segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Evangelho (Lucas 14,12-14)


Naquele tempo, 14 12 Jesus dizia ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: "Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão.
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO



1. "Relações de Barganha e Troca de Favores"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nossa igreja sempre foi e será pecadora, mas nessa reflexão eu gostaria de focar um ambiente onde esse ensinamento de Jesus cai como uma luva... A crítica de Jesus é exatamente contra as relações mercantilizadas, das trocas de favores, do conhecidíssimo Toma lá, Dá Cá, sempre ao sabor das conveniências e interesses, dizem que um político nunca dá ponto sem nó, e isso é uma verdade incontestável. Receber um favor particular de um político é comprometer-se com ele, apoiá-lo de modo incontestável, endeusá-lo de modo que em suas ações não haja mais compromisso com a ética e a moral. E o lema é "Pode até roubar, desde que me ajude...".
Quantos vendem a sua consciência, amarram suas mãos e dizem AMÉM., porque não querem perder algum privilégio que lhes foi concedido. Em nossas comunidades, os agentes de pastoral, os participantes de movimentos devem estar sempre bem atentos  com essas "Aves de Rapina" que sempre dão o bote no tempo certo.
Pois essa relação pecaminosa e repugnante, das barganhas políticas e parcerias lucrativas, não podem estar presentes na vida do discípulo. Nesse sentido é que a exortação de Jesus quebra e desmascara esse jeito hipócrita de se relacionar com as pessoas. O amor tem que ser gratuito e incondicional: tenho que dar o melhor de mim, sem esperar nada em troca, por isso o convite aos pobres, aleijados, coxos e cegos, para vir comer em nossa casa.
Eles eram marginalizados pelo próprio sistema religioso, nada tinham a oferecer ou com que retribuir, eram os últimos dos últimos. Acolher um irmão assim, permitir que ele faça parte de nossa vida e de nossas relações, não ter vergonha de estar com eles em público, é imitar o próprio Senhor, que veio especialmente para estes. Por eles, o próprio Jesus nos irá retribuir, com a Vida nova da Ressurreição.
Que nossas comunidades estejam sempre de portas abertas, para acolher a todos, principalmente os desqualificados até moralmente, "Tive fome e me destes de comer, sede e me destes de beber, estava nu e me vestistes, preso e fostes me visitar..."

2. Sejam convidados os excluídos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Jesus encontrava-se à mesa de um dos chefes dos fariseus que o convidara, em um sábado. Após ter curado um hidrópico que entre os convidados se encontrava, Jesus faz uma advertência aos comensais sobre a disputa pelos primeiros lugares. Em seguida dirige-se a este chefe fariseu. Entre as elites, quando alguém oferece um almoço ou jantar aos amigos comumente o faz para afirmar seu prestígio, consolidar seus laços com um grupo privilegiado, procurando estabelecer relações sociais vantajosas para seu enriquecimento. Nesta perspectiva, os convidados são pessoas de posses e de prestígio. Assim também acontecia com o chefe dos fariseus. O ensino de Jesus, dirigido àquele chefe dos farisseus, significa uma subversão completa nestes critérios de valor. Quando se der um banquete, que sejam convidados os excluídos, os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. A perspectiva não é a da busca de um proveito próprio ou de uma recompensa imediata, mas sim de servir, comunicar e promover a vida. O banquete oferecido aos pobres significa inseri-los no usufruto dos bens da criação, na partilha das riquezas, e no resgate de sua dignidade. Assim alcança-se a bem-aventurança, com a participação na vida eterna comunicada por Deus.

OraçãoPai, coloca no meu coração um amor desinteressado e gratuito, que saiba ser generoso sem esperar outra recompensa a não ser a que vem de ti.

3. UM ENSINAMENTO EXTRAVAGANTE?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Jesus fez um esforço formidável para colocar no coração de seus discípulos um amor entranhado pelos pobres e marginalizados. Ele bem conhecia o valor salvífico do bem feito aos excluídos, e o quanto agradam ao Pai os gestos de bondade em relação aos necessitados.
O ensinamento a respeito de quem deve ser convidado para um almoço ou jantar tem esta finalidade. Por isso, pode parecer um tanto extravagante. Nada de chamar amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos, quando se oferece um almoço ou jantar. O Mestre aconselha a convidar os aleijados, os coxos, os cegos, que não têm como retribuir.
Jesus opôs-se à tendência humana natural de estreitar as relações com as pessoas às quais queremos bem, e cuja convivência nos é agradável. Ao invés disso, ensinou a escolher os mais carentes de afeto e atenção.
É importante atentar para os motivos sadios que nos devem levar a convidar os pobres para uma ceia familiar. Existem motivos fúteis, como ganhar o prestígio de pessoa caridosa e fazer demagogia barata. Convidar os pobres significa comungar com sua causa, tornar-se solidário com eles, a ponto de tudo fazer para que sua dignidade seja respeitada. Quem age com esta intenção, participará da ressurreição dos justos.

