É a ascensão do Senhor que lhes permite afirmar que ele,
por sua ressurreição, está junto do Pai, sentado à sua direita. Tanto no
Evangelho de Lucas como nos Atos dos Apóstolos, que é a segunda parte da obra
lucana, o relato da Ascensão é precedido da promessa do envio do Espírito Santo
e da missão confiada aos discípulos de serem testemunhas de Jesus Cristo (Lc
24,47-49; At 1,8).
Se o Evangelho dá uma breve notícia, dizendo simplesmente
que “afastou-se deles e foi levado ao céu” (Lc 24,51), os Atos dedicam um espaço
maior à ascensão (At 1,9-11).
O Cristo Ressuscitado continua a ter palavra e a ensinar
os apóstolos, mas não de viva voz, e sim pelo Espírito Santo, que faz na
comunidade dos discípulos a memória de Jesus, atualiza e esclarece suas palavras
e move ao testemunho. Pela ação do Espírito, a presença do Senhor podia e pode
ser sentida e reconhecida em todos os âmbitos da vida. É no cotidiano da
existência humana que o Senhor se deixa encantar. A sua “elevação” é sentida em
todos os lugares e em todo tempo.
Os três versículos que narram a ascensão nos Atos têm por
finalidade instruir os discípulos. Em primeiro lugar, a ascensão é uma profissão
de fé: tendo ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo foi elevado ao céu. Nesse
sentido, o relato não se oferece ao exercício ótico nem deve aguçar a
imaginação, perguntando-se como se deu esta elevação. A imagem apresentada é
ajuda para a intelecção da fé.
Em segundo lugar, o relato da ascensão visa responder à
pergunta pelo onde e como encontrar o Ressuscitado elevado ao céu. O verbo
“elevar” no passivo – “foi elevado” (v. 9.11), chamado de passivo divino, indica
que foi Deus, o Pai, quem o elevou. “Uma nuvem o envolveu” (v. 9). A nuvem é, na
tradição bíblica, símbolo da presença de Deus (ver: Ex 13,22). Jesus entra no
mistério de Deus; no que é seu, antes da criação do mundo.
Os dois mensageiros celestes auxiliam na compreensão do
mistério: “Esse Jesus que vocês viram ser elevado ao céu, virá, assim, do mesmo
modo como o vistes partir para o céu” (v. 11). Agora, não depois, o modo da
presença de Jesus Ressuscitado é envolto no mistério. Ele se oferece para o
reconhecimento na nossa própria humanidade e nas vicissitudes do tempo e da
história: “Por que ficais parados, olhando pra o céu?” (v. 11). Neste novo tempo
é a fé que permite ver.
Na fé a “elevação” de Jesus não é sentida como ausência,
mas como uma forma de presença. O fruto desta presença é a alegria: “Em seguida
olharam para Jerusalém, com grande alegria” (Lc 24,52).
Carlos Alberto Contieri, sj
ORAÇÃO
Espírito que nos move a ser testemunhas, faze-me sempre mais ativo na missão que o Senhor me confiou: proclamar a salvação a toda a humanidade.
Espírito que nos move a ser testemunhas, faze-me sempre mais ativo na missão que o Senhor me confiou: proclamar a salvação a toda a humanidade.
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