Assim, firmemente alicerçados e esperançados, é que
seguimos refletindo sobre a tão oportuna, porque essencialmente missionáriam,
Exortação, “Evangelii Gaudium” (EG) do nosso Papa Francisco. Não por acaso, no
contexto de nossa reflexão acima, chegamos ao Capítulo I – “A transformação
missionária da Igreja”.
I. Capítulo I –
A transformação missionária da Igreja
Seguidores de Jesus que somos por força
do nosso batismo ou, desejosos de sê-lo por opção de vida, encontramos sempre
atual o mandato missionário de Jesus Cristo: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19–20). Atitude e
atividade missionarias não são privilégio dos primeiros apóstolos e discípulos
ou de alguns escolhidos - toda a Igreja é enviada para a missão (EG 19). Se um
grande número de católicos fomos lembrados, desde crianças, que missionários
eram aqueles e aquelas que deixavam suas famílias, suas pátrias para
“evangelizar os pagãos”, é hora - e já passou da hora - de criarmos viva
consciência de que todos somos missionários e de que cada metro quadrado de
nossas circunstâncias é “terra de missão”, como alguém se expressou, no século
passado, referindo-se à cidade de Paris, capital da França, outrora chamada de
“filha primogênita da Igreja”!
1. Uma
Igreja “em saída” (EG 20-24): São cinco parágrafos nos quais o Papa como
que já sintetiza todo o documento.
1.1. Como Abraão,
Moisés, Jeremias foram chamados a sair e ir como enviados também nós, no “Ide”
de Jesus somos chamados a sair do comodismo e evangelizar. A última frase desse
parágrafo tem uma singular importância para cada cristão, para cada comunidade,
para cada movimento, pois se trata da questão do discernimento na atualização
dos carismas. Entretanto, seja ele qual for, é o momento de “sair do comodismo”
e de ter coragem de alimentar a alegria e de “alcançar todas as periferias”: “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual
é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta
chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as
periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).
Pergunta para
reflexão pessoal e/ou em comunidade: a resposta, para ser coerente com a
postura de seguidores de Jesus, vai exigir a sinceridade que Ele mesmo pede (“Seja o vosso sim; sim, o vosso não, não. O
que passa disso vem do maligno” – Mt 5, 37). Para tratar dos respectivos
carismas, do seu discernimento ou de sua aplicação prática, nossas dioceses,
paróquias, associações, movimentos - em todos os níveis (paroquial, diocesano,
nacional, continental ou mundial) empregam tempo considerável, viagens longas e
contínuas, sem falar no dinheiro para isso utilizado. Pergunta-se (ao Movimento
de Cursilhos, especialmente, uma vez que dele tenho uma vivência de mais de
quarenta anos): o tempo que se emprega para a prática ou a agilização ou a
concretização dos respectivos carismas é proporcional ao tempo que se consome
com discussões intermináveis sobre a teoria? Ou, ano após ano, em reuniões de
revisão, em assembleias, encontros, etc. as respostas vêm “maquiadas” para
impressionar ou, então, saindo pela tangente, apresenta-se aquela desculpa
quase sempre imperdoável caso seja como que uma escapatória das
responsabilidades assumidas, afirmando que “a nossa realidade aqui é outra”?
1.2. Alegria do
evangelho, que enche a vida dos discípulos, é missionária. Alegria que
supera qualquer outra alegria; alegria que invade todo o ser do evangelizador: “Esta alegria (da volta) é um sinal de que o Evangelho foi anunciado
e está a frutificar, mas contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de
si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além” (EG 21).
1.3. É vital que
a Igreja saia para evangelizar, sem demora e sem medo. Depois de
afirmar que “a Palavra tem uma potencialidade que não conseguimos prever” (EG
22), num parágrafo importantíssimo, o Papa usa sua criatividade para empregar o
termo “primeirar”, referindo-se à necessidade de dar prioridade no
envolvimento de uma Igreja “em saída”: “A
comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a
no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e,
por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao
encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para
convidar os excluídos. Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia,
fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força
difusiva. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa!” (EG 24).
Pergunta
para reflexão pessoal e/ou em comunidade: sua comunidade, seu grupo, ou o seu
movimento estão mais “pré-ocupados” com normas, leis, estatutos, reuniões
fechadas entre amigos que servem para agendar outras reuniões ou encontros,
etc. do que, como discípulos missionários ocupados em “primeirar” uma “Igreja
em saída” para as periferias em todas as suas dimensões: geográficas, sociais,
ambientais, etc?
Na nossa próxima
Carta, assim permitindo-o o Senhor, proporemos algumas reflexões sobre o tema
seguinte: “Pastoral em conversão” (EG
25-33).
E, lembrando o
mês de Maria, a primeira evangelizadora e já prenunciando a alegria, o
entusiasmo e o ardor missionário com a efusão do Espírito Santo em Pentecostes
no próximo dia 8 de junho, a todos deixo meu carinhoso abraço fraterno,
Equipe Sacerdotal do GEN – MCC Brasil
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