“Acaso ignorais que um pouco de fermento leveda a massa toda?
Lançai fora o fermento velho, para que sejais uma massa nova, já que
deveis ser sem fermento.
Pois o nosso cordeiro pascal, Cristo, já está imolado.
Assim, celebremos a festa, não com velho fermento, nem com fermento de
maldade ou de perversidade,
mas com os pães ázimos de pureza e de verdade” (1Cor 5, 6b-8).
Muito amados irmãos e irmãs, peregrinos para a Páscoa
definitiva!
Antes de prosseguir com nossos comentários sobre a
Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium – A Alegria do Evangelho”, conforme o
que havíamos programado, é imperativo dedicarmos o primeiro parágrafo desta
nossa Carta a uma breve reflexão sobre a Páscoa que se aproxima – 20 de abril.
1.
A Páscoa do Senhor. A Páscoa é o mistério central da nossa fé e o
pleno cumprimento da promessa de Deus a seu Filho Jesus como a todos os seus fieis
seguidores: “E esta é a vontade de meu
Pai: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no
último dia. Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a
vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,39-40). Páscoa da
Ressurreição, portanto, é a celebração da Vida. Da vida nova em Cristo Ressuscitado.
Da vida que já agora nos é dado usufruir à medida que buscamos plasmar nossa
identidade com a dEle, vivendo o amor, a misericórdia, a aproximação com os
sofredores e excluídos. Enfim, à medida que empregamos todos os nossos
esforços, ainda que nos limites de nossas possibilidades, para construir um
mundo mais humano, mais justo, mais alegre com o anúncio do Evangelho (cf. “A Alegria o Evangelho” ). Vazia e sem
nenhum sentido seria uma celebração apenas ritual ou limitada à participação litúrgica
em todas as cerimônias do Tríduo sagrado. Tudo isso é importante desde que
nossa vida cristã cotidiana seja uma contínua celebração de “ressuscitados com
Cristo”. Dessa forma, poderemos celebrar
“a festa, não com velho fermento, nem com fermento de maldade ou de
perversidade, mas com os pães ázimos de pureza e de verdade”!
Sugestão para sua reflexão pessoal e/ou comunitária: quais são os “sinais de morte” que você ou o seu grupo podem detectar
à sua volta? Por exemplo: a Campanha da Fraternidade deste ano chamou nossa
atenção para um desses “sinais de morte” tão frequentes hoje, o tráfico humano.
O “jejum, a esmola e a oração” que, porventura, você praticou durante a
Quaresma, serviram apenas para um crescimento pessoal na esperança de uma santa
celebração das festas pascais, ou serviram, também, de preparação para
enfrentar os desafios de – como seguidor de Jesus – assumir iniciativas que
visem a injetar mais justiça, solidariedade, perdão e sensibilidade humanas nos
seus ambientes, proclamando assim, a autêntica “Vida” de ressuscitados com
Cristo? Continuemos, então, nossa reflexão sobre a EG.
2.
“A nova
evangelização para a transmissão da fé” (n. 14-18). Trata-se dos cinco últimos parágrafos da
Introdução da EG. Neles o Papa faz memória de anteriores importantes Documentos
do magistério ressaltando no n.18 a “relevante incidência prática desses
assuntos (tratados nos parágrafos anteriores)
na missão atual da Igreja”.
a)
“A nova evangelização interpela a todos” (n.14). Lembrando a XIII Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos (7 a 28/10/2012), aliás, motivação para esta
Exortação Apostólica, o Papa mostra que a “nova evangelização interpela a
todos” e faz referência a três âmbitos. O primeiro é o âmbito da pastoral
ordinária visado a “incendiar os corações dos fiéis que frequentam regularmente a comunidade, reunindo-se no dia
do Senhor, para se alimentarem da sua Palavra e do Pão da Vida eterna”. O segundo é o âmbito das “pessoas batizadas que, porém, não vivem as exigências do
Batismo”. Entre nós, Igreja no Brasil, parece estar neste âmbito a maioria dos
católicos que tão somente receberam o batismo mas que raramente se lembram de que
são católicos. O terceiro é o âmbito é daqueles que não conhecem Jesus Cristo
ou que sempre o recusaram”. E assim conclui: “Todos têm o
direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem
excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem
partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete
apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas “por
atração”.
