domingo, 3 de março de 2013

CARTA MCC BRASIL - MAR 2013 (163ª.)


“Dar-vos-ei pastores de acordo com o meu projeto.
Eles governarão com clarividência e sabedoria” (Jr 3,15).

Meus amados e irmãos e irmãs, caminheiros “quaresmais” neste singular momento de uma nova Páscoa com a vinda de um novo Pastor para o Povo de Deus:
1. A Igreja Católica na sua caminhada quaresmal de 2013. Passado o impacto inicial provocado pela renúncia do Papa Bento XVI ao Pontificado, a Igreja Católica - nós, portanto - passamos a viver, numa providencial coincidência, um tempo quaresmal de “oração, jejum e esmola” alimentados pela esperança de uma “Nova Páscoa”. Não quero fazer aqui qualquer referência ao que presumem, dizem, afirmam, negam, ousam e, até, inventam com uma espécie de quase sádica curiosidade, todos – e são, agora, dezenas e, até, centenas - os que se intitulam ou são intitulados de “vaticanólogos”, “vaticanistas”, ou “entendidos” em Espírito Santo, ou peritos em profecias sobre o futuro da Igreja Católica, mesmo que há anos-luz distantes dela, da fé por ela anunciada e praticada e, até, de sua história milenar, etc...!
Quero tão somente, agradecendo ao Pai que dá à igreja tais Pastores, respeitar e louvar a grandeza e a fantástica repercussão da humildade e do reconhecimento das próprias limitações de quem, até ontem, diante de multidões que o aclamavam, era carregado nos ombros e o chamavam de “Sua Santidade o Papa” e, não mais que de repente, volta ser o alemão Joseph Ratzinger! Simples assim! Quero, admirando o inesperado gesto de renúncia e desapego de um sábio e pastor – e espero que assim o façam também meus leitores e leitoras animados pela mesma fé – quero viver este momento singular na história eclesial como aquele momento “Kairós”, o momento oportuno para a ação do Espírito Santo: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1-2). “Salvação” no seu sentido de intervenção do mesmo Espírito na vida da Igreja. Santa e providencial coincidência, pois este momento do ano de 2013 será o coroamento da caminhada quaresmal da Igreja-Povo de Deus com a celebração pascal da escolha de um novo Papa por elementos humanos e do envio ao seu povo de um novo Pastor pelo Pastor dos pastores, Jesus de Nazaré! 
Pergunta: meu caro irmão, minha irmã, por acaso, nestes momentos de certa indecisão na vida da Igreja, ainda ressoa nos seus ouvidos aquela palavra profética solenemente pronunciada por Jesus que, ao ouvir a corajosa declaração de Pedro: “Tu es o Messias, o Filho de Deus vivo” lhe responde diante dos outros discípulos: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”? (Mt 16,18). Ou, no seu coração e na sua mente têm mais lugar boatos, insinuações, especulações ou interpretações de conteúdo eivado de malícia e, até, de ódio contra sua Igreja?
2. O Povo de Deus caminha na história “rumo ao Reino definitivo”. Viveu o profeta Jeremias num clima de grande turbulência entre o povo hebreu e é no contexto da volta de um cativeiro (provavelmente por volta dos anos 600 a.C.) que ele prevê a generosidade de Javé ao prometer a seu povo “pastores de acordo com meu projeto”. Penso que as palavras com que o Beato João Paulo II inicia sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Pastores Dabo Vobis” merecem, agora, uma oportuna reflexão: “Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração” (Jer 3, 15). Com estas palavras do profeta Jeremias, Deus promete ao seu povo que jamais o deixará privado de pastores que o reúnam e guiem: “Eu estabelecerei para elas (as minhas ovelhas) pastores, que as apascentarão, de sorte que não mais deverão temer ou amedrontar-se” (Jer 23, 4). A Igreja, Povo de Deus, experimenta continuamente a realização deste anúncio profético e, na alegria, continua a dar graças ao Senhor. Ela sabe que o próprio Jesus Cristo é o cumprimento vivo, supremo e definitivo da promessa de Deus: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10, 11). Ele, “o grande Pastor das ovelhas” (Heb 13, 20), confiou aos apóstolos e aos seus sucessores o ministério de apascentar o rebanho de Deus (cf. Jo 21,15-17; 1 Ped 5,2)”. Repito, portanto, que julgo ser este um momento quaresmal único e privilegiado na história peregrinante do novo Povo de Deus.
3. Da peregrinação da Quaresma à Páscoa perene. Páscoa na história da salvação, Páscoa na Igreja-mistério, Páscoa na Igreja-comunhão, Páscoa na Igreja-missão. É a “passagem” pelas águas da libertação da escravidão egípcia para a “terra onde corre leite e mel” (cf.Ex 3,8); é a passagem da rigidez dos preceitos da Lei – Torá – para a ternura da misericórdia e da compaixão; é a passagem do “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” para o “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! (Mt 5, 43-44); é a passagem de um breve tempo quando “a grande multidão...eram como ovelhas sem pastor” (cf. Mc 6,34) para um novo tempo quando “ao sair do barco, Jesus viu um grande multidão e encheu-se de compaixão”, primeiro “ensinando-lhes muitas coisas” e, logo em seguida, “tomando os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a benção, partiu ao pães e ia dado aos discípulos para que os distribuíssem” (cf.Mc 6, 34-42). Nossa Páscoa perene, pois, está na celebração de uma passagem que nos levará à Vida e à Ressurreição. Passagem, aliás, que, de certo modo, depende de nossa disponibilidade em ser uma “massa nova lançando fora o fermento velho”. Neste contexto, ouçamos São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Pois o nosso cordeiro pascal, Cristo, já está imolado. Assim, celebremos a festa, não com um fermento velho, nem com fermento de maldade ou de perversidade, mas com os pães ázimos de pureza e de verdade” (1Cor 6, 7b-8).
Ao desejar a todos uma perseverante caminhada quaresmal, desejo, sobretudo, que ela nos encontre a todos tão conscientes da festa pascal que, na santa noite da Vigília, ao receber o Círio aceso com aquele “fogo novo”, possamos cantar, com o diácono que anuncia o EXULTET, o júbilo da Páscoa: “Pois eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino Sangue nos salvou”! 

Pe. José Gilberto BERALDO 


 Nota.  Já é do conhecimento geral que, desde o dia 10 de janeiro pp., o MCC do Brasil tem uma nova Coordenação Nacional, eleita na última Assembleia realizada durante o Congresso Nacional, no final do mês de novembro de 2012. Entre outras iniciativas, tomou a citada NA a de conferir-me o título de Assessor Eclesiástico Nacional Vitalício Benemérito do MCC do Brasil. Cabe-me, portanto, manifestar, mais uma vez, minha gratidão comovida a todos os irmãos e irmãs que, com tal gesto generoso, manifestaram sua confiança em quem, por mais de 35 anos, serviu à Igreja do Brasil no Movimento de Cursilhos. Por outro lado, de minha parte, procurarei corresponder a essa confiança na medida de minhas limitações. Incumbido pelo nosso atual Assessor Eclesiástico Nacional, Pe.Xico, continuarei, até que o Senhor se dignar dar-me forças e discernimento pastoral, escrevendo as Carta Mensais e dedicando parte do meu tempo para redigir a história do MCC no Brasil, completando o que já expus no Congresso Nacional com o tema “Achegas históricas do MCC do Brasil.

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