Um dos traços fundamentais da imagem de Deus, revelada por
Jesus, foi a bondade. A insistência neste ponto deveu-se, sem dúvida, às imagens
destorcidas que povoavam a fé popular. Muita gente, ontem e hoje, cultua um Deus
rigoroso, sempre pronto a castigar, impaciente com as limitações humanas,
intransigente quando se trata de cobrar.
O Deus de Jesus Cristo, pelo contrário, prima pela
condescendência para com os seres humanos: pronto para atender quando
solicitado, disponível para quem o procura, e incapaz de fechar-se para quem se
dirige a ele. Tudo o que é bom para a humanidade, ele não se recusa a conceder.
Jesus Cristo constituiu-se no dom mais precioso de que a
humanidade carecia. E o Pai soube satisfazê-la. Sem Jesus, os seres humanos
caminhavam sem rumo, incapazes de alcançar, por si mesmos, a salvação. Não lhes
restava outra perspectiva a não ser a condenação. A vinda de Jesus - enquanto
dom do Pai - restituiu-lhes o sentido de viver. Nele todas as coisas encontram
sentido.
Este é o ponto de vista com o qual a paixão de Jesus deve ser
considerada: aquele que caminha para a morte foi o maior dom que o Pai concedeu
à humanidade. Jesus é a prova mais convincente do amor que Deus devota aos seres
humanos.
Pe. Jaldemir Vitório
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica
Oração
Pai, dá-me um coração grande, capaz de demonstrar um amor imenso ao meu
semelhante, na total gratuidade e sem interpor restrições. Espírito de bondade, faze-me compreender que, no
Filho Jesus, manifestou-se a prova maior de amor que o Pai tem para comigo.
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