terça-feira, 5 de agosto de 2014

Comentário do Evangelho - A verdadeira purificação

 
       Lavar as mãos antes de comer, na nossa cultura é questão de higiene e saúde, porém, no emaranhado de leis do Judaísmo, relacionadas ao rito de purificação, deixar de lavar as mãos é algo inconcebível que se constitui em uma transgressão da Lei de Moisés. Os discípulos de Jesus não lavam as mãos porque não veem necessidade, Jesus é aquele que irá purificar a toda humanidade com a sua morte Redentora na cruz. A purificação das mãos com a água, é apenas um sinal prefigurativo da verdadeira e pura purificação.
 
       Como se vê, os Fariseus e os Escribas estavam bem desatualizados, embora fossem conhecedores profundos da Lei e os Profetas contidos na Torá. Os Discípulos não tinham esse conhecimento, mas souberam ver algo novo e diferente em Jesus de Nazaré, unidos a ele e em comunhão de vida com ele, seus primeiros seguidores se aperceberam que era uma Relação Divina, e isso lhes foi revelado não pela carne, mas pelo próprio Deus.
 
       A Revelação também acontecera ao Povo de Israel, principalmente na Lei dada a Moisés, entretanto, a Lei apontava um caminho, uma direção a seguir, os Escribas e Fariseus não souberam interpretar a Lei e os Profetas, não souberam ver em toda aquela bela tradição de Israel, uma prefiguração da Plenitude que viria em Jesus Cristo inaugurando um tempo novo onde Deus iria escrever a sua Santa Lei, não mais em tábuas de pedra, mas no coração do homem, fonte da Vida, das virtudes e dos desejos maus.
 
       Por esta razão Jesus lhes adverte que esse tempo já chegou e o que torna puro ou impuro um homem é o que sai de dentro dele, bom ou ruim. Em outras palavras, a relação com Deus e com o Sagrado se dá no mais  íntimo do ser humano, e não mais nos gestos exteriores ou nos rituais de purificação.  Essa exortação escandalizou os entendidos da Lei e os Profetas, que queriam colocar-se como guias e orientadores do povo, mas de nada sabiam, e por isso Jesus os chama de Guias cegos que guiam outros cegos.
 
       Assim é o homem da pós-modernidade que se deixa conduzir apenas por aquilo que vê e apalpa, confia exageradamente no conhecimento e na ciência, achando que ali está a salvação da humanidade, quando na verdade não consegue enxergar um palmo adiante do nariz. O pior é que, na humanidade, sempre há em grande número os que preferem seguir por esses caminhos traçados por mãos humanas, que ao fim da jornada terminará no abismo em que o próprio homem cavou para si e seus seguidores, ao descartar em definitivo a Revelação Divina...
 
Diácono José da Cruz
 
ORAÇÃO
Pai, purifica meu coração de toda discriminação e de todo preconceito, de modo que eu possa levar os benefícios do Reino a todos os que de mim precisarem.

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