domingo, 30 de outubro de 2011

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. " Os Donos da Verdade Sagrada"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nada pior do que a postura de certos cristãos, de qualquer de nossas igrejas ou denominação religiosa, e que se apropriam da Sagrada Escritura, considerando-se os seus interpretadores oficiais, só o jeito deles é que está correto, e qualquer interpretação contrária, o sujeito estará condenado ao inferno. Essas pessoas são radicais, intolerantes e insuportáveis, acreditam que o Céu já lhes pertence, só falta tomar posse, e são rápidos em mandar alguém para o inferno, são eles que decidem quem já está salvo, e quem está condenado. Quanta hipocrisia...
Os Escribas e Fariseus eram assim e neste evangelho Jesus faz uma crítica pesada a eles, desmascarando diante do povo ás suas ações maléficas. Esses tais gostam e fazem questão de serem respeitados e sempre ouvidos, se na comunidade algo lhes foge ao controle, ficam estressados e são capazes de brigarem até com a sombra.
São especialistas em inventarem normas e proibições, e na comunidade sempre quando questionados, usam o nome do coitado do padre, para legitimar suas norminhas particulares. Na verdade pessoas com esse perfil acabam sempre caindo no ridículo sendo sempre desmascaradas. O conceito de Mestre era de quem conhecia e mandava, tinha autoridade e notoriedade, era sempre servido pelos seus discípulos, que sonhavam um dia também serem mestres, para ter status e poder.
Jesus é o único e Verdadeiro Mestre, nunca escondeu isso "Vocês me chamam de Mestre e Senhor, e de fato eu o sou..." irá dizer aos discípulos, logo após ter se rebaixado diante deles, lavando-lhes os pés. Mas é um Mestre, que sendo infinitamente superior a todos os demais, se fez Servo de todos. Assim deve ser em nossas comunidades, quem tem um carisma especial, uma sabedoria acima da média, deve servir a comunidade, com a mesma alegria e amor, do irmão ou irmã que procede a limpeza da igreja. Pois quanto mais alto a gente quer estar, no final de tudo, quando o Reino se tornar pleno, o tombo será mais feio...
José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP
e-mail:
cruzsm@uol.com.br

2. Nas comunidades deve predominar a humildade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

No capítulo 23 do evangelho de Mateus encontramos um conjunto de contundentes denúncias às práticas farisaicas, originadas de pronunciamentos de Jesus e aí agrupadas pelo evangelista. Nos outros dois evangelistas sinóticos, Marcos e Lucas, estas denúncias estão dispersas ao longo de seus textos.
A leitura de hoje é a primeira parte deste conjunto. A ela, segue-se uma série de sete "ai de vós" extremamente desmistificadores sobre a hipocrisia dos fariseus, fechando com uma terrível imprecação (13, 13-36). A última parte é uma lamentação sobre "Jerusalém que matas os profetas" (13,37-39).
Mateus adapta para suas comunidades, na década de oitenta, sentenças proferidas por Jesus em seu ministério denunciando o sistema opressor das sinagogas e do Templo. Naquela década o conflito com os fariseus é mais abrangente e Mateus quer persuadir suas comunidades a se diferenciarem da prática deles. Esta ênfase de Mateus reforçando a denúncia de Jesus aos fariseus tem dois sentidos, no contexto em que vivia. Os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo, a princípio continuaram freqüentando o Templo e as sinagogas (At 2,46; 17,1-2; 21,26).
Em torno do ano 80, após a destruição do Templo de Jerusalém, os fariseus que formavam a cúpula do judaísmo, enrijecendo suas observâncias decidiram expulsar das sinagogas os judeus convertidos ao cristianismo. Certamente muitos deles devem ter abandonado o cristianismo para permanecer sob o abrigo da sinagoga que contava com a proteção do império romano. Mateus, com seu evangelho, quer demonstrar que em Jesus se realizam as promessas do Primeiro Testamento, procurando convencer os convertidos a não retornarem à sinagoga. Alem disso, Mateus tem e intenção de remover da mente dos discípulos originárias do judaísmo os resquícios da incoerente e ambígua prática farisaica (23,8-12).
Nos profetas já se encontravam denúncias à prática dos líderes religiosos (primeira leitura). Estes líderes usavam da autoridade como meio de prestígio, bem como para privilégios pessoais, oprimindo o povo. Contudo, no texto de Mateus, chama a atenção a contraditória recomendação de "fazer tudo o que eles vos disserem", o que implicaria em suportar os "fardos pesados e insuportáveis" amarrados por estes fariseus. Pode-se pensar que tal recomendação seja um reflexo da mentalidade de discípulos convertidos do judaísmo, ainda apegados às tradições judaicas. Percebe-se, com evidência, que tanto a ostensiva prática dos escribas e fariseus como suas exigências doutrinais e legais ferem a proposta de Jesus, anteriormente anunciada, de viver humildemente, no "segredo do Pai".
Nas comunidades deve predominar a humildade, a igualdade em dignidade e o amor, embora na diversidade dos dons e carismas. Paulo apóstolo é uma testemunha desta humildade e de carinho (segunda leitura).

OraçãoPai, reveste-me de humildade e simplicidade, para que eu seja disponível para servir o meu próximo, na mais pura gratuidade.

3. TEORIA E PRÁTICA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os discípulos de Jesus foram ensinados fazer a distinção entre os ensinamentos dos mestres da Lei e dos fariseus e suas ações. Havia um descompasso entre ambos: suas ações não correspondiam àquilo que ensinavam. Daí os discípulos serem exortados a dar ouvidos a seus ensinamentos, evitando, porém, seguir seu péssimo testemunho de vida.
A incoerência dos mestres da Lei e dos fariseus tinha duas vertentes principais. Eles sabiam como inventar normas e preceitos, aos quais as pessoas deveriam submeter-se. Entretanto, suas vidas pautavam-se por preceitos menos severos, com exigências amenizadas. Em outras palavras, para os outros, severidade, e para eles, amenidades. Por outro lado, eram exibicionistas, pois agiam de forma a chamar a atenção das pessoas, tornando-se objeto de deferência e admiração.
Os discípulos do Reino foram alertados para agir de maneira contrária. Sendo todos irmãos e irmãs, seria inconveniente querer estabelecer padrões de conduta particulares, de modo a prescrever normas suaves para uns e normas rígidas para outros. Os ensinamentos do Mestre Jesus valem igualmente para todos, sem distinção.
A fraternidade afasta para longe da comunidade a tentação ao exibicionismo e à superioridade. Antes, o maior entre os irmãos e irmãs é quem se faz servo de todos.

OraçãoEspírito de fraterna igualdade, convence-me, mais e mais, de que a verdadeira grandeza consiste em colocar-me a serviço de todos, na simplicidade e no escondimento.

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