1. "A Paz do Mundo..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Sempre que leio essa afirmativa de Jesus, no evangelho de João
"Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como mundo a
dá..." me questiono sobre a Paz que o mundo nos oferece... Paz que
tem o sinônimo de sossego, ausência de problemas, tranquilidade, despreocupação.
Para o mundo, ficar em paz é não ter nenhuma contrariedade ou aborrecimento,
portanto, é poder fazer tudo o que se quer, é não ter que ficar esperando, é não
depender de ninguém nem de nada, é ter autonomia, é poder quebrar certas normas
ou regras, usufruir de exceções, ter regalias e mordomias. É difícil falar de
Paz do mundo, sem pensar no poder econômico, em uma riqueza e um patrimônio
egocêntrico. Que outra Paz o mundo pode nos oferecer que não seja esta?
Há uma outra paz que inventaram por aí, e que até colocaram
nela um rótulo cristão, mas é tão fútil como a Paz do mundo: as vezes a chamam
de Paz interior, é a religião que arrebata o homem para o céu, ainda em vida, o
alienando de toda e qualquer realidade que o cerca, caindo naquele dualismo
sinistro de que, o mundo é mal e cruel, só Deus é bom, resta esperar que Deus
supere o mal e restitua esse paraíso que o nosso pecado perdeu. Essa paz , nós
poderíamos chamar de "A Paz dos desiludidos..." E olhe que são muitos que pensam
dessa forma, a gente tendo Fé, lá de vez em quando Deus revela o seu poder em
Jesus e nos traz algum benefício. Um Deus que nos livra de todas as angústias
humanas, bem diferente do Deus Pai de Jesus, que foi condenado e morreu em uma
cruz.
A Paz de Jesus é a Graça Santificante e Operante que Ele nos
comunica a partir do nosso Batismo e que nos possibilita viver com Ele em eterna
comunhão, ter a Vida de Deus em nós e permitir que a nossa Vida também esteja
Nele. É bom termos consciência de que essa situação de sermos agraciados a
partir da Fé, não nos torna imunes as angústias, tribulações e sofrimentos
inerentes ao ser humano, como muitos pensam..."Encontrei Jesus e meus problemas
acabaram (quando na verdade, apenas começaram...) "
Que atitudes ou que testemunho deve dar um discípulo de Jesus,
que vive na Fé pela Graça de Deus? Nada mais além do que o amor e a fidelidade
ao Pai, como Jesus resume toda a sua postura no final do evangelho. Amar e ser
Fiel a Deus, quando se navega em águas mansas e calmas, não é assim tão difícil,
contudo, que ninguém se iluda, pois olhando para Jesus vamos ver que esse
itinerário da Fé passa necessariamente pelas tribulações. É nesse sentido que
Jesus quer tirar dos seus discípulos a insegurança e o medo diante dos desafios,
e por isso os tranquiliza se fazendo presente, agora na plenitude do Espírito
que orienta e conduz á sua Igreja, que somos todos nós...
2. A paz de Jesus vai ao mais
profundo do ser
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Após anunciar sua volta à casa do Pai, Jesus, agora, dá a sua
paz aos discípulos. A palavra "paz" tem nuances diferentes, conforme a língua.
No hebraico (shalom) tem o sentido de uma transação comercial concluída com
sucesso, em uma situação de abundância em que nada falta.
O termo grego (eirênê) vai no sentido da ordem estabelecida.
Jesus não dá sua paz à maneira do mundo. Seu desejo de paz não é uma saudação
formal nem um desejo de riqueza ou de acomodação em um mundo de injustiças, seja
como privilegiado, seja como espoliado.
A paz de Jesus vai ao mais profundo do ser. Ela é fruto da
libertação do oprimido e do explorado. Ela é a expressão de uma vida fraterna,
em que cada um se sente respeitado e valorizado na simplicidade de seu ser. A
paz de Jesus perturba a paz do mundo dos poderosos e acomodados.
Dada a paz, Jesus exorta à alegria pelo encontro com o Pai.
Jesus fez tudo o que o Pai mandou, e o chefe deste mundo nada pode contra ele. A
violência e a morte praticadas pelos poderosos nada podem contra a paz da
comunhão com Deus, fonte de vida eterna.
Oração
Senhor Jesus, conduze-me pelos caminhos da tua paz, que é fruto do amor e da justiça, expressões da comunhão fraterna.
Oração
Senhor Jesus, conduze-me pelos caminhos da tua paz, que é fruto do amor e da justiça, expressões da comunhão fraterna.
3. A Paz
Libertadora
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Nestes últimos momentos de despedida, Jesus comunica sua paz
aos discípulos. A paz do mundo é falsa e enganosa, coexistindo com a perturbação
e o medo. É a paz de Jesus que os remove. A paz do mundo é a ausência de
discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à ordem
imposta pelo poder. Era esta também a paz na concepção do messianismo davídico
da tradição de Israel. Era assim no Império Romano e assim é hoje no império de
mercado globalizado sob a hegemonia estadunidense. Para os pequenos e oprimidos,
esta paz torna-se acomodação ao sistema opressor diante da insegurança e do
medo. A paz de Jesus é decorrente da prática da justiça. É a paz que ele
proporcionou aos discípulos e às multidões com sua prática libertadora,
fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade de homens e mulheres. É
a paz alcançada ao se abrir mão da vida oferecida pelos ideais de sucesso deste
mundo. É a paz de reencontrar a vida na união de vontade com o Pai amoroso. É o
empenho, em mutirão, na construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a
vida eterna.
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