b)
“A atividade missionária ainda hoje representa o máximo desafio para
Igreja” (n.15). Volta, aqui, de novo, a lembrança de uma forte
afirmação do Documento de Aparecida: “não podemos ficar tranquilos, em
espera passiva, em nossos templos”, sendo
necessário passar “de uma pastoral de mera conservação para
uma pastoral decididamente missionária”. Esta
tarefa continua a ser a fonte das maiores alegrias para a Igreja: “Haverá
mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e
nove justos que não necessitam de conversão” (Lc
15, 7).
c)
“Sinto a necessidade de proceder a uma salutar “descentralização”
(n.16). Ao fazer esta afirmação tão nova na Igreja – e,
confessemos, até impactante para nós que afirmamos a infalibilidade do Papa,
embora tal afirmação nada tenha a ver com esse dogma – o Papa apresenta uma
corajosa justificativa: “Penso, aliás, que não se deve esperar do
magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que
dizem respeito à Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os
episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem
nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma
salutar “descentralização”.
d)
“Diretrizes que posam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova
etapa evangelizadora” (n.17). “Neste quadro e com base na doutrina da
Constituição dogmática Lumen gentium, decidi, entre
outros temas, de me deter amplamente sobre as seguintes questões:
a) A reforma da
Igreja em saída missionária.
b) As tentações dos agentes pastorais.
c) A Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza.
d) A homilia e a sua preparação.
e) A inclusão social dos pobres.
f) A paz e o diálogo social.
g) As motivações espirituais para o compromisso missionário”.
b) As tentações dos agentes pastorais.
c) A Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza.
d) A homilia e a sua preparação.
e) A inclusão social dos pobres.
f) A paz e o diálogo social.
g) As motivações espirituais para o compromisso missionário”.
Conclusão da Introdução da EG (n.18). Deixemos que
o próprio Papa nos ofereça esta conclusão que servirá para nos animar no
prosseguimento de nossas sintéticas reflexões: “Demorei-me nestes temas,
desenvolvendo-os dum modo que talvez possa parecer excessivo. Mas não o fiz com
a intenção de oferecer um tratado, mas só para mostrar a relevante incidência
prática destes assuntos na missão atual da Igreja. De fato, todos eles ajudam a
delinear um preciso estilo evangelizador, que convido a assumir em qualquer
atividade que se realize. E, desta forma, podemos assumir, no meio do nosso
trabalho diário, esta exortação da Palavra de Deus: “Alegrai-vos sempre no
Senhor! De novo vos digo: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).
Sugestão para sua reflexão pessoal e/ou comunitária: está havendo, de verdade, no seu íntimo
de quem segue os passos de “Jesus, o primeiro e o maior evangelizador” (cf. EG
12) como também na decisão do seu grupo ou do seu Movimento (e haja aqui uma
referencia especial ao Movimento de Cursilhos ao qual são, de maneira especial,
dirigidas estas Cartas mensais), o firme propósito e a firme decisão de ir
levando à prática as orientações contidas na EG ou será um documento a mais na
nossa estante ou biblioteca? Ou, com este admirável Documento, contentamo-nos
somente em aumentar nossa admiração pelo Papa Francisco?
Com entusiasmo e
alegria, aquela de quem, por consagração, deve ser anunciador da Boa Nova do
Reino e a todos entregando aos cuidados de Maria, a primeira evangelizadora,
deixo-lhes meu abraço fraterno,
Pe José Gilberto Beraldo
Equipe sacerdotal do GEN
Nenhum comentário:
Postar um comentário