há uma esperança para o teu futuro” (Jer. 31,17).


    Estamos no penúltimo domingo do “ano litúrgico B” e a liturgia, ao propor leituras que fazem referência “aos últimos tempos”, quer nos convidar à “vigilância”; de modo especial, o evangelho de hoje é tirado do “discurso escatológico” ou “pequeno apocalipse de Marcos”.
       Trata-se de um anúncio esperançador e certo. A esperança é reforçada pela imagem da figueira que, carregando-se de brotos, anuncia a primavera. Esse é nosso destino: caminhamos para uma Primavera que não conhecerá ocaso. A certeza disso está enraizada na promessa de Jesus: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão”.
Na verdade, os discursos escatológicos e os anúncios apocalípticos, apesar de sua aparência, são sempre um chamado à esperança. Esperança que não é uma projeção para um futuro incerto e que serve para fugir do presente ou para poder “suportá-lo”.
Por este motivo, não podemos entender a esperança como mera “expectativa” que nos afasta do presen-te, na promessa de algo que nos faça sentir melhor em outro tempo e em outro lugar.
A autêntica esperança, no entanto, não só não nos afasta do presente, senão nos enraíza nele. Porque, realmente, só há uma esperança: aquela que corresponde ao desejo de viver intensamente o “Agora”. Essa é a única coisa que aspiramos: reconhecer-nos e viver na Plenitude do que é, no Presente pleno, na Presença que somos. Presente que se abre ao novo futuro. E para este “novo tempo” nos dirigimos quando nos permitimos viver no coração do Presente, quando nos deixamos encontrar por ele.

       Frente a uma “visão imediatista” da história, sem meta e sem sentido algum, a esperança cristã  leva a sério todas as possibilidades latentes na realidade presente.
Precisamente porque quer ser realista e lúcido, o cristão se aproxima da realidade, vendo-a como algo inacabado e “em marcha”; não aceita as coisas “tal como são”, mas “tal como deverão ser”. Quem ama e espera (esperançar) o futuro (“novos céus, nova terra”) não pode “conformar-se” com a realidade tal como é hoje.
       A esperança não tranquiliza, inquieta; introduz “contradição” com a realidade; gera protesto; nos desperta da apatia e da indiferença próprias do ser humano contemporâneo; nos desinstala
       A esperança cristã destrói os “germes de resignação” da sociedade moderna e combate a “atrofia espiritual” dos satisfeitos. Por isso, a esperança cristã não é só “interpretação” do mundo e da condição humana. É esforço de transformação. Introduz na sociedade sede de justiça e compromisso de humanização.

Aquele que vive com esperança se sente impulsionado a fazer o que espera.
O futuro que espera se converte em projeto de ação e compromisso.
E este compromisso é precisamente o que gera esperança no mundo.

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