O que sai do coração
    Jesus está diante de "inquisidores" enviados pelos chefes 
religiosos de Jerusalém à Galileia. Sua função é espiar Jesus e preparar o 
arquivo para a condenação. Todas as faltas devem ser anotadas. Então o 
questionam porque percebem que alguns discípulos seus comem com as mãos impuras. 
Estão infringindo a tradição dos antigos. Está em foco a questão da "tradição", 
que é mencionada seis vezes no texto. No caso atual estão sendo feridos os 
códigos de pureza, que eram um dos elementos fundamentais para definir a 
identidade étnica e nacionalista do povo, dentro da reivindicada característica 
de superioridade da eleição por Deus. Jesus remove estes princípios 
exclusivistas afirmando o essencial para Deus: a vida e o amor para todos. Com a 
citação do profeta Isaías, "é inútil o culto que me prestam, as doutrinas que 
ensinam não passam de preceitos humanos" (Is 29,13...), Jesus questiona como o 
apego à tradição humana leva a abandonar o principal, o amor ao próximo, que é o 
mandamento de Deus.
    Eram muitas "as leis e os decretos" a serem observados. Eles 
eram apresentados como o traço característico da superioridade do povo de Israel 
em relação aos outros povos (primeira leitura). Estas leis e decretos, 
apresentados como "Lei de Moisés", eram resultado de acréscimos sucessivos, ao 
longo do tempo, a partir do núcleo do Decálogo. Prevalecia neste conjunto de 
leis, criadas pelas elites religiosas do Templo de Jerusalém, a mera tradição 
humana que até chegava a opor-se ao verdadeiro projeto de Deus. Com sua 
ideologia estas leis geravam a humilhação e a submissão que abriam as portas 
para a exploração do povo fiel.
    Com uma inversão, Jesus revela que a impureza é, na realidade, 
o apego à materialidade do culto, relegando a segundo plano, ou omitindo-se, os 
gestos concretos de amor ao próximo, aos mais carentes e necessitados. "A 
religião pura e sem mancha diante de Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as 
viúvas em suas dificuldades e guardar-se da corrupção do mundo".
    A partir do alimento que, sendo ingerido, segue o destino 
comum, Jesus destaca que o contraste pureza x impureza não está no exterior, 
corpo, ou nos alimentos, mas no coração. Comumente o coração é apresentado como 
fonte de pensamento e emoção. Aqui o coração é apresentado como fonte de ação, 
boa ou má. Os fariseus, apegando-se às tradições humanas e interesseiras, 
afastam-se da justiça de Deus em seus corações.
                         ( José Raimundo Oliva - disponibilizado no Portal Paulinas)
Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior, quando a que te agrada é a que provém do meu interior.
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior, quando a que te agrada é a que provém do meu interior.
 
 
 
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