1. "NOSSA QUERIDA VIDEIRA!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
Há muita gente que, por mera falta de conhecimento, interpreta
de maneira equivocada esse evangelho de São João, onde Jesus se apresenta como a
Videira. Talvez porque seja mais fácil entender que se trata de algo pessoal:
falando da minha espiritualidade, minha intimidade com o Cristo, minha
permanências nele, através das minhas orações e da minha sacramentalidade, pois
só assim irei produzir os “meus frutos”. Não há dúvidas de que o texto traz um
apelo à conversão pessoal, possível a partir da permanência, isso é, em comunhão
com Jesus Cristo mediante a graça santificante, mas o evangelho também apresenta
indícios de uma relação bem mais ampla e complexa, basta ver a conclusão lógica:
Fora da videira, além de não produzir nenhum fruto, também iremos morrer e ser
destruídos para sempre, nas chamas do fogo eterno.
Se entendermos a expressão Joanina ao pé da letra, esse fogo se
apresenta como um castigo, e nesse caso, permanecer com Cristo seria uma
obrigação e não uma opção pessoal por esta vida, totalmente nova que ele nos
oferece. A estrutura de um vegetal é algo muito complexo: raiz, tronco, ramos,
folhas, flores e frutos. A esse respeito, lembrei-me de uma história muito
interessante, que ilustra bem a reflexão.
Ao passar o final de semana na chácara da família, o menino
disse ao pai, que queria fazer um discurso de agradecimento a uma árvore, pelo
fruto adocicado que acabara de saborear, mas que queria saber, por onde começar
“A quem agradeço primeiro, a raiz, ao tronco ou ao galho, onde apanhei o fruto?”
O pai sorrindo, explicou que o fruto saboroso foi produzido pela árvore toda em
seu conjunto, e não apenas por uma de suas partes. É João também, o autor da
célebre afirmação de que, “Quem diz que ama a Deus que não vê, mas não ama o
irmão que vê, é mentiroso, pois a verdade não está nele”.
Então o evangelho da Videira fica bem mais claro para todos
nós, sem essa comunhão com Cristo e com os irmãos da comunidade, não iremos
produzir frutos, ou os frutos não serão de boa qualidade. É na Igreja
comunidade, que vivemos e celebramos essa comunhão. Permanecer, não significa um
encontro casual ou acidental, nem tão pouco quer dizer fechar-se dentro do seu
grupo, da sua equipe, pastoral ou movimento, quando temos essa atitude, de só se
sentir bem no “meu grupo”, o horizonte se apequena, porque se trata de uma fuga
das relações complexas e assim, eu acabo-me “escondendo” no meu grupo, ali não
serei questionado, não precisarei buscar mais nada, pois terei enfim encontrado
a sonhada paz, a comunidade perfeita.
Um ramo assim está fadado a secar, irá perder a vitalidade e
acabará caindo ou sendo arrancado por algum vento impetuoso que sopra contrário,
pois não é função do tronco conduzir a seiva a um ramo em particular, mas a
todos os ramos. Fechar-se no grupo significa uma tentativa infrutífera de
monopolizar a seiva da graça de Deus, só para nós, com exclusividade. Há igrejas
cristãs que pensam assim, há grupos cristãos que também pensam desta forma,
alimentando a ilusão de que o cristianismo fechado em um grupo é uma maravilha,
uma bênção e uma grande graça. Quanto engano!
O evangelho desse domingo, escrito por São João, desmonta toda
essa “fantasia colorida”. A ameaça de ruptura e destruição no fogo, não é para
os que não pertencem á Videira, mas sim para os de dentro, que insistem em
caminharem sozinhos, sem uma inserção na vida comunitária. São Paulo usa a mesma
linguagem da videira, quando vislumbra a Igreja como um Corpo, onde nós somos os
membros e Cristo é a Cabeça, o pé não tem nenhuma importância em si mesmo, se
não considerarmos sua relação com o corpo, um membro separado do corpo, não
serve para nada, não tem função alguma, ele só se torna valioso e importante,
quando unido permanentemente com o corpo todo.