OraçãoEspírito que nos leva a optar pelos pobres, sintoniza-me com os ensinamentos de Jesus, de maneira que os pobres e excluídos ocupem um espaço importante em minha vida.

Santo Afonso Rodrigues


Diante da "galeria" de santos da Companhia de Jesus, voltamos o nosso olhar, talvez, para o mais simples e humilde dos Irmãos: Santo Afonso Rodrigues. Natural de Segóvia na Espanha, veio à luz aos 25 de julho de 1532.

Pertencente a uma família cristã, teve que interromper seus estudos no primário, pois com a morte do pai, assumiu os compromissos com o comércio. Casou-se com Maria Soares que amou tanto quanto os dois filhos, infelizmente todos, com o tempo, faleceram. Ao entrar em crise espiritual, Afonso entrega-se à oração, à penitência e dirigido por um sacerdote, descobriu o seu chamado a ser Irmão religioso e assim, assumiu grandes dificuldades como a limitação dos estudos. Vencendo tudo em Deus, Afonso foi recebido na Companhia de Jesus como Irmão e depois do noviciado foi enviado para o colégio de formação.

No colégio, desempenhou os ofícios de porteiro e a todos prestava vários serviços, e dentre as virtudes heróicas que conquistou na graça e querendo ser firme na fé, foi a obediência sua prova de verdadeira humildade. Santo Afonso sabia ser simples Irmão pois aceitava com amor toda ordem e desejo dos superiores, como expressão da vontade de Deus.

Tinha como regra: "Agradar somente a Deus, cumprir sempre e em toda parte a Vontade Divina". Este santo encantador, com sua espiritualidade ajudou a muitos, principalmente São Pedro Claver quanto ao futuro apostolado na Colômbia. Místico de muitos carismas, Santo Afonso Rodrigues, sofreu muito antes de morrer em 31 de outubro de 1617.

Santo Afonso Rodrigues, rogai por nós!

domingo, 30 de outubro de 2011

EVANGELHO (Mt 23,1-12)


Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e a seus discípulos: 2”Os mestres da lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
— Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. " Os Donos da Verdade Sagrada"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nada pior do que a postura de certos cristãos, de qualquer de nossas igrejas ou denominação religiosa, e que se apropriam da Sagrada Escritura, considerando-se os seus interpretadores oficiais, só o jeito deles é que está correto, e qualquer interpretação contrária, o sujeito estará condenado ao inferno. Essas pessoas são radicais, intolerantes e insuportáveis, acreditam que o Céu já lhes pertence, só falta tomar posse, e são rápidos em mandar alguém para o inferno, são eles que decidem quem já está salvo, e quem está condenado. Quanta hipocrisia...
Os Escribas e Fariseus eram assim e neste evangelho Jesus faz uma crítica pesada a eles, desmascarando diante do povo ás suas ações maléficas. Esses tais gostam e fazem questão de serem respeitados e sempre ouvidos, se na comunidade algo lhes foge ao controle, ficam estressados e são capazes de brigarem até com a sombra.
São especialistas em inventarem normas e proibições, e na comunidade sempre quando questionados, usam o nome do coitado do padre, para legitimar suas norminhas particulares. Na verdade pessoas com esse perfil acabam sempre caindo no ridículo sendo sempre desmascaradas. O conceito de Mestre era de quem conhecia e mandava, tinha autoridade e notoriedade, era sempre servido pelos seus discípulos, que sonhavam um dia também serem mestres, para ter status e poder.
Jesus é o único e Verdadeiro Mestre, nunca escondeu isso "Vocês me chamam de Mestre e Senhor, e de fato eu o sou..." irá dizer aos discípulos, logo após ter se rebaixado diante deles, lavando-lhes os pés. Mas é um Mestre, que sendo infinitamente superior a todos os demais, se fez Servo de todos. Assim deve ser em nossas comunidades, quem tem um carisma especial, uma sabedoria acima da média, deve servir a comunidade, com a mesma alegria e amor, do irmão ou irmã que procede a limpeza da igreja. Pois quanto mais alto a gente quer estar, no final de tudo, quando o Reino se tornar pleno, o tombo será mais feio...
José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP
e-mail:
cruzsm@uol.com.br

