terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Carta MCC Brasil – Dezembro 2014 – (184ª.)



“O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz;
para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1)

Muito queridos amigos e irmãos, leitores e leitoras: que todos possamos ser, de novo neste Natal e sempre, iluminados pela luz que é o próprio Cristo!

Esta é a nossa última carta de 2014. Mês de dezembro; mês intenso do Advento e, dia 25 do mês, celebração litúrgica e festiva do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo! Iniciamos, portanto, expressando aquele desejo tradicional, mas não menos carinhoso e fraterno de que a preparação seja sempre mais consciente e a celebração venha carregada de expectativas de que, neste Natal de Jesus, renasça em todos os seus seguidores, em toda a Igreja e para todo o mundo a esperança de mais amor, de mais fraternidade, de mais solidariedade, de mais misericórdia; de não à violência, de não ao ódio, de não à discriminação. Que não seja somente mais um natal com “ene” minúsculo, ou seja, natal-presentes, natal-papai-noel, natal-panetone, natal-ceia farta e, sim, um Natal com “ene” maiúsculo: Natal com Jesus Salvador, Natal com um renascer para a Vida, Natal com o “sim” de Maria...Seja, enfim, este Natal, a aurora de “novos céus e de uma nova terra” já vislumbrados pelo evangelista João no Apocalipse (Ap 21,1).

Primeiro aniversário da “Evangelii Gaudium”. No clima de um novo nascimento do Natal, portanto, de “coisas novas” e de acontecimentos novos, parece-me oportuno lembrar o primeiro aniversário, no dia 24 de novembro pp., da magnífica e providencial Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium – A Alegria do Evangelho – do nosso Papa Francisco.  Aliás, é tal a importância desta Exortação que a sua lembrança pode vir, ainda, como um questionamento/reflexão. Como em todo o momento significativo da história, é salutar e necessário que lancemos um olhar para este ano que passou para refletir sobre que frutos a EG produziu até agora.

Sugestão para reflexão pessoal e/ou em grupo Portanto, que frutos já produziu ou está produzindo a EG na Igreja no mundo inteiro, nas Igrejas Nacionais e nas Dioceses...? E nas Comunidades e Movimentos eclesiais? E, por ser de nosso interesse mais próximo, no Movimento de Cursilhos - que, aliás, dedicou muitos momentos de formação de seus responsáveis e participantes, de suas Escolas Vivenciais, de suas Assembleias nos vários níveis - está produzindo frutos palpáveis de mudança de mentalidades, de revisão em profundidade, de adaptação concreta ao seu método querigmático-vivencial, às suas expressões na proclamação da Mensagem do Reino e, sobretudo, ao ardor de seus membros? Para ajudar-nos, ouçamos o que nos diz a EG sobre a “eterna novidade”: Cristo é a ‘Boa Nova de valor eterno’ (Ap 14, 6), sendo ‘o mesmo ontem, hoje e pelos séculos’ (Heb 13, 8), mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte de constante novidade. A Igreja não cessa de se maravilhar com a ‘profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência de Deus’ (Rm 11, 33). São João da Cruz dizia: “Esta espessura de sabedoria e ciência de Deus é tão profunda e imensa, que, por mais que a alma saiba dela, sempre pode penetrá-la mais profundamente”. Ou ainda, como afirmava Santo Irineu: “Na sua vinda, (Cristo) trouxe consigo toda a novidade”. Com a sua novidade, Ele pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina. Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual. Na realidade, toda a ação evangelizadora autêntica é sempre “nova (EG 11). Ou, como lembra o próprio Papa, ficará a EG como mais um documento do magistério eclesiástico?  Lembra o Papa: “Não ignoro que hoje os documentos não suscitam o mesmo interesse que noutras épocas, acabando rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho que, aquilo que pretendo deixar expresso aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma “simples administração”. Constituamo-nos em “estado permanente de missão” em todas as regiões da terra” (EG 25).

A carta do mês de novembro pp. foi dedicada às conclusões da 43a. Assembleia Nacional do MCC do Brasil realizada em outubro. A fim de situar essas conclusões no contexto da Evangelii Gaudium (EG), nela voltamos a alguns itens de nossas reflexões anteriores. Com a presente, pretendemos retomar o Capítulo III da Exortação Apostólica, objeto de nossas atenções durante todo este ano de 2014.

Antes, porém, caros leitores, permitam-me cumprir um dever de justiça – prazerosamente, aliás -, manifestando minha gratidão a D. Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba, pela colaboração indireta por ele proporcionada aos nossos comentários sobre a EG, com a síntese por ele elaborada com frases curtas e incisivas de cada um de seus parágrafos. Obrigado, D. Paulo!

Sempre alimentando aquele sonho de sua aplicação na prática, tanto do MCC como de outras comunidades eclesiais interessadas, continuamos a refletir sobre a EG, com o capítulo III, “O anúncio do Evangelho” (110-175). Dele já foi feita a introdução no final da carta de outubro pp.. Quatro são seus momentos importantes: 1) Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho (111-134); b) A homilia (135-144); c) A preparação da pregação (145-159); d) Uma evangelização para o aprofundamento do querigma (160-175). Por serem a homilia e sua preparação destinadas especialmente aos ministros ordenados, não vamos comentá-las aqui (ainda que sejam muito oportunas e úteis também para os responsáveis por palestras, mensagens, etc. a quem se aconselha que as leiam e estudem na íntegra procurando aplicá-las na sua missão evangelizadora). 

01. Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho (111-134).  A evangelização é dever da Igreja e do povo peregrino evangelizador. E, por ser de todo um povo, trata-se de um mistério que “mergulha as raízes na Trindade”. Assim sendo, a iniciativa é de Deus através do Espírito como primazia da graça. A este respeito, assim se expressa a EG: “A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há ação humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a Si. Envia o seu Espírito aos nossos corações, para nos fazer seus filhos, para nos transformar e tornar capazes de responder com a nossa vida ao seu amor. A Igreja é enviada por Jesus Cristo como sacramento da salvação oferecida por Deus. Através da sua ação evangelizadora, ela colabora como instrumento da graça divina, que opera incessantemente para além de toda e qualquer possível supervisão. Bem o exprimiu Bento XVI, ao abrir as reflexões do Sínodo: “É sempre importante saber que a primeira palavra, a iniciativa verdadeira, a atividade verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, só implorando esta iniciativa divina, nos podemos tornar também – com Ele e n’Ele – evangelizadores”. O princípio da primazia da graça deve ser um farol que ilumine constantemente as nossas reflexões sobre a evangelização” (EG 112).

Esta afirmação pode encontrar um eco profundo também no Movimento de Cursilhos, cujo carisma gira em torno do eixo GRAÇA ou seja, da própria VIDA DIVINA. Já na fase do Cursilho, quando se proclamam as mensagens, a da GRAÇA, A VIDA NA VIDA deixa clara sua centralidade, de forma que todas as demais mensagens respiram ou deveriam respirar e transpirar seu conteúdo.

Este parágrafo está proposto nos seguintes densíssimos sub-itens: a) Um povo para todos; b) Um povo com muitos rostos; c) Todos somos discípulos missionários; d) A força evangelizadora da piedade popular; e) De pessoa a pessoa; f) Carismas a serviço da comunhão evangelizadora; g) Cultura, pensamento e educação.

Sendo necessária e pedagogicamente limitado nosso espaço, voltaremos a eles, assim permitindo-o Deus, em nossa próxima carta.

 Com meu abraço fraterno, termino, renovando meus votos fraternos de um Natal de renovação, de vida nova em Cristo Jesus, prenúncio de um ano de 2015 abençoado e carregado de frutos para a nossa missão de anúncio da Boa Notícia do Reino.                                                      
                                                                                                
Pe.José Gilberto BERALDO

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