segunda-feira, 2 de abril de 2012

Comentários do Evangelho


1. Festa da Anunciação do Senhor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votor
antim – SP)
Lucas condensa em um único momento algo que foi toda uma experiência de vida de Maria Santíssima, pois se permanecermos apenas com a narrativa Lucana tal como está, não vamos entender como é que em um momento de oração, que talvez durou uma hora ou alguns minutos, aquela adolescente de Nazaré abriu mão de todos os seus sonhos e projetos de vida, para aceitar algo que um ser humano comum nem cogitaria: Ser Mãe de Deus!
Maria era uma pessoa conhecedora da Escritura e que estava sempre em oração, aberta ao conhecimento de Deus e sempre disponível para fazer a sua Santa Vontade. A anunciação do anjo, isso é, a manifestação da Vontade de Deus foi acontecendo de maneira gradativa, até que chegou o momento em que tudo estava mais claro sobre o que Deus queria daquela jovem... Mesmo assim, sem vídeo tape para ver o futuro, sem bola de cristal para ver tudo o que iria acontecer.
Possivelmente aquele momento da anunciação tenha sido o instante em que na mente e no coração de Maria ela descobriu a vontade de Deus a seu respeito, mas considerando-se a sua tenra idade, também é possível que naquele momento tudo tenha se iniciado na sua vida, quando ela descobriu que a vontade de Deus era um pouco diferente dos seus planos de se unir para sempre com o noivo José. A menina tinha em seu coração essa dúvida, expressada na interrogação que fez ao anjo "Como isso vai acontecer se não conheço homem algum?"
Mais próximos de Maria, essa adolescente que tinha planos para sua vida, filha do Sr. Joaquim e Ana, pessoas que pertenciam á comunidade, fiéis na oração e na meditação da Palavra de Deus revelada nas escrituras antigas, a tarefa de meditar a Anunciação, fica bem mais agradável, porque vai mexer com a nossa vida e a nossa espiritualidade. Pois não sendo assim, corremos o risco de terminar a reflexão com uma pergunta boba e sem sentido "Com Maria, moça recatada e toda pura, virgem e temente a Deus, ornada de todas as virtudes celestiais, a predileta do Pai, foi assim... Mas e eu um vil mortal, frágil e pecador, nem sempre fiel na Fé, na oração e na meditação da Palavra de Deus, será que Deus quer alguma coisa de mim? Será que há algo que eu possa fazer, para colaborar com Deus?
Não é necessário destacarmos o papel e a importância de Maria na História da Salvação, ela está acima dos Santos e Santas de Deus, ocupando um lugar de destaque na Vida da Igreja e na Fé dos Fiéis, claro que Maria não é deusa, mas uma Filha muito especial Dele. Guardadas, portanto, as devidas proporções, o que Deus realizou em Maria ele quer fazer também em cada um de nós e para tanto temos Maria como exemplo, ela é nossa Mãe, nossa irmã de caminhada, nossa companheira de luta, a primeira discípula e a primeira cristã.
Nela aprendemos que devemos estar permanentemente abertos à Vontade de Deus, e isso se faz na oração, na escuta e na aceitação da Palavra de Deus. Não há problema confrontarmos a nossa vida com a Vontade de Deus, percebendo que nem sempre estamos afinados com Ele e em harmonia com o seu Plano. Sempre é tempo de corrigirmos a rota, de nos voltarmos totalmente para Deus, buscando a sua Graça e Santidade, nos moldando ao seu desígnio, abrindo espaço em nossa vida para a ação renovadora do seu Espírito, mas principalmente nos colocando como servos e servas de Deus, dispostos a servi-lo com a alma e o coração a nossa vida inteira, mergulhando assim no seu mistério, ainda que às vezes a compreensão nos falte, o que não pode faltar é a confiança Nele.
2. O lugar da vida
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Em Betânia, a nova comunidade dos discípulos faz a ceia da celebração da vida que Jesus lhe comunicou. À "Jerusalém, que mata os profetas" (Lc 13,34), opõe-se Betânia, que é o lugar da vida, como a casa de Lázaro, Marta e Maria. Lázaro, ressuscitado por Jesus, é testemunha da vida que venceu a morte. Esta é a comunidade que serve e que ama. Judas é aquele que, apegado ao dinheiro, não compreende nem o serviço nem o amor.
O perfume com que Maria unge os pés de Jesus enche a casa inteira com seu aroma. Não mais o odor do túmulo de Lázaro. Maria unge os pés de Jesus com vida, e não o seu corpo morto, que será ungido por Nicodemos. Na iminência de sua morte em Jerusalém, seis dias depois, também com a ceia da vida, Jesus celebra com os discípulos o cumprimento fiel de seu ministério.
Oração
Senhor Jesus, a exemplo de Maria de Betânia, desperta em mim uma amizade autêntica, que me coloque em perfeita sintonia contigo.
3. O PERFUME
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
João narra em seu Evangelho duas ceias na última semana do ministério de Jesus: uma, seis dias antes da Páscoa dos judeus, em Betânia, e outra na véspera desta Páscoa, em Jerusalém, quando Jesus lava os pés dos discípulos. A ceia em Betânia, na casa de Lázaro, ressuscitado, de Marta e Maria, dá continuidade à ceia seguinte. É uma ceia de ação de graças a Jesus pelo dom da vida. A casa é o lugar da comunidade do ressuscitado; é a casa do Pai (14,2). Em lugar do cheiro da morte, a casa inteira enche-se do aroma de perfume. O perfume de Maria é o símbolo da vida e do amor da comunidade. É um amor que não tem preço e estará sempre voltado para os pobres. As comunidades de Jesus estabelecem-se no espaço do humano, e não no espaço oficial do sagrado.

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