2. Nas comunidades deve predominar a humildade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

No capítulo 23 do evangelho de Mateus encontramos um conjunto de contundentes denúncias às práticas farisaicas, originadas de pronunciamentos de Jesus e aí agrupadas pelo evangelista. Nos outros dois evangelistas sinóticos, Marcos e Lucas, estas denúncias estão dispersas ao longo de seus textos.
A leitura de hoje é a primeira parte deste conjunto. A ela, segue-se uma série de sete "ai de vós" extremamente desmistificadores sobre a hipocrisia dos fariseus, fechando com uma terrível imprecação (13, 13-36). A última parte é uma lamentação sobre "Jerusalém que matas os profetas" (13,37-39).
Mateus adapta para suas comunidades, na década de oitenta, sentenças proferidas por Jesus em seu ministério denunciando o sistema opressor das sinagogas e do Templo. Naquela década o conflito com os fariseus é mais abrangente e Mateus quer persuadir suas comunidades a se diferenciarem da prática deles. Esta ênfase de Mateus reforçando a denúncia de Jesus aos fariseus tem dois sentidos, no contexto em que vivia. Os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo, a princípio continuaram freqüentando o Templo e as sinagogas (At 2,46; 17,1-2; 21,26).
Em torno do ano 80, após a destruição do Templo de Jerusalém, os fariseus que formavam a cúpula do judaísmo, enrijecendo suas observâncias decidiram expulsar das sinagogas os judeus convertidos ao cristianismo. Certamente muitos deles devem ter abandonado o cristianismo para permanecer sob o abrigo da sinagoga que contava com a proteção do império romano. Mateus, com seu evangelho, quer demonstrar que em Jesus se realizam as promessas do Primeiro Testamento, procurando convencer os convertidos a não retornarem à sinagoga. Alem disso, Mateus tem e intenção de remover da mente dos discípulos originárias do judaísmo os resquícios da incoerente e ambígua prática farisaica (23,8-12).
Nos profetas já se encontravam denúncias à prática dos líderes religiosos (primeira leitura). Estes líderes usavam da autoridade como meio de prestígio, bem como para privilégios pessoais, oprimindo o povo. Contudo, no texto de Mateus, chama a atenção a contraditória recomendação de "fazer tudo o que eles vos disserem", o que implicaria em suportar os "fardos pesados e insuportáveis" amarrados por estes fariseus. Pode-se pensar que tal recomendação seja um reflexo da mentalidade de discípulos convertidos do judaísmo, ainda apegados às tradições judaicas. Percebe-se, com evidência, que tanto a ostensiva prática dos escribas e fariseus como suas exigências doutrinais e legais ferem a proposta de Jesus, anteriormente anunciada, de viver humildemente, no "segredo do Pai".
Nas comunidades deve predominar a humildade, a igualdade em dignidade e o amor, embora na diversidade dos dons e carismas. Paulo apóstolo é uma testemunha desta humildade e de carinho (segunda leitura).

OraçãoPai, reveste-me de humildade e simplicidade, para que eu seja disponível para servir o meu próximo, na mais pura gratuidade.

3. TEORIA E PRÁTICA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os discípulos de Jesus foram ensinados fazer a distinção entre os ensinamentos dos mestres da Lei e dos fariseus e suas ações. Havia um descompasso entre ambos: suas ações não correspondiam àquilo que ensinavam. Daí os discípulos serem exortados a dar ouvidos a seus ensinamentos, evitando, porém, seguir seu péssimo testemunho de vida.
A incoerência dos mestres da Lei e dos fariseus tinha duas vertentes principais. Eles sabiam como inventar normas e preceitos, aos quais as pessoas deveriam submeter-se. Entretanto, suas vidas pautavam-se por preceitos menos severos, com exigências amenizadas. Em outras palavras, para os outros, severidade, e para eles, amenidades. Por outro lado, eram exibicionistas, pois agiam de forma a chamar a atenção das pessoas, tornando-se objeto de deferência e admiração.
Os discípulos do Reino foram alertados para agir de maneira contrária. Sendo todos irmãos e irmãs, seria inconveniente querer estabelecer padrões de conduta particulares, de modo a prescrever normas suaves para uns e normas rígidas para outros. Os ensinamentos do Mestre Jesus valem igualmente para todos, sem distinção.
A fraternidade afasta para longe da comunidade a tentação ao exibicionismo e à superioridade. Antes, o maior entre os irmãos e irmãs é quem se faz servo de todos.

OraçãoEspírito de fraterna igualdade, convence-me, mais e mais, de que a verdadeira grandeza consiste em colocar-me a serviço de todos, na simplicidade e no escondimento.

São Frumêncio


A história do santo de hoje se entrelaça com a conversão de uma multidão de africanos ao amor de Cristo e à Salvação. São Frumêncio nasceu em Liro da Fenícia. Quando menino, juntamente com o irmão Edésio, acompanhava um filósofo de nome Merópio, numa viagem em direção às Índias. A embarcação, cruzando o Mar Vermelho, foi assaltada e só foram poupados da morte os dois jovens, Frumêncio e Edésio, que foram levados escravos para Aksum (Etiópia) a serviço da Corte.

Deste mal humano, Deus tirou um bem, pois ao terem ganhado o coração do rei Ezana com a inteligência e espírito de serviço, fizeram de tudo para ganhar o coração da África para o Senhor. Os irmãos de ótima educação cristã, começaram a proteger os mercadores cristãos de passagem pela região e, com a permissão de construírem uma igrejinha, começaram a evangelizar o povo. Passados quase vinte anos, puderam voltar à pátria e visitar os parentes: Edésio foi para Liro e Frumêncio caminhou para partilhar com o Patriarca de Alexandria, Santo Atanásio, as maravilhas do Ressuscitado na Etiópia e também sobre a necessidade de sacerdotes e um Bispo. Santo Atanásio admirado com os relatos, sabiamente revestiu Frumêncio com o Poder Sacerdotal e nomeou-o Bispo sobre toda a Etiópia, isto em 350.

Quando voltou, Frumêncio foi acolhido com alegria como o "Padre portador da Paz". Continuou a pregação do Evangelho no Poder do Espírito, ao ponto de converterem o rei Ezana, a rainha, e um grande número de indígenas, isto pelo sim dos jovens irmãos e pela perseverança de Frumêncio. Quase toda a Etiópia passou a dobrar os joelhos diante do nome que está acima de todo o nome: Jesus Cristo.

São Frumêncio, rogai por nós!

sábado, 29 de outubro de 2011

Evangelho (Lucas 14,1.7-11)


14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.
7 Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola:
8 "Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu,
9 e vindo o que te convidou, te diga: ´Cede o lugar a este´. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar.
10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas.
11 Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "A acirrada disputa dos primeiros lugares"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quantas disputas acirradas e concorrências na vida da comunidade! Disputas de cargos, de funções litúrgicas nas celebrações, de posições importantes nas reuniões de conselhos, onde o confronto das idéias acaba virando uma verdadeira guerra entre as pessoas e os grupos. Desculpe-me, não estou falando da sua comunidade, mas de uma lá de um lugar bem longe daqui...
A comunidade apenas reflete a sociedade onde a disputa e a concorrência é cruel, no mundo do trabalho, no mundo da política, nos partidos que acabam virando um verdadeiro balaio de gato, na vida profissional, o homem busca o poder a qualquer preço, e alguns até vendem a alma ao diabo...
As pessoas não procuram valer pelo que são, mas pelo que têm, pelo status, posição de destaque e importância, diante dos outros. E esse clima tão hostil e totalmente contrário ao Reino de Deus, acaba infestando as pastorais, os movimentos, associações religiosas e as nossas comunidades. Já, presenciei verdadeiras "guerras" dentro da igreja, nos bastidores de alguns movimentos e pastorais, e o espaço celebrativo é o lugar mais disputado, olhares de desprezo e indiferença, chispas de ódio, trocadas ali, diante do altar onde o Senhor se imola e se oferece em oblação, laicato e clero, infelizmente todos nós temos esse pecado.
Nos banquetes nas casas dos notáveis, havia também, esse desfile de vaidades, todos queriam os primeiros lugares, bem perto do anfitrião ilustre, lá está Jesus, que até se diverte ao ver os que se acotovelam para chegarem á frente. Ele desmonta esse quadro totalmente contrário ao Reino de Deus e aos valores do evangelho e coloca a humildade como virtude primordial ao discípulo.
Uma humildade que não consiste em não ter nenhum carisma, em ser um pobre coitado que nada tem a oferecer, em andar de cabeça baixa, pedindo desculpa por existir... Não, isso não é humildade...
O humilde é aquele ornado de um carisma especial que o faz brilhar diante dos homens, carisma usado para servir e alimentar os irmãos e irmãs, carisma que o humilde não nega que tem, mas que no fundo sabe que não é dele, e que o Senhor lhe concedeu para servir, somente para servir, e nunca para ser servido. Carisma que não o torna a pessoa  mais importante da comunidade, mas que o torna sim, o servidor de todos, exatamente como o Senhor Jesus, que sendo mestre se fez escravo, para servir...

2. A parábola exprime a prática do Reino
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Dentre os quatro evangelistas, Lucas é o único que, por três vezes (Lc 7,36; 11,37; 14,1) menciona refeições de Jesus em casa de fariseus. Esta refeição é ocasião de ensinamentos de Jesus.
Na parábola dirigida aos demais convidados, aquele que ocupou o primeiro lugar teve que cedê-lo a um amigo mais importante do dono da casa e aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor. Em conclusão a sentença chave: quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.
É um tema precioso para Lucas, já presente no Cântico de Nossa Senhora (Lc 1,51-52). O não precipitar-se em ocupar os primeiros lugares em momentos solenes era regra comum de boas maneiras nas várias culturas contemporâneas do primeiro século.
A parábola exprime a prática do Reino: a renúncia ao sucesso na injusta sociedade competitiva pelo status e poder, e a adesão à nova sociedade do Reino, fundada na humildade, na fraternidade e no serviço.
Oração
Pai, faze-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.

3. NADA DE VAIDADE!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O Evangelho de Lucas muitas vezes apresenta Jesus fazendo refeições, momento em que encontra motivos para ensinar a seus discípulos. Em geral, qualquer ação incorreta do anfitrião ou dos comensais serve-lhe de pretexto.
Até mesmo de uma questão de etiqueta e boas maneiras (que lugar se deve ocupar numa mesa de banquete?) ele tirou conclusões práticas para a vida do discípulo do Reino: a vaidade se vence pela prática da humildade.
A sociedade está repleta de pessoas inescrupulosas, obstinadas em impôr-se às demais, a qualquer custo, pessoas contaminadas pela vaidade, que se autocolocam nas alturas. Esta gente vive numa ávida competição, sem perder oportunidade de se colocar em evidência para garantir uma posição de destaque diante dos demais.
Humanamente falando, esta obsessão pode ser perigosa, e faz a pessoa passar por uma humilhação indesejada. Em termos de salvação, a vaidade faz a pessoa chocar-se com o projeto de Deus. Em outras palavras, tendo buscado a exaltação humana, experimentará a humilhação divina. O Pai não aceita nem a vaidade nem o orgulho.
Por conseguinte, eis a lição que os discípulos devem tirar de tudo isto: o Pai só exalta a quem busca o caminho da simplicidade e da humilhação.

Oração
Espírito de humildade e de simplicidade, tira do meu coração todo desejo de ser exaltado pelos outros, consciente de que a verdadeira exaltação vem de Deus.


São Narciso


O santo de hoje, São Narciso, foi Bispo de Jerusalém e, quando se deu tal fato, devia ter quase cem anos de idade. Narciso não era judeu e teria nascido no ano 96. Homem austero, penitente, humilde, simples e puro, sabe-se que presidiu com Teófilo de Cesareia a um concílio onde foi aprovada a determinação de se celebrar sempre a Páscoa num Domingo.

Eusébio narra que em certo dia de festa, em que faltou o óleo necessário para as unções litúrgicas, Narciso mandou vir água de um poço vizinho, e com sua bênção a transformou em óleo. Conta também as circunstâncias que levaram Narciso a demitir-se das suas funções.

