1. “Ressurreição: mistério para se acolher e
contemplar...”(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP)
Hoje é Dia de São Tomé e o evangelho evidentemente não traz a
ele uma crítica, antes, um elogiou e louvor pela sua atitude, pois ao contrário
do que se pensa, São Tomé deixou-se levar pela Fé no Ressuscitado... Mas o modo
como está relatado, parece que ele faltou na celebração e depois, ainda duvidou
do anúncio e testemunho dos seus irmãos de comunidade. A atitude de Tomé é a do
homem que se deixa levar pela Fé, permitindo que ela seja, a partir de agora,
esse novo jeito de se relacionar com Jesus Ressuscitado. Claro que aqui se toma
o exemplo de um, que é São Tomé, para falar da experiência de todos e
principalmente das comunidades cristãs do primeiro século da Igreja, que fizeram
essa experiência.
Sabemos que Jesus Ressuscitado vai á frente de todas nossas
comunidades cristãs, mas não podemos vê-lo e nem tocá-lo, mas o vemos pela Fé (
sem precisar usar o nosso imaginário sobre o tipo físico de Jesus, do mesmo modo
que, a sua presença real na Eucaristia não é fruto da nossa imaginação).
O testemunho da nossa Fé no Cristo Ressuscitado, só se torna
mais consistente quando vivemos em comunidade onde celebramos aquilo que Cremos
e quem não participa da comunidade não consegue crer na Ressurreição do Senhor.
A Comunidade não se reúne de vez em quando, para matar a saudades de Jesus e
ficar o recordando mas a cada oito dias se reúnem em torno da Palavra e do
Pão.
E por fim uma observação importante, Jesus não vai dizer a
Tomé, ao final do evangelho, “Credes porque me tocastes”, mas sim “Credes porque
me vistes...”. Para fazer esta belíssima profissão de Fé, que ainda hoje podemos
rezar solenemente diante da apresentação do Cordeiro, por parte do sacerdote,
Tomé não precisou tocar nas marcas da paixão que o Senhor lhe apresentou (O
evangelho não fala que ele tocou) E Jesus vai dizer que ele o viu “Credes porque
me vistes...”.
Trata-se de um modo novo de olhar para Jesus, pois o
Crucificado é o Ressuscitado, e agora a Fé, é o único modo de vê-lo, e sentir a
sua presença na Igreja. Essa profissão solene de Fé, também é o ato de Fé das
primeiras comunidades, que contrariando o poder do império romano, professava o
Senhorio de Jesus, Único Deus e Senhor, e não o do Imperador, que tinha as
prerrogativas divinas e exigia culto de adoração.
2.
Bem-aventurados os que não viram e
creram(O comentário do Evangelho abaixo é feito por
José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Jesus continua presente entre seus discípulos, após a sua
crucifixão. A humanidade de Jesus, o Filho de Deus, desde seu nascimento, está
inserida na vida divina e eterna. As aparições não são fundamentais para a fé em
Jesus, na sua divindade e na sua eternidade. O próprio evangelho de João narra
como o discípulo que Jesus amava, vendo o túmulo vazio, teve fé, sem ver o
Ressuscitado.
Os evangelhos de Mateus, Lucas e João narram aparições do
Ressuscitado a algumas mulheres e apóstolos. Testemunhar ter visto, tocado e
comido com o Ressuscitado pode ser um fator de convencimento do fato da
ressurreição.
Porém, em continuidade ao movimento de Jesus, ao longo dos
séculos, os discípulos creram sem ver o Ressuscitado. Esta narrativa de João
acentua este aspecto. Se Tomé fez questão de tocar e ver para crer, não é
exemplo para os demais. Bem-aventurados são os que não viram e creram.
Oração
Espírito de fé no Ressuscitado, a exemplo do discípulo amado, faze-me professar a fé no Senhor que está vivo e presente em nosso meio, sempre pronto a nos ajudar.
Espírito de fé no Ressuscitado, a exemplo do discípulo amado, faze-me professar a fé no Senhor que está vivo e presente em nosso meio, sempre pronto a nos ajudar.
3.CRER SEM VER(O comentário do
Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese
Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada
mês).
Tomé é a tipologia do "ver para crer". A esta, Jesus contrapõe
a bem-aventurança dos que creram sem ver.
Entre as primeiras comunidades vinculadas à comunidade de
Jerusalém, surgiu a tradição do ver o ressuscitado como condição para as
primeiras lideranças. A partir daí, somos chamados a crer nestas testemunhas,
sem ver.
O episódio do Evangelho de hoje relativiza as narrativas de
visões do ressuscitado. Na cena do encontro do túmulo vazio, o discípulo que
Jesus amava creu sem ver o ressuscitado. Para crer não é necessário ver.
A fé brota da experiência de amor que os discípulos tiveram no
convívio com Jesus, e da mesma experiência de amor que se pode ter, hoje, nas
relações fraternas de acolhimento, de doação e serviço, de misericórdia e
compaixão, na fidelidade às palavras do Mestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário