1. “Ressurreição e Ressuscitação”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Tenho um amigo que o pai morreu de Alzheimer e cuja
preocupação é que no dia em que ele também morrer e for encontrar-se com o pai
na Vida Eterna, este não o reconheça. Outro colega de serviço quis saber, em
certa ocasião que falávamos sobre o assunto, se ele na Vida Eterna irá se
reencontrar com o cachorrinho de estimação que perdeu vítima de uma doença.
Um outro disse em tom de brincadeira que não quer se encontrar
com a sua sogra na Eternidade, e se registrarmos todas as conversas e opiniões
sobre o assunto, facilmente percebemos que a maioria confunde ressurreição com
ressuscitação, que são coisas bem distintas. Queremos todos chegar na Vida
Eterna e dar continuidade a tudo que somos e fizemos nesta vida, com as mesmas
emoções e sentimentos, com o mesmo modo de se relacionar com as pessoas.
Os Saduceus, um grupo que não acreditava na ressurreição,
resolveram contar uma piadinha para Jesus, sim, uma historinha dessa só pode
ser uma piada, é o caso de uma super mulher, que teve sete maridos e todos
“bateram a cacholeta”, e por fim um belo dia a viúva por sete vezes também
morreu, essa realmente descansou... Só que na cabeça dos Saduceus espirituosos,
a história continuou, agora a coitada chega no Céu e dá de cara com os sete que
a esperavam, e no final veio a perguntinha descabida : “De quem ela terá que ser
esposa?”
Pronto ! Está feito a “misturança”, uma realidade terrestre com
uma realidade ultraterrestre, alguém aí já imaginou se fosse assim, levar
conosco para a Vida Eterna os problemas mal resolvidos ou a resolver aqui nesta
terra, para dar continuidade a historia? Podem ter a certeza de que não valeria
a pena ressuscitar. Um pouco pior é o pensamento reencarnacionista onde a gente
sobe e desce, vai e volta, até terminar o processo de purificação total,
pagando todas as nossas faltas. Ressurreição não é nada disso! Como é que
podemos afirmar isso?
Na ressurreição de Jesus e nas suas aparições na comunidade. É
um processo de continuidade, Jesus é o mesmo, nós seremos os mesmos, a pessoa
que construímos com nossas ações boas ou más, porém, de um outro jeito, Jesus
Ressuscitado é o Jesus crucificado, mas de um outro jeito, o mesmo irá acontecer
com todos nós, seremos os mesmos, mas de um outro jeito.
Por não termos a união hipostática das duas naturezas como
Jesus, só seremos revelados o que de fato somos, após a consumação dos séculos,
quando a história chegar ao seu final e o Reino atingir a sua plenitude, sempre
lembrando que a nossa Vida se dá no tempo e espaço, enquanto que Deus é Eterno,
não tem passado nem futuro, e portanto a nossa morte biológica nos permite
mergulharmos no infinito de Deus.
Não estaremos mais sujeitos ao tempo ou ao espaço, não teremos
mais nenhuma necessidade de qualquer ordem, seja ela corporal, afetiva ou
espiritual, por isso as relações de afetividade não terão mais razão de ser. Em
Deus estaremos completos e perfeitos. O Amor que nos ama nos transformará, e nós
também seremos Amor, e viveremos eternamente nesse Amor.
2. Deus é Deus dos
vivos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O evangelho de Marcos faz menção aos saduceus unicamente nesta
passagem. Eles pertenciam à classe rica de latifundiários e não acreditavam na
ressurreição. Eles querem confundir Jesus a partir da lei do levirato, cujo
objetivo era conservar a posse das propriedades dentro da família patriarcal. No
casamento a mulher, sem direito algum, era puro instrumento desta posse.
Diante do caso anedótico da mulher que casou com sete irmãos,
Jesus critica a incompreensão e erro dos saduceus e destaca que Deus é Deus dos
vivos. Citando os antepassados, Abraão, Isaac e Jacó, Jesus realça que eles
estão vivos, isto é, já participam da vida eterna, para a qual Deus a todos
criou.
O que permanece para toda a eternidade não são os interesses
econômicos com seu apego aos bens materiais, mas os atos de amor que constroem a
vida.
Oração
Pai, tu és o Senhor da vida e me conduzes para a vida eterna junto de ti. Aumenta a minha fé de que não estou destinado à morte, e sim à comunhão contigo.
Pai, tu és o Senhor da vida e me conduzes para a vida eterna junto de ti. Aumenta a minha fé de que não estou destinado à morte, e sim à comunhão contigo.
3. UMA GROSSERIA
TEOLÓGICA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A pergunta que os saduceus fizeram a Jesus revelou uma
grosseria teológica. Por não aceitarem a ressurreição, imaginaram poder
confundi-lo com um casuísmo sem fundamento. Assim é que se deve entender a
história da mulher que se casou, sucessivamente, com sete irmãos, e, por fim,
ela própria morreu. De qual dos sete irmãos seria esposa para na
ressurreição?
Jesus questionou a teologia subjacente à problemática assim
apresentada. Ela supõe que Deus seja tão sem criatividade, a ponto de dever
repetir, na vida eterna, o mesmo esquema da vida terrena, devendo resolver as
aporias pendentes da presente vida.
Esta imagem de Deus foi posta sob suspeita. Por seu poder
divino, a experiência da ressurreição consiste numa nova criação, cuja perfeição
deve ser entendida a partir de novos parâmetros. As relações interpessoais não
serão uma cópia do modo de vida terreno. Simbolicamente, Jesus afirma que os
seres humanos ressuscitados "serão como anjos no céu", sem estarem sujeitos à
contingência da morte, sem necessidade de reproduzir-se e assegurar
descendência.
A dificuldade de os saduceus aceitarem a ressurreição dependia
do esquema teológico que eles tinham. Por isto, incorriam em erro. O Deus de
Jesus, no entanto, é bem diferente!
Oração
Espírito que ressuscita, alarga meus horizontes teológicos para que eu possa compreender a ressurreição como mistério de plenificação da vida.
Espírito que ressuscita, alarga meus horizontes teológicos para que eu possa compreender a ressurreição como mistério de plenificação da vida.
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