Para se justificarem de um crime, três homens acusaram o Bispo Narciso de certo ato infame. "Que me queimem vivo - disse o primeiro - se eu minto". "E a mim, que me devore a lepra", disse o segundo. "E que eu fique cego", acrescentou o terceiro. O desgosto de ser assim caluniado despertou em Narciso o seu antigo desejo pelo recolhimento e, por isso, sem dizer para onde ia, perdoou os caluniadores e saiu de Jerusalém em direção ao deserto. Considerando-o definitivamente desaparecido, deram-lhe por sucessor a Dio, ao qual por sua vez sucederam Germânio e Górdio. Todavia, os três caluniadores não tardaram a sofrer os castigos que em má hora tinham invocado, pois o primeiro pereceu num incêndio com todos os seus, o segundo morreu de lepra e o terceiro cegou à força de tanto chorar o seu pecado.

Alguns anos depois, Narciso reapareceu na cidade episcopal. Nunca tinha sido posta em dúvida a santidade do seu procedimento.; por isso, foi com imensa alegria que Jerusalém recebeu seu antigo pastor. Segundo diz Eusébio, continuou Narciso a governar a diocese até a idade de 119 anos, auxiliado por um coadjutor chamado Alexandre. Faleceu cerca do ano de 212.

São Narciso, rogai por nós
!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Evangelho (Lucas 6, 12-19)


6 12 Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "Dois Judas e duas histórias..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há de se pensar que a diferença entre os dois Judas chamados pelo Senhor, é que um era Santo e o outro era pecador. É bom que se diga que ninguém tem o seu destino traçado diante de Deus, mas vamos escrevendo nossa história com as decisões tomadas no dia a dia, e que podem ser favoráveis ou contrárias ao Reino de Deus. Hoje é dia de São Judas Tadeu, que aparece como o penúltimo da lista dos que foram "convocados" por Jesus, sendo o outro Judas o último.
Os dois tiveram a mesma oportunidade, os dois tinham fraquezas e pecados, porém o nosso São Judas confiou na Graça de Deus e na sua misericórdia, permitiu que a Força de Deus viesse ao encontro da sua fraqueza, colocou-se disponível e abriu-se totalmente a Jesus que o chamou para o apostolado. O outro Judas percorreu o caminho contrário, preferiu os seus ideais do mundo, e em vez de se entregar e colocar a sua vida à serviço do Reino que Jesus havia anunciado, tentou dominar Jesus, para que ele fizesse o seu "joguinho" e atendesse as suas conveniências, e o pior, quando viu que deu tudo errado, não acreditou na misericórdia de Deus e no fundo chorou de raiva, por ter se enganado diante da Verdade absoluta.
A santidade não é ausência de pecado, alguém disse que, os mais santos pecavam sete vezes ao dia, mas ser santo é ser separado, consagrado para Deus, é um entrega total a ele, da nossa vida, daquilo que somos, para que a sua missão e o seu anúncio ecoem e se prolongue em nós, que nos tornamos também discípulos missionários.
São Judas é um Santo muito popular e tem milhões de devotos no mundo inteiro, mas a devoção não pode parar nele, mas sim naquele que o santificou, a devoção aos nossos Santos e Santas de Deus, só é válida quando nos conduzem a Jesus, pois a Graça maior que se pode conseguir de um Santo como São Judas, é uma conversão profunda e sincera, inspirada pelo seu exemplo, Fé e testemunho. São Judas Tadeu, Rogai por todos nós...

2. A dimensão libertadora e vivificante do homem Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

A lista dos "doze" escolhidos por Jesus está transcrita nos três evangelhos sinóticos. Mas apenas Lucas explica que os "doze" foram chamados de apóstolos. Dos doze nomes da lista, quatro só são citados nela, sem mais nenhuma referência a eles nos evangelhos: Bartolomeu, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelota, e Judas, filho de Tiago. Nas listas de Marcos e Mateus, em lugar de Judas, filho de Tiago, aparece o nome de Tadeu. Daí a interpretação tradicional de que seja uma única pessoa, Judas Tadeu. Sobre estes quatro "apóstolos" só existem tradições do imaginário popular.
Após a oração à noite, na montanha, é necessário descer ao lugar plano ao encontro com as multidões na missão universal, aberta a judeus e gentios. É preciso estar junto, acolher, comunicar-se, pela palavra, pelo carinho, pelo afeto.
A dimensão libertadora e vivificante do homem Jesus, Filho de Deus, é evidenciada pelo seu toque físico, que a todos curava.
Oração
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de salvação.

