segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Meditação - E o verbo se fez carne e habitou entre nós....

 

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade."  (Jo 1, 8)
 
   
     Nas quatro semanas do Advento a Igreja nos leva a meditar e preparar o coração para celebrar as duas Vindas de Jesus Cristo. As cores e símbolos da liturgia nos ajudam nisso. A Coroa do Advento com as quatro velas que vão sendo acendidas uma a cada semana nos preparam e ensinam.
 
        A vela vermelha significa a Fé que o Menino traz ao mundo; a certeza de que Deus está conosco, armou a sua tenda entre nós; “revestido de nossa fragilidade, Ele veio uma primeira vez para realizar o seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação”, diz um dos Prefácios do Advento.
 
        A vela branca a simboliza Paz; este Menino é o “Príncipe da Paz”, disse o profeta Isaias (11,1s). Quando o Seu Reino for implantado, “a justiça será como o cinto de seus rins, e a lealdade circundará seus flancos. Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi.  A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide. Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar.” (Is 11, 5-8).
 
        A vela roxa (quase rosa) simboliza a alegria do Menino que chega para salvar. É a alegria mitigada pela cuidadosa vigilância do tempo da espera.
 
        A vela verde traz a simbologia da Esperança que o Deus Menino traz a todos os homens de todos os tempos e todos os lugares. “Sem Deus não há esperança”, disse há pouco o Papa Bento XVI na encíclia “Spe Salvi (Salvos pela Esperança); e “sem esperança não há vida”, concluiu o Pontífice. É esta esperança  de uma vida feliz aqui e no Céu que o grande Menino veio anunciar com sua meiga e frágil presença na manjedoura de Belém.
 
        A primeira vinda de Cristo mostra todo o amor de Deus por nós. Ninguém mais tem o direito de duvidar desse Amor. Ele deixou a glória do Céu, dignou-se assumir a nossa frágil humanidade, para nos levar de volta para o Céu; Ele aceitou viver a nossa vida, derramar as nossas lágrimas, comer nosso pão de cada dia… e, por amor puro a cada um de nós dar um mergulho nas sombras da morte para destruí-la.
 
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1, 1s).
 
        O amor de Deus não é o amor de novelas, com músicas românticas e palavras sensuais; é amor que se revela por fatos, atos, renúncia, sofrimento…  É amor que gera a vida.
 
        São João apresenta o Menino que vai chegar: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam… Ele era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”. A Luz de Cristo resplandeceu nas trevas mas essas não a compreederam; as trevas fogem da luz, tem medo dela, porque a luz revela o erro. Quem faz o mal, pratica o crime, busca a calada da noite para que a luz não o denuncie. Por isso Jesus foi logo perseguido pelo cruel tirano Herodes Magno.
 
        Disse a Lumen gentium que “só Jesus Cristo revela o homem ao próprio homem”; Ele é “a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo”; é por isso que o Papa João Paulo II disse em sua primeira encíclica “Redemptor Hominis” que: “ o homem que não conhece Jesus Cristo permanece para si mesmo um desconhecido, um mistério inexplicável, um enigma insondável”.
 
        Sem Jesus Cristo o homem não sabe quem é, não sabe o que faz neste mundo, não sabe o sentido da vida, do sofrimento, da morte, da dor e das estrelas… é um coitado e um perdido como muitos filósofos ateus que se debateram em meio de suas trevas e acabaram arrastando muitos outros consigo para uma vida vazia e triste. Não foi à toa que muitos jovens suicidaram-se lendo o “Werther” de Goethe e a “Comédia Humana” de Balzac. Depois de ler “A Nova Heloisa” de Jean Jacques Rosseau uma jovem estourou os miolos em uma praça de Genebra e vários jovens se enforcaram em Moscou depois de ler “Os sete que se enforcaram” de Leonid Andreiv”. Só Jesus Cristo “é a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo”. Um dia Karl Wusmann, escritor francês, entre o revolver e o crucifixo, escolheu o crucifixo… e viveu. (J. Mohana, Sofrer e Amar).
 
        “Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.”
 
O Natal nos traz esta certeza e esta enorme alegria: somos filhos amados de Deus; que nos fez para Ele, por amor. Ele fez para nós as estrelas, o cosmos, as pedras , os rios, as montanhas, os animais, os peixes das águas e os pássaros do Céu,  o doce fruto da terra, o perfume das flores, a harmonia das cores e o mar que murmura o Seu Nome a cantar… Obrigado Senhor!

Prof. Felipe Aquino

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