quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Meditando a palavra



     No versículo final desse evangelho, há uma afirmação de que “Os discípulos não tinham compreendido nada a respeito dos pães, e que o coração deles estava endurecido”.
     A travessia para Betsaida foi logo após a multiplicação dos pães. Tem-se a impressão de que os discípulos não estavam muito a fim de fazer a travessia e Jesus os obrigou a entrarem na barca. Não compreender o milagre da multiplicação dos pães, é não compreender que a base da comunidade é a partilha do “pouco”. “Dai-lhes vós mesmos de comer...”Jesus havia dito a eles. Não significa que o discípulo deve fazer tudo sozinho, do seu jeito, mas fazer com Jesus, pois ele, antes de mandar distribuir os pães, os abençoou e só depois mandou distribuí-los. Quando não se compreende esse princípio fundante da vida em comunidade, sempre vai predominar o medo, a insegurança e a incerteza, sobre aquilo que está se fazendo, e qual vai ser o resultado.
      O resultado disso, quando vemos os trabalhos pastorais apenas como um empreendimento humano, é exatamente o quadro que aparece nesse evangelho, sente-se o efeito dos ventos contrários, “Partilha do Pouco” e a comunhão com nosso Deus manifestado em Jesus, o mundo, ao contrário, o muito para satisfazer as ambições de poucos, concentração de riquezas nas mãos de poucos...Que nenhum cristão se iluda, os princípios e valores do evangelho nunca vão coincidir com o que o mundo nos ensina.
     Então,  a presença de Jesus é sempre fantasmagórica em uma comunidade que pensa assim, Jesus é uma vaga lembrança, uma evocação do passado, mas que nada pode fazer nos desafios do presente...”Coragem, não tenham medo, sou eu!”
      A Fé que crê na vida de partilha, não terá essa dificuldade, pois sabe que o Senhor caminha com os seus, e o nosso “pouco” oferecido aos irmãos e irmãs, vai se tornando no “muito”. Interessante que Jesus faz questão de entrar com eles na barca, não fica de fora para realizar algum milagre, mas entra na barca, e quando assim o faz, os ventos contrários cessam de soprar sobre a tênue barquinha.
     Outros ventos soprarão impetuosos, assim será até o final dos tempos, mas o Senhor caminha com a sua Igreja, não fora, lá de cima, monitorando a situação e vendo o “apuro” dos cristãos, mas dentro da igreja, ele não transforma a vida de comunidade em um “mar de rosas”, mas garante que estará sempre caminhando lado a lado com todos os que crêm Nele.
                                                  Diácono José da Cruz

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