3. APÓSTOLOS – DISCÍPULOS – MULTIDÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O Evangelho distingue com precisão três níveis no círculo dos que acompanhavam Jesus. O primeiro e mais próximo era o grupo formado pelos doze apóstolos, um punhado de discípulos escolhidos por Jesus, após ter passado uma noite inteira em oração a Deus. A palavra apóstolo vem do vocábulo grego e significa enviado. Tratava-se de um termo de caráter jurídico bastante comum no judaísmo da época.
O apóstolo era o representante plenipotenciário de quem o enviava. No caso de Jesus, ele conferia a seus enviados plenos poderes para representá-lo. Daí a importância de escolhê-los com muito discernimento. O sucesso de sua obra dependia do bom desempenho deste grupo seleto.
Os discípulos formavam um círculo mais amplo, composto por todos quantos aderiram a Jesus e se esforçavam por conformar suas vidas com os seus ensinamentos. Os discípulos do Senhor distinguiam-se dos discípulos dos rabinos. Supunha-se haver entre eles e o Mestre uma profunda comunhão de vida. Eram instruídos pela contemplação do comportamento do Mestre, que ensinava com seu exemplo. Casuísmos e teorias não tinham sentido na escola de Jesus.
A multidão era o círculo dos curiosos que esperavam ser beneficiados pelo Mestre, sem, contudo, a intenção de se comprometerem mais profundamente com ele. É desta multidão que surgirão novos discípulos que livremente irão optar por seguir o Senhor.

OraçãoPai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de salvação.

São Simão e São Judas Tadeu


Celebramos na alegria da fé os apóstolos São Simão e São Judas Tadeu. Os apóstolos foram colunas e fundamento da verdade do Reino.

São Simão:
Simão tinha o cognome de Cananeu, palavra hebraica que significa "zeloso".

Nicéforo Calisto diz que Simão pregou na África e na Grã-Bretanha. São Fortunato, Bispo de Poitiers no fim do século VI, indica estarem Simão e Judas enterrados na Pérsia.

Isto vem das histórias apócrifas dos apóstolos; segundo elas, foram martirizados em Suanir, na Pérsia, a mando de sacerdotes pagãos que instigaram as autoridades locais e o povo, tendo sido ambos decapitados. É o que rege o martirológio jeronimita.

Outros dizem que Simão foi sepultado perto do Mar Negro; na Caucásia foi elevada em sua honra uma igreja entre o VI e o VIII séculos. Beda, pelo ano de 735, colocou os dois santos no martirológio a 28 de outubro; assim ainda hoje os celebramos.

Na antiga basílica de São Pedro do Vaticano havia uma capela dos dois santos, Simão e Judas, e nela se conservava o Santíssimo Sacramento.

São Judas Tadeu:
Judas, um dos doze, era chamado também Tadeu ou Lebeu, que São Jerônimo interpreta como homem de senso prudente. Judas Tadeu foi quem, na Última Ceia, perguntou ao Senhor: "Senhor, como é possível que tenhas de te manifestar a nós e não ao mundo?" (Jo 14,22).

Temos uma epístola de Judas "irmão de Tiago", que foi classificada como uma das epístolas católicas. Parece ter em vista convertidos, e combate seitas corrompidas na doutrina e nos costumes. Começa com estas palavras: "Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados e amados por Deus Pai, e conservados para Jesus Cristo: misericórdia, paz e amor vos sejam concedidos abundantemente". Orígenes achava esta epístola "cheia de força e de graça do céu".

Segundo São Jerônimo, Judas terá pregado em Osroene (região de Edessa), sendo rei Abgar. Terá evangelizado a Mesopotâmia, segundo Nicéforo Calisto. São Paulino de Nola tinha-o como apóstolo da Líbia.

Conta-se que Nosso Senhor, em revelações particulares, teria declarado que atenderá os pedidos daqueles que, nas suas maiores aflições, recorrerem a São Judas Tadeu.

Santa Brígida refere que Jesus lhe disse que recorresse a este apóstolo, pois ele lhe valeria nas suas necessidades. Tantos e tão extraordinários são os favores que São Judas Tadeu concede aos seus devotos, que se tornou conhecido em todo o mundo com o título de Patrono dos aflitos e Padroeiro das causas desesperadas.

São Judas é representado segurando um machado, uma clava, uma espada ou uma alabarda, por sua morte ter ocorrido por uma dessas armas.

São Simão e São Judas Tadeu, rogai por nós!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Carta MCC Brasil – Novembro 2011 (147ª.)


