quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Comentário do Evangelho - Comunidade, lugar onde manifestamos nossos carismas

       No lugar onde mais deveria ser acolhido, amado e respeitado, Jesus foi rejeitado, pois a sua gente não conseguia enxergar nele algo além de sua aparência humana. Na cidade de Nazaré onde cresceu e se criou Jesus deixa as pessoas admiradas e espantadas com a sua sabedoria. Admiração e espanto são coisas boas que nos ajudam a nos aproximar das pessoas. Maria, a própria Mãe de Jesus se admirava de tudo o que diziam sobre o menino, os pastores e depois Simeão na porta do templo, no dia da apresentação, que a Igreja celebra exatamente amanhã.
 
       A sabedoria demonstrada por ele na sinagoga, quando usou da palavra, surpreendeu a todos porque estava muito acima da média de um simples Nazareno, juntando-se a isso os prodígios que suas mãos realizavam, as pessoas começaram a desconfiar de Jesus. Era impossível um Nazareno ser tão bom, famoso e sábio daquele jeito. Na cabeça das pessoas da comunidade de Nazaré, Messianismo era algo que viria de cima para baixo, e do meio da Ralé era impossível surgir alguém que fosse dar cumprimento as escrituras e profecias.
 
       O pecado da comunidade de Nazaré ainda é o nosso pecado, nós também, de certa forma não acreditamos em mudanças a partir de movimentos populares, qualquer mudança ou melhora de vida temos que esperar dos que nos governam ou atuam no legislativo. Muitas vezes os sindicatos e associações de Bairros, que deveriam ser por excelência o lugar de manifestação do povo, acaba virando apenas mais um trampolim para a carreira política e tudo o que é do povo acaba nas mãos de políticos, muitas vezes inescrupulosos.
 
       Qualquer forma de organização popular logo é rechaçada como algo contra a ordem estabelecida, a comunidade daria atenção e crédito a um sacerdote que viesse visitar a sinagoga, e que iria dizer palavras bonitas sobre as escrituras e profecias, mas Jesus... Um "Zé Ninguém" dali mesmo, iludindo a si mesmo e aos outros que ele era o Messias..
 
       E o que ocorre quando em nosso meio só botamos fé no poder constituído e menosprezamos a capacidade das pessoas mais simples da nossa comunidade? Desprezamos o Reino de Deus que se edifica na força, luta e garra dos pequenos, rejeitamos o próprio Senhor. O mesmo acontece quando não valorizamos a comunidade, sua organização interna, suas pastorais sempre a serviço das pessoas, as vezes se tem a impressão de que, quem não deu certo em alguma carreira, quer compensar na comunidade invertendo o critério do reino, pois Jesus deu a todos o melhor de si, a própria vida, portanto comunidade é o lugar onde damos o melhor de nós aos irmãos e irmãs.
 
       E assim, na sua comunidade de origem Jesus não pode se dar totalmente porque não foi acolhido e não lhe deram espaço para tanto. Em nossas comunidades do ano 20012 o mesmo pode ocorrer, e em vez de fazermos desabrochar novos valores e lideranças sadias, estejamos talvez manifestando descrédito por aqueles que fazem alguma coisa, sufocando dons e carismas do próximo, que tem algo a oferecer...
 
Diácono José da Cruz
 
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus!

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