sábado, 29 de outubro de 2011

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "A acirrada disputa dos primeiros lugares"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quantas disputas acirradas e concorrências na vida da comunidade! Disputas de cargos, de funções litúrgicas nas celebrações, de posições importantes nas reuniões de conselhos, onde o confronto das idéias acaba virando uma verdadeira guerra entre as pessoas e os grupos. Desculpe-me, não estou falando da sua comunidade, mas de uma lá de um lugar bem longe daqui...
A comunidade apenas reflete a sociedade onde a disputa e a concorrência é cruel, no mundo do trabalho, no mundo da política, nos partidos que acabam virando um verdadeiro balaio de gato, na vida profissional, o homem busca o poder a qualquer preço, e alguns até vendem a alma ao diabo...
As pessoas não procuram valer pelo que são, mas pelo que têm, pelo status, posição de destaque e importância, diante dos outros. E esse clima tão hostil e totalmente contrário ao Reino de Deus, acaba infestando as pastorais, os movimentos, associações religiosas e as nossas comunidades. Já, presenciei verdadeiras "guerras" dentro da igreja, nos bastidores de alguns movimentos e pastorais, e o espaço celebrativo é o lugar mais disputado, olhares de desprezo e indiferença, chispas de ódio, trocadas ali, diante do altar onde o Senhor se imola e se oferece em oblação, laicato e clero, infelizmente todos nós temos esse pecado.
Nos banquetes nas casas dos notáveis, havia também, esse desfile de vaidades, todos queriam os primeiros lugares, bem perto do anfitrião ilustre, lá está Jesus, que até se diverte ao ver os que se acotovelam para chegarem á frente. Ele desmonta esse quadro totalmente contrário ao Reino de Deus e aos valores do evangelho e coloca a humildade como virtude primordial ao discípulo.
Uma humildade que não consiste em não ter nenhum carisma, em ser um pobre coitado que nada tem a oferecer, em andar de cabeça baixa, pedindo desculpa por existir... Não, isso não é humildade...
O humilde é aquele ornado de um carisma especial que o faz brilhar diante dos homens, carisma usado para servir e alimentar os irmãos e irmãs, carisma que o humilde não nega que tem, mas que no fundo sabe que não é dele, e que o Senhor lhe concedeu para servir, somente para servir, e nunca para ser servido. Carisma que não o torna a pessoa  mais importante da comunidade, mas que o torna sim, o servidor de todos, exatamente como o Senhor Jesus, que sendo mestre se fez escravo, para servir...

2. A parábola exprime a prática do Reino
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Dentre os quatro evangelistas, Lucas é o único que, por três vezes (Lc 7,36; 11,37; 14,1) menciona refeições de Jesus em casa de fariseus. Esta refeição é ocasião de ensinamentos de Jesus.
Na parábola dirigida aos demais convidados, aquele que ocupou o primeiro lugar teve que cedê-lo a um amigo mais importante do dono da casa e aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor. Em conclusão a sentença chave: quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.
É um tema precioso para Lucas, já presente no Cântico de Nossa Senhora (Lc 1,51-52). O não precipitar-se em ocupar os primeiros lugares em momentos solenes era regra comum de boas maneiras nas várias culturas contemporâneas do primeiro século.
A parábola exprime a prática do Reino: a renúncia ao sucesso na injusta sociedade competitiva pelo status e poder, e a adesão à nova sociedade do Reino, fundada na humildade, na fraternidade e no serviço.
Oração
Pai, faze-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.

3. NADA DE VAIDADE!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O Evangelho de Lucas muitas vezes apresenta Jesus fazendo refeições, momento em que encontra motivos para ensinar a seus discípulos. Em geral, qualquer ação incorreta do anfitrião ou dos comensais serve-lhe de pretexto.
Até mesmo de uma questão de etiqueta e boas maneiras (que lugar se deve ocupar numa mesa de banquete?) ele tirou conclusões práticas para a vida do discípulo do Reino: a vaidade se vence pela prática da humildade.
A sociedade está repleta de pessoas inescrupulosas, obstinadas em impôr-se às demais, a qualquer custo, pessoas contaminadas pela vaidade, que se autocolocam nas alturas. Esta gente vive numa ávida competição, sem perder oportunidade de se colocar em evidência para garantir uma posição de destaque diante dos demais.
Humanamente falando, esta obsessão pode ser perigosa, e faz a pessoa passar por uma humilhação indesejada. Em termos de salvação, a vaidade faz a pessoa chocar-se com o projeto de Deus. Em outras palavras, tendo buscado a exaltação humana, experimentará a humilhação divina. O Pai não aceita nem a vaidade nem o orgulho.
Por conseguinte, eis a lição que os discípulos devem tirar de tudo isto: o Pai só exalta a quem busca o caminho da simplicidade e da humilhação.

Oração
Espírito de humildade e de simplicidade, tira do meu coração todo desejo de ser exaltado pelos outros, consciente de que a verdadeira exaltação vem de Deus.


Nenhum comentário:

Postar um comentário