terça-feira, 3 de abril de 2012

Comentários do Evangelho

 

1. "Entrada proibida para quem não crê..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
"Para onde eu vou, vós não podeis ir". Jesus neste evangelho está em discussão com os Escribas e Fariseus que não aceitavam o seu Messianismo e procuravam a todo custo um motivo para condená-lo á morte, porque ele era uma ameaça á Religião tradicional de Israel.
Talvez a gente se pergunte, mas se Jesus veio para salvar a todos, como é que vai dizer aos seus interlocutores que para onde ele vai, eles não poderão ir? Aliás, ele diz através desse mesmo evangelista "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...". Jesus anuncia um Reino em uma perspectiva escatológica, os Judeus não acreditavam na Vida Eterna e na crença deles, as recompensas  e promessas que Deus havia feito a Abraão, eram realizadas aqui nesta vida terrena, e ao morrer, a pessoa ia para o Xeol, a Mansão dos mortos que ficava em baixo da terra.
Embora Judeu, Jesus é Deus, e sua origem é Divina, é isso que os Judeus não admitem, para eles basta a tradição, a Lei de Moisés e toda a prática judaica, não tinham portanto essa perspectiva escatológica que é própria do Cristianismo. Todas as palavras de Jesus, seus ensinamentos e obras prodigiosas apontam nessa direção da Plenitude Divina da qual ele veio e a qual conduzirá o ser humano.
A sua missão atingirá o ápice na cruz do calvário, quando então se revelará, não do jeito como os Judeus imaginavam, dando uma volta por cima, dando uma virada espetacular na história, descendo da cruz e impondo seu domínio e poder sobre os seus opositores que fugirão humilhados ao verem que haviam mandado para a morte o verdadeiro Messias...
Mas o Cristo agonizante da cruz revela o poder do amor de Deus e esta revelação só será compreendida por quem o aceita e nele professa a Fé. Isso depende de cada homem, seu desejo e sua vontade, sua decisão em nele crer e tornar-se um seguidor. Jesus, que conhece os corações profundamente, sabia que os Judeus não o aceitariam em nenhum momento nem mesmo na cruz, por isso vai dizer que para onde ele vai, eles não irão...
A entrada na Vida de Comunhão com Deus, em Jesus Cristo só é permitida para quem Crê, para quem alimenta no coração a esperança de algo que um dia virá, e que supera de longe qualquer sonho ou projeto humano...
2. O dom do amor de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O evangelho de João apresenta um longo discurso de Jesus, após ter lavado os pés dos discípulos. A sentença de morte contra ele já estava decretada pelo Sinédrio. Agora é um do círculo íntimo de Jesus que fará a traição fatal. Jesus ainda acena com um gesto acolhedor dando-lhe um pedaço de pão molhado. É em vão. Judas retira-se.
Jesus fala da sua morte como sendo a sua glorificação. Esta glorificação, tema característico do evangelho de João, é o dom de amor de Jesus, até o fim, sem recuar diante das ameaças de morte que pairavam sobre ele. É a manifestação e comunicação de sua divindade e de sua eternidade, transformando a humanidade. É em comunhão com sua vida e com seu amor que nos tornamos eternos.
Oração
Pai, faze-me viver em sintonia com Jesus, de modo que meus preconceitos não venham a influenciar minha adesão a ele.
3. O PAPEL DE JUDAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Judas aparece em destaque associado à Paixão de Jesus. No Primeiro Testamento, com a elaboração final feita pelo judaísmo pós-exílico, há uma convergência da eleição para a Judá davídica. Ao contrário, pode-se entender que no nome do traidor, Judas (equivalente a Judá), encontra-se uma alusão à traição do reino de Judá - com a centralização religiosa, política e militar em Jerusalém, feita por Davi - aos ideais do primitivo tribalismo de Israel. Judas é uma peça na articulação dos chefes religiosos do templo e das sinagogas ao planejarem a morte de Jesus.
Configurado o ato de traição de Judas, Jesus anuncia a glorificação do Filho do Homem. É a manifestação plena do amor de Jesus, até o fim, sem limites. A glória de Jesus é a obra de sua vida em plenitude, pela qual nos tornamos eternos.

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