terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Carta MCC Brasil – Fevereiro 2014 (174ª.)



“O anjo então lhes disse:
     “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria,
que será também a de todo o povo:
hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador,
que é o Cristo Senhor!” (Lc 2, 10-11)
 
“Que não seja difamado o que é bom para vós.
Pois o Reino de Deus não é comida e bebida,
mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 16-17).


Muito amados irmãos e irmãs de alegre peregrinação no seguimento dos caminhos de Jesus:

     Deixo as duas citações bíblicas acima para que sirvam de pano de fundo ou de fundamental motivação para nossas reflexões deste mês. No segundo parágrafo da nossa Carta de janeiro pp., ao tratar do início de mais um ano, lembrávamos a urgência de “entrar não apenas num novo ano, mas num novo tempo de Igreja, numa caminhada de revisão profunda e de renovação da própria Igreja Católica e da nossa renovada adesão a Jesus e do pleno seguimento de suas pegadas neste tempo novo”. A afirmação nasceu da convocação para esta atitude feita pelo nosso Papa Francisco com a publicação de sua primeira Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium (EG).
 
      A seguir iniciamos os comentários de algumas de suas afirmações que pretendemos continuar em nossas Cartas futuras nas quais, visando a uma maior clareza e melhor didática, continuaremos a sequência numérica. Observe-se, ainda, que mesmo sem referências explícitas, desejamos oferecer nossas reflexões aos participantes do Movimento de Cursilhos do Brasil, esperando que possam ser úteis para aplicação e, quem sabe, para uma renovação do próprio Movimento à luz das orientações pastorais do Papa Francisco. De outra forma, permanecerão tais orientações no nível da teoria e de belas e instigantes palavras e não descerão à vida cotidiana dos cristãos católicos.
 
5.  O grande risco do mundo atual escravizado pelo consumo é cair numa tristeza individualista. Logo no início da EG Francisco, depois de convidar-nos “para uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria que renasce sem cessar do encontro com Jesus Cristo” (n.1), chama a nossa atenção para o oposto da alegria que é a tristeza; uma tristeza individualista gerada pelo consumismo, pela busca de prazeres superficiais e que provoca um vazio no coração e na vida até daquele que diz crer em Deus: “Esse risco, certo e permanente, correm também os que creem” (n.2). O mais grave, porém, acontece quando, “a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já  não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do seu amor nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Note-se que essa “tristeza individualista” é capaz, além de tudo, digamos, contagiosa o seu redor: sua família, suas relações sociais, seu ambiente de trabalho, etc..

Pergunta para reflexão pessoal e/ou em comunidade: Você, meu caro leitor, minha querida leitora, ao examinar o seu coração, nunca se deu conta deste vazio que gera aquela tristeza cujas causas, muitas vezes, você não consegue explicar?  Seria você um daqueles aos quais se refere o Papa ao afirmar que “muitos caem nele (no risco), transformam-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida”? Ou, pior, pelo excesso de ruído que o cerca (TV, rádio, divertimentos, etc.), você não consegue ouvir a voz de Deus que fala no silêncio e no recolhimento (cf. 1Rs 19, 11 ss)?  Se assim for, convença-se de que Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado” (EG 2).

6. Superar a tristeza para viver a alegria do encontro com Jesus. Ainda que na Carta de Janeiro pp. tenhamos tocado no tema da alegria, parece-me oportuno voltar a ele para inserirmo-nos no contexto. Depois de se ter referido a uma “tristeza individualista” derivada do egoísmo, do consumismo e da insatisfação do viver, a EG volta a fazer menção à alegria que nasce do encontro com Jesus. Aliás, é bem essa a característica do Papa Francisco que, como um dos redatores do Documento de Aparecida, não se cansa de manifestar alegria (cf.DAp 28-29). Os no. 3 -8 da EG dedicam-se a refletir sobre a alegria do encontro com Jesus. Afirma o Papa: “da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (n.3); cita o profeta Isaias: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa” (Is 3,17); faz uma indagação instigante: “Por que não havemos de entrar, também nós, nessa torrente de alegria?”.

     Entretanto, não posso deixar de chamar a atenção dos meus queridos leitores para um momento que julgo especial nesse ponto. O Papa não se refere a uma alegria, digamos, sempre de sorriso nos lábios, ou sempre exuberante e comunicativa. É a “alegria da fé” e da “certeza de sermos infinitamente amados” que nos ajuda a não parecer termos escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa”:  “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados. Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias: “A paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o que é a felicidade (…). Isto, porém, guardo no meu coração; por isso, mantenho a esperança. É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a tua fidelidade. (...) Bom é esperar em silêncio a salvação do Senhor» (Lm 3,17.21-23.26).
 
Pergunta para reflexão pessoal e/ou em comunidade: Essa pergunta nasce do nro.8 da EG que encerra a sua primeira parte e faz a ponte para a segunda parte que vai tratar da “doce e reconfortante alegria de evangelizar”:  “Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autoreferencialidade. Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro. Aqui está a fonte da ação evangelizadora”. E vem a pergunta: “Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?
            Além dessa, fundamental no contexto da EG, deixo-lhes mais algumas que, penso, valeria a pena responder e aprofundar: que tipo de alegria ilumina a sua vida? Uma alegria do ter e do poder? Uma alegria de ter “conquistado” e realizado todos os seus anseios e desejos materiais? E outra  ainda: você já fez a experiência do amor, da confiança e da alegria que brotam do encontro com  Jesus e da alegria de “fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras”? (DAp 29).

     Na próxima Carta, assim permitindo-o Deus, vamos refletir sobre “A doce e reconfortante alegria de evangelizar” que traz referências muito concretas não só a cada cristão católico, mas, também, às comunidades e movimentos eclesiais. De maneira especial, poderemos aplicá-las ao nosso Movimento de Cursilhos.
 
     Aos queridos leitores e   leitoras, deixo aqui meu abraço fraterno não sem, antes, confiá-los todos aos cuidados da “Estrela da nova Evangelização”, Maria
              
                                                     Pe. José Gilberto BERALDO
    Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional
MCC Brasil


 

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