segunda-feira, 28 de maio de 2012

Comentários do Evangelho


1. "O Homem que não queria arriscar-se indo além..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Os evangelhos sinóticos estão repletos de passagens onde os ouvintes são estimulados a irem além no seu testemunho cristão. Podemos citar comparações simples que nos ajudarão nessa reflexão. A pesca na beira mar é muito divertida, certa vez na praia, eu até fiz essa experiência, mas é muito difícil de fisgar um peixe grande, seria pura sorte. Pescador que não gosta de se arriscar e permanece ali na beira mar, nunca vai pegar grandes peixes, certa ocasião Jesus disse aos pescadores da Galiléia para jogarem as redes em águas mais profundas, isso significa avançar para o meio do mar, lá onde os ventos sopram mais fortes e quando vêm as tempestades e as ondas bravias, o frágil barquinho parece que vai afundar.
No evangelho de hoje encontramos esse homem, que não sabemos se é jovem ou adulto, mas é alguém que queria ir além e cheio de entusiasmo procurou a Jesus, na certeza de que ele tinha algo novo nesse sentido. Esse homem tinha um grande desejo e vontade, alcançar a Vida Eterna, podemos dizer que ele buscava as coisas do alto... Estava no caminho certo e buscou a pessoa certa... Jesus Cristo. Só que havia um pequeno problema, ele tinha uma segurança nos bens materiais. Deus o abençoara com a prosperidade que lhe fazia muito bem e lhe dava grandes alegrias...
Primeiro Jesus lhe coloca o cumprimento da Lei como um primeiro caminho, podemos pensar que naquele momento o homem se alegrou e talvez até tenha pensado "Essa eu tiro de letra". Hoje em dia temos muitos cristãos que pensam assim, que está tirando de letra o seu trabalho pastoral, nas suas obrigações para com a Santa Igreja, em uma conduta moral irrepreensível, em uma integridade que chega a dar orgulho. É difícil falar alguma coisa de pessoas assim e tem que vasculhar muito a vida delas, para se achar um pecado, mas o bem que fazem e o jeito que vivem é tão perfeito que nem dá para se considerar este ou aquele pecado que venham a cometer lá de vez em quando.
Estava tudo muito bem, lindo e maravilhoso, o homem seguia com seriedade todos os mandamentos e fazia todas as suas obrigações. Jesus agora o iria confirmar como alguém que praticamente já têm a Vida Eterna, já conquistou o seu Galardão, o passaporte para o céu... Mas eis que vem o balde de água gelada... "Só te falta uma coisa, vai, vende tudo o que tens, dê tudo aos pobres e depois vem e segue-me...".
Um detalhe importante, o homem fora sincero com Jesus, ele de fato queria algo mais, ir além, e Jesus também não teve a intenção de magoá-lo, quando lhe fez essa proposta, o texto inclusive fala que Jesus o olhou e o amou, pois viu naquele homem que queria algo mais, um futuro discípulo...
Não são as riquezas e bens materiais que nos põe a perder, mas o modo de como nos relacionamos com elas. Hoje em dia, vencer na vida significa ser bem sucedido em uma carreira ou negócio, deixar de ser um assalariado e ter um ganho extraordinário, viver de maneira confortável e luxuosa. Junto com isso vem o poder, a fama e o prestígio e toda uma bola de neve para colocar o homem no Top Model onde só é mesmo feliz nesta vida quem faz parte da lista dos mais ricos do planeta.
E como um homem vai poder confiar totalmente em Deus, e partilhar a sua vida e seus bens com os irmãos e irmãs empobrecidos? Não seria mais fácil continuar sendo rico e talvez aumentar o valor do seu dízimo, fazer gordas e generosas contribuições para as causas sociais? Deus não quer a nossa riqueza ou qualquer bem material, ele quer o nosso coração, a doação de valores ou de bens materiais é só uma consequência do que somos.
Para ser assim só há um caminho, irmos além de um cristão cumpridor de seus deveres, e só quando alargamos o nosso coração e colocamos nossa total segurança em Deus, é que estamos preparados para sermos discípulos. Quem não gosta de se arriscar na doação e no amor aos pobres, colocando limites até onde pode chegar, não deixa de ser amado por Deus, como este homem, mas não está preparado para ser Discípulo...
2. Mudança fundamental
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Quem se dirige a Jesus é um judeu fiel à lei e rico, observante dos mandamentos. Jesus externa-lhe seu amor, propondo-lhe que o siga. Para isto só lhe faltava uma coisa: o abandono das riquezas e o serviço aos pobres. Diante desta opção radical, aquele judeu, atordoado, prefere voltar para suas riquezas. As observâncias religiosas, por mais piedosas que sejam, não contribuem para o advento do Reino de Deus. A mudança fundamental, necessária, é a superação das injustiças que decorrem de uma estrutura socioeconômica de acumulação de riquezas. Quem aspira ao "ter" serve às riquezas e a esta estrutura que oprime os pobres. Os ricos poderosos são os que mantêm esta estrutura injusta e dela se beneficiam.
Oração
Espírito de coragem perseverante, nas adversidades da vida, vem em meu auxílio, e ajuda-me para que não arrefeça a minha adesão a Jesus e ao Reino.
3. PARA ALCANÇAR A VIDA ETERNA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A preocupação do homem rico, em relação à vida eterna, deu margem para Jesus ensinar aos discípulos a lição do desprendimento dos bens materiais. Estes são um empecilho no caminho para Deus, quando alguém se apega demasiadamente a eles, tornando-se incapaz de fazer uma ruptura radical, em vista das exigências do Reino.
Na conquista da vida eterna, existe passos a serem dados, dos mais simples aos mais exigentes. O primeiro passo - observar os mandamentos - o homem já havia dado. Desde a sua mocidade, fora sincero no cumprimento de todos eles. Estava na hora de dar um passo a mais, mostrando-se mais generoso. Jesus indica-lhe que atitude deve tomar: desfazer-se de todas as suas propriedades, distribuindo-as entre os mais pobres, para tornar-se discípulo. Esta seria a forma de alcançar a vida eterna: desapegar-se dos bens, para servir a Deus e ao próximo.
A renúncia aos bens seria uma prova cabal de liberdade e uma demonstração de que os pobres efetivamente tinham importância para ele. O simples cumprimento dos mandamentos não era suficiente para evidenciar a profundidade do seu amor. Algo mais deveria ser feito!
Infelizmente, a insegurança da pobreza ou o apego exagerado a seus bens não permitiu ao homem tornar-se herdeiro da vida eterna. A riqueza foi inimiga da salvação!

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