Nossa caminhada enquanto igreja, não pode ser alimentada por
essas fantasias e mentiras inebriantes, pois elas não resistirão ao Fogo da
Verdade Divina.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. A comunidade que dá frutos de
amor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
João, no seu evangelho, apresenta mais uma autoproclamação de
Jesus na qual diz ser, ele próprio, a videira verdadeira. No Primeiro Testamento
a divindade se revelara a Moisés com o nome: "Eu Sou". As autoproclamações de
divindades já eram encontradas nas tradições religiosas da cultura egípcia. No
evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: eu sou... o pão da
vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a
ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, e, agora, a videira. Enquanto o
deus de Moisés permanecia um deus invisível e nas alturas, agindo a distância,
as autoproclamações do evangelho de João revelam Jesus como sendo Deus
intimamente presente no mundo, convivendo com as pessoas, relacionando-se de
maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.
Com esta última autoproclamação, Jesus acentua a íntima relação
que existe entre seus discípulos e ele. A imagem usada é a da videira, cujo
cultivo era comum nas civilizações antigas em vista da produção do vinho. A poda
dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de fortalecerem os ramos
carregados, era uma prática comum no seu cultivo. A simbologia da videira é
muito usada no Antigo Testamento, representando o povo de Israel. Jesus lhe dá
um novo sentido. Todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social,
em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor
divino e da vida eterna. Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão
separados da videira. Podemos perceber estes ramos sem frutos em Atos dos
Apóstolos (primeira leitura), naqueles judeus de língua grega que rejeitavam a
pregação de Paulo e procuravam matá-lo. O ramo que dá fruto é limpo para que dê
mais frutos ainda. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus e
Jesus, nele. É o ramo que é tornado limpo pela acolhida e prática da palavra de
Jesus.
A íntima inserção dos ramos ao tronco da videira é uma
sugestiva imagem da permanência dos discípulos em Jesus. O verbo "permanecer"
aparece oito vezes no texto. O permanecer em Jesus significa permanecer em
comunhão de amor com o próximo e com Deus, já participando da vida eterna. Na
Primeira Carta de João (segunda leitura) é destacado que, quem vive o mandamento
de amor, permanece em Deus e Deus permanece nele, o que significa a participação
em sua vida divina e eterna.
A comunidade unida, em comunhão com Jesus e praticando sua
palavra, tem como fundamento de sua oração pedir que seja feita a vontade do
Pai. E o Pai é glorificado pela comunidade que dá frutos de amor, no empenho em
remover a injustiça do mundo e promover a vida para todos.
Oração
Senhor Jesus, que minha união contigo leve-me a produzir, sempre mais, os frutos de amor e de justiça esperados por ti.
Senhor Jesus, que minha união contigo leve-me a produzir, sempre mais, os frutos de amor e de justiça esperados por ti.
3. A VIDEIRA, OS RAMOS E OS
FRUTOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
No Primeiro Testamento, o deus de Moisés se revelara como "Eu
Sou". As autoproclamações de divindades já eram encontradas no Egito. No
Evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: Eu sou... o pão da
vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a
ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, a videira, entre outras.
Com elas, Jesus revela- se como o Deus intimamente presente no
mundo, na vida das pessoas, relacionando-se de maneira simples e comum com
homens, mulheres e crianças.
Jesus se autoproclama como a videira verdadeira. A videira, na
tradição do Antigo Testamento, representa o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo
sentido, no qual todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social,
em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor
divino e da vida eterna.
Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão
separados da videira. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em
Jesus, e Jesus nele. Os ramos unidos à videira são a comunidade unida a Jesus,
que ora ao Pai e é ouvida.
A Primeira Carta de João (segunda leitura) desenvolve o tema da
permanência em Jesus. Quem ama com ações e de verdade permanece em Deus. E é
permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado
do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos cria laços entre as
pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida. Na primeira
leitura, vemos como a conversão de Saulo levou-o, logo de início, a uma pregação
corajosa. Em continuidade, sua missão frutificou em inúmeras comunidades de
fé.
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