terça-feira, 24 de abril de 2012

Comentários do Evangelho


1. "Manjare... Manjare, camina sempre..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Meu saudoso Pai sempre dizia essa frase, em seu italiano caipira, para nos dizer da necessidade de comer, para poder caminhar. Há no antigo testamento uma bonita prefiguração da Eucaristia, em uma passagem com o Profeta Elias, quando tendo vencido os deuses dos cananeus, e sofrendo dura perseguição e ainda jurado de morte pela perversa Rainha Jezabel, o profeta a caminho do Horeb, deitou-se em baixo de uma árvore disposto a ficar por ali, tal era o eu cansaço e desânimo. Mas o anjo lhe apresenta um pedaço de pão e uma jarra de água o exortando "Levanta-te e come, o caminho é longo..."
Jesus se apresenta como pão enquanto um alimento especial, que os conduzirá para longe, onde a travessia do deserto era "fichinha". Para os seus interlocutores, o maior sinal fora o de Moisés, que havia dado aos seus pais no deserto um maná que os alimentou todos os dias até que terminassem a travessia. A visão dos seus interlocutores, e também do homem da pós-modernidade, não consegue vislumbrar nada além desta vida terrena. Parece que todos os objetivos e metas a serem alcançadas se limitam a esta vida terrena.
Ao se apresentar como o Pão verdadeiro que dá a Vida ao mundo, Jesus está ensinando que o Maná foi apenas um meio que Deus providenciou para que o Povo alcançasse uma Vida Nova na terra prometida, mas o Pão que é Cristo, ele próprio é a Vida que Deus dá aos homens. Não é um alimento apenas para a alma e nem apenas para o corpo, mas para o homem em sua integridade, como Filho de Deus, destinado a chegar á Plenitude da Vida em uma terra que não se limita mais a uma região geográfica, como foi com o Povo da Antiga Aliança, mas algo que como aquele povo nem conseguimos vislumbrar, mas que se tornou uma esperança Viva no Novo Moisés que é Jesus Cristo, aquele que caminha á nossa frente, e que nos conduzirá a esta terra onde corre leite e mel, onde não tere4mos mais nenhuma limitação.
2. No pão, Jesus comunica sua missão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O tema central deste capítulo seis do evangelho de João é o "pão", apresentado como expressivo símbolo da pessoa de Jesus. Após o gesto de Jesus de partilhar o pão com a grande multidão, João apresenta um longo diálogo seu, já em Cafarnaum, com a multidão que o procura, com os judeus e os discípulos. A partir do pão, Jesus comunica o sentido de sua missão e de sua vida.
Em seu evangelho, João não fala em "milagres". Os gestos de Jesus são "sinais" de uma realidade maior revelada pelo Pai, através dele. O grande sinal recente foi o da partilha dos pães. Os sinais apontam para as obras de Jesus, que é o pão que desce do céu. Estas obras consistem em fazer a vontade do Pai, que é dar vida, e vida eterna, ao mundo.
Os que ouvem Jesus pedem deste pão para sempre. Eles pensam no pão que é o simples alimento do dia a dia. Jesus se revela como o pão da vida. Ir a ele é alimentar-se deste pão. Jesus foi todo ele doação, serviço e amor a todos. Na comunhão com Jesus e com os irmãos encontramos a vida eterna.
Oração
Pai, dá-me sensibilidade para perceber que a presença de Jesus, na nossa história, é a grande obra que realizaste: dar-nos a vida eterna.
3. EU SOU O PÃO DA VIDA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Continua o diálogo entre Jesus e a multidão que o seguiu até Cafarnaum após a partilha dos pães. Ela não havia entendido o sinal da partilha. Mesmo percebendo que Jesus propõe algo novo, pede-lhe um sinal celestial para crer. Talvez sinais espetaculares como os de Moisés no deserto, conforme a tradição de Israel. Querem um messias poderoso, mesmo que seja opressor e explorador. Jesus diferencia-se de Moisés. O sinal de Jesus é o dom de si mesmo, como pão que alimenta, no resgate e no cultivo da vida. É a transformação das pessoas, que, acolhendo seu amor, passam a ser também fonte de vida para outros. O "pão", pão do céu e pão da vida, é mencionado seis vezes neste diálogo. Antes, Jesus oferecera à samaritana a fonte de água viva que jorra para a vida eterna, e a samaritana lhe pede dessa água. Agora, a multidão pede desse pão descido do céu, que dá vida ao mundo. Jesus identifica-se com o próprio pão que alimenta a vida eterna em nós. Ir a Jesus, pão da vida, e crer é encontrar em Deus a vida e a paz.

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