1. "Fazer, esperando uma
recompensa..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Este evangelho é sequência do anterior, meditado ontem, Jesus
nem tinha acabado de falar e o apóstolo Pedro, todo garboso, achando que ele e o
grupo de discípulos eram bem melhores do que o homem rico, que foi embora de
cabeça baixa, disse a Jesus "Eis que deixamos tudo e te seguimos...", e em
seguida a pergunta que com certeza ele fez ou deixou no ar "Vamos ganhar o
que?".
Na parábola dos empregados convidados para trabalharem na
Vinha, aqueles primeiros que madrugaram receberam uma moeda de ouro, e
imaginavam que os últimos que começaram as cinco da tarde, receberiam um valor
menor. O Filho mais velho, na Parábola do Filho Pródigo, irritou-se e encheu-se
de ódio contra o Pai, porque ele dava uma recompensa a quem não merecia,
referindo-se a festa e ao boi gordo abatido para o churrasco na recepção do
Filho mais novo, que tinha partido um dia dissipando os seus bens em uma vida
devassa.
Embora o Judaísmo não influencie mais a vida dos cristãos da
Pós-Modernidade, mas a questão da recompensa ainda existe, nos impedindo de amar
gratuitamente e incondicionalmente as pessoas. Nas Famílias, mesmo nas cristãs
bem constituídas, ainda se premia o filho ou a filha mais comportado, mais
estudioso, mais trabalhador. Na sociedade, as pessoas boas sempre são lembradas
pelos nossos políticos, ainda em vida, ou virando nome de rua depois de mortas.
Quando alguém de uma vida Santa consegue um ótimo emprego, ou algum prêmio que
vai mudar sua vida, tipo ganhar na Mega Sena acumuldada, na própria comunidade
irão dizer "Deus te abençoou, porque você merece..." E por fim, temos a Teologia
da Retribuição e Prosperidade, que lotam templos enriquecendo pastores mal
intencionados, tudo para prosperar e ser bem sucedido nesta vida.
Lembro dos meus tempos de catequese lá nos anos sessenta, onde
aprendíamos a ser bons para poder ir para o céu, e quando aprontávamos alguma,
em casa ou na catequese, alguém nos alertava " Olha, desse jeito você não vai
para o céu". Será que hoje em nossas comunidades muita gente não pensa assim? E
pode acontecer ainda pior, alguém ser bom para que nenhum mal lhe aconteça...
Essa conduta e modo de pensar estão muito longe de SER CRISTÃO de verdade.
Jesus garante que a renúncia e o desapego a tudo nesta vida,
para ficar com ele e se tornar um discípulo, não ficará sem recompensa, de fato,
as alegrias que se sente, quando se ama e se doa gratuitamente é algo
fantástico, mas que porém pode se tornar frustrante, quando esperamos algum
retorno, algum elogio, algum confete, quando queremos uma boa alisada em nosso
ego,por conta de sermos bons...
Termino com uma bela oração do Século XVI "Meu
Deus, não é o céu que prometestes que me leva a querer-te, também não é o
inferno tão temido que me leva a deixar de te ofender... Somente o teu amor
leva-me a agir, e de tal modo, que mesmo que não houvesse o céu eu te amaria, e
mesmo que não houvesse o inferno eu te temeria. Nada o Senhor tem que me dar
para que eu o ame, pois ainda que não esperasse o que espero, eu te amaria do
mesmo modo como eu te amo".
2. Partilha e abundância para
todos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O piedoso homem rico não quis abrir mão de sua riqueza e
rejeitou a proposta de Jesus de ingresso na vida eterna (cf. 28 maio). Em
contraposição, Marcos apresenta, em seguida, o testemunho de Pedro e dos
discípulos que seguiam Jesus, embora vacilantes e sem bem entendê-lo. Jesus não
responde diretamente às expectativas de Pedro e dos demais, mas dá uma resposta
geral, dirigida a todos que efetivamente deixam tudo para segui-lo. Aquele que
partilhar seus bens receberá cem vezes mais, agora, e a vida eterna que
transcende o tempo. Nesta partilha dos bens temos uma versão, em termos
econômicos, da partilha do pão na montanha, a partir da qual os pães se
multiplicaram e houve abundância. Além do mais, o desapego às conservadoras
tradições familiares, que reproduzem o sistema social de privilégios e
dominação, proporciona o ingresso na grande família daqueles que fazem a vontade
de Deus. Contudo, a adesão a Jesus e ao evangelho pode ser motivo da conquista
da bem-aventurança da perseguição por causa do Reino.
No novo mundo possível e já em construção, não haverá
exploração e miséria, mas sim compaixão, solidariedade, partilha e abundância
para todos.
Oração
Pai, dá-me a graça de entregar-me totalmente ao serviço do Reino, sem esperar outra recompensa além de saber-me amado por ti.
Pai, dá-me a graça de entregar-me totalmente ao serviço do Reino, sem esperar outra recompensa além de saber-me amado por ti.
3. SEGUIMENTO
GRATUITO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A preocupação de Pedro e dos outros discípulos com a recompensa
que haveriam de receber, por serem seguidores de Jesus, tem sua razão de ser.
Eles haviam deixado para trás família, profissão, projetos pessoais, para seguir
o chamado do Mestre. Quem haveria de garantir-lhes o sustento? Qual seria o
futuro deles, já que não estava em jogo o recebimento de benefícios financeiros?
A pobreza de Jesus não lhes permitia nutrir ilusões. Ele não podia dar o que não
tinha. Segui-lo significava tornar-se pobre como ele.
A resposta de Jesus é compreensível à luz da experiência das
primeiras comunidades cristãs. Estas conseguiram libertar-se do que possuíam, e
se dispuseram a colocar tudo em comum, realizando uma efetiva comunhão de bens e
de relações interpessoais. Por isso, quem aderia ao Senhor, mesmo desfazendo-se
de seus bens, não corria o risco de ver-se na indigência. A própria comunidade
viria em socorro de suas necessidades.
Em decorrência disto, quem se tornava discípulo, mesmo tendo
deixado tudo, receberia, já neste mundo, o cêntuplo como recompensa,
participaria dos bens comuns, e teria sempre alguém para acudi-lo, quando
necessário.
O seguimento gratuito acaba sendo recompensado. Não segundo os
esquemas mundanos de acumulação de bens, mas conforme o esquema de partilha,
característico do Reino.
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