O evangelho tem como contexto a situação das comunidades
no primeiro século do cristianismo e que refletem também os primeiros tempos dos
discípulos após a ascensão do Senhor. O medo e a insegurança deles era por causa
do acontecimento que desencadeou toda aquela caminhada, a vida de Jesus de
Nazaré, seus ensinamentos, suas obras prodigiosas, mas que no final resultaram
em fracasso com a morte na cruz. Se antes, caminhando com ele, a história acabou
tão mal, agora o risco de um novo fracasso era ainda maior pois Jesus não estava
mais com eles...
Os cristãos do primeiro século olhavam á sua volta e não
viam nenhuma perspectiva de que o cristianismo fosse dar certo, de um lado o
Império Romano, a cultura grega que exaltava o conhecimento, de outro o Judaísmo
e suas raízes. Que futuro teria a comunidade dos seguidores de Jesus de
Nazaré?
Hoje se sabe que o cristianismo está entre as maiores
religiões do mundo, mas a sociedade não reflete essa realidade, ao contrário,
parece que tudo contraria o evangelho e os cristãos vêem as forças dom mal se
fazerem presentes até nas comunidades. Divisões, discórdias, escândalos,
cristãos que desistem de viver a Fé e fracassam em sua caminhada. A impressão é
que as forças do mal imperam na humanidade e querem engolir a Igreja.
O que pode um frágil barquinho a mercê de ventos fortes e
ondas gigantes? O que pode a Igreja de Cristo fazer para mudar os rumos da
humanidade? O Evangelho terá poder e força suficiente para reverter esse quadro
de tenebrosa escuridão que nossos olhos contemplam?
São inquietações que afligem o coração de todos os
discípulos. Entretanto, quando parece que a barca vai a deriva, os homens e
mulheres de Fé vislumbram, nos momentos mais críticos, algo que supera todo mal,
Jesus acompanha a barca, e tem sob os pés as Forças do Mal, isso é, há bem lá na
frente um porto seguro onde a Barca vai chegar. Quando pensamos nessa realidade
nova, perceptível á luz da Fé, sentimos medo mais o Senhor nos tranqüiliza
"Coragem, sou eu, não temais".
Jesus é o Senhor da História, não é alguém que influenciou
a história no passado e que agora deve ser sempre lembrado por seu exemplo, como
fazemos com nossos homens ilustres, Jesus está vivo, está vivendo com a Igreja
cada momento de sua história, está atento e atuante nas comunidades cristãs,
aponta novos rumos e direção a ser seguido, para se chegar à outra margem...
E as comunidades de João, com sua Fé e testemunho de Vida,
passou incólume pelas Forças Tenebrosas do Mal e chegou até nós, com o mesmo
evangelho, o mesmo anúncio. Essa é a prova inequívoca da presença de Jesus em
nossa Igreja, são dois milênios de caminhada. O mar não é sereno, nem nunca
será, mas as ondas revoltas e a ventania nada pode contra a Igreja, porque Jesus
navega conosco...
Diácono José da Cruz
Paróquia N. Senhora Consolata – Votorantim – SP
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