domingo, 13 de maio de 2012

Comentários do Evangelho

1. "PERMANECEI EM MIM..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
Às vezes quando me deparo com o evangelho de São João, apelo para o meu imaginário grupo de debates onde o Maneco, membro de uma comunidade das mais simples, replica, logo após a conclusão “Êta que esse tal de João gosta de complicar, porque não vai direto ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma empresa, gosta de ver o jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho, “Esse Jesus é dos meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma “Se quiser ser meu amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto, não tinha reparado que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando”.
Esta não é uma frase solta no meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma leitura fundamentalista da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de ser mandão na comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se identifica com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário, bem do tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo de teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele nos trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou em um outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem serve é servo”.
Dona Maria não quer nem saber se o jeito de João escrever seu evangelho é diferente dos sinóticos, mas parece que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação de trabalho, quem serve é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem serve é aquele que ama. Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o “Mota” pessoa que na paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas no Mosteiro das irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só nesse evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer dizer alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões - Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida, que não seja desse amor, não é atoa que o evangelho o chama de “Aquele discípulo que Jesus amava”, não porque o Senhor o amava mais que aos outros, mas porque ele, o discípulo, compreendeu que Jesus é o Amor do Pai manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas experimentou, e esta manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os homens.
Roseli, uma jovem que também integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está namorando um catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a gente pode dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”. Escancarado é aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como os olhos brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente amado por alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa lhe faz, só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”.
A descoberta de que Deus nos ama tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a gente se tocar, a vida ganha um novo sentido, um novo horizonte se descortina, pois há uma palavra chave em João, que nos permite sonhar esse sonho realizável, que é ser feliz plenamente.
Permanecei em mim. Permanecei no meu amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus torna-se frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto dele, sem o nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é isso que acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles até estão namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está muito afim da coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que um dia, uma amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da outra, a Roseli disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não precisa que ele me ame”.
Pronto, chegamos a um ponto culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e sempre vai querer nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape é o amor oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de amar é ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que conseguiria retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem por cada um de nós? Esta é uma dívida impagável...
Entretanto há algo que podemos fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se sinta correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos desse jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho.
Amar assim é ir além da "FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape. Permanecer em Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele, que o nosso jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo, o próprio Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a fonte do verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João, e que revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de Deus, por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE O NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17).
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail
cruzsm@uol.com.br
2. Permanecer no amor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Cada frase de João é densa de conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma contemplação da revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João apresenta-nos as palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas comunidades.
A partir da imagem na qual os galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os discípulos a permanecerem nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os discípulos são estimulados a permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor e vida entre o Pai e o Filho. Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no amor de Jesus significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se, envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Eram tradicionais, na religião de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no decorrer da história de Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão contidos nas bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as quais ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o mandamento maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" (cf. Jo 13,34).
O atributo de "poder" aplicado a Deus no Primeiro Testamento é associado a características tais como disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o título "Deus dos exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não comporta nenhuma destas características. É o Deus da misericórdia e da compaixão, que entra em comunhão de vida plena com seus filhos, homens e mulheres, em Jesus. E os discípulos são chamados a dar frutos que permanecem para sempre, rompendo quaisquer barreiras de exclusivismos e exclusões, favorecendo o desabrochar da vida e instaurando a paz.
Na primeira leitura vemos como o Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho de que o Deus de Amor não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a todos os povos e nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença".
A Primeira Carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos ele usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo 4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.
Oração
Senhor Jesus, agradecido(a) por ter sido escolhido(a) e enviado(a) por ti, prometo entregar-me totalmente à missão que me confiaste.
3. FONTE DE AMOR
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O Evangelho de João abre janelas para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo, através das palavras de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades. Somos estimulados a permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele por nós é o mesmo amor do Pai por ele. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É o amor apropriado ao Espírito Santo.
Permanecer no amor de Jesus é entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho, inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Jesus permanece no amor do Pai, e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa de vontades. O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência em Jesus. Este amor, que é o amor de Jesus, é transbordante. As comunidades, em sua missão, comunicam este amor ao mundo, gerando vida e alegria.
Na primeira leitura, vemos como o Espírito Santo de amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se no coração dos pagãos na Samaria. Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá testemunho de que o Deus de amor não faz discriminação entre as pessoas. "Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença."
A Primeira Carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos, ele usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus é amor. Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos.
Se Deus é todo-poderoso na criação do universo, ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.

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