“Sede, pois, santos, porque Eu sou santo” (Lv 11, 45).
“Antes, como é santo aquele que vos chamou,
 tornai-vos santos, também, vós, em todo o vosso proceder.
Pois está na Escritura:
 “Sereis santos porque eu sou santo” (I Pd 1,15-16).

O mês de novembro apresenta-nos temas importantíssimos que merecem ser aprofundados em nossas reflexões: Festa de Todos os Santos; Comemoração dos Fiéis defuntos; Domingo de Cristo Rei - que, também, é o Dia dos leigos e das leigas - e o Primeiro Domingo do Advento. Entretanto, devido à limitação do nosso espaço, precisamos escolher apenas cum desses temas. Esperando que seja o mais abrangente deles, escolho o tema da santidade inspirado na primeira grande celebração do mês – Todos os Santos e Santas – e que pode alimentar nossa reflexão iluminando, assim, todos os demais.
1.                  A santidade nasce no coração de Deus. Numerosíssimos são os textos bíblicos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, que proclamam a santidade do nosso Deus. Ao afirmar que Deus é santo, a Escritura quer dizer-nos que é da essência de Deus ser santo. Então cabe a pergunta: o que é santidade em Deus?  Santidade em Deus é AMOR, é JUSTIÇA, é MISERICÓRDIA, é PERDÃO. Por ser infinito, acima de todas as limitações que constituem um ser criado, acima de tudo o que podemos imaginar, em Deus não existem adjetivos. Por isto mesmo, nenhum ser humano, por mais sábio, culto, ou inspirado que seja, pode ter a última palavra sobre Deus. São João, na sua Primeira Carta, afirma que "Deus é amor" (1 Jo 4,8). Não usa a expressão adjetiva: “Deus é amoroso” porque limitaria infinitamente o AMOR em Deus que para nós, humanos, está mais na linha do “sentir” do que na essência do ser. Exatamente por não podermos “aprisionar” Deus em nosso modo de ver as realidades, uma importante autora diz que “Não é fácil falar do que chamamos de Deus”[1]. Por isso, quando Deus falou a Moisés pela primeira vez, na sarça ardente, ao ser perguntado por este, revelou seu nome de maneira estranha, não revelando quem, na verdade, Ele é: “Eu sou aquele que sou” (Exôdo 3,14). Deus, portanto, é a Santidade. Assim sendo, e desejando aproximar-se cada vez mais de suas criaturas, Ele quer partilhar conosco a sua própria santidade. Certa vez, o grande Santo Agostinho afirmou que “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”, no sentido de que Deus quer plena comunhão com seus filhos e filhas.

2.                  Santidade, um “produto” ao alcance de todos: “Você pode”!  Os apelos de uma publicidade quase indecente em nossa sociedade altamente consumista chega a invadir as emoções e os sentimentos dos possíveis consumidores. Entre seus slogans mais agressivos está o “Você pode”: ‘você pode sonhar, você pode ter, você pode comprar... vamos, não fique aí parado, você pode...”, tudo dirigido, precisamente, aos que menos podem, àqueles de cujo alcance estão longe a léguas de distância tais produtos! E porque empregar o termo “produto” para a santidade? Exatamente para abrir o nosso “apetite” para a santidade. Em toda a história da nossa salvação somos motivados para o caminho da santidade. Já num dos primeiros textos sagrados, desde a Antiga Aliança, Deus chama o povo à santidade: “Pois eu sou o Senhor que vos fez subir do Egito para ser o vosso Deus. Sede, pois santos, porque eu sou Santo” (Lv 11,45). Ainda no mesmo livro do Levítico, volta a insistência: “Fala a toda a comunidade dos israelitas e dize-lhe: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). No Novo Testamento, a começar pelas palavras e pelo testemunho do próprio Jesus, são bastante numerosos os textos que nos mostram a necessidade de, como filhos e filhas de Deus, sermos santos ou perfeitos, como é santo e perfeito é o nosso Pai que está nos céus (cf.Mt 5,48) . Como nenhum outro, São Paulo nos motiva para a santidade, chegando a chamar alguns dos destinatários de suas Cartas de “santos”. Exemplo de um destes textos: “A vontade de Deus é que sejais santos...“ (1 Ts 4,3). Ainda: “Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade...” (1 Ts 4,7). São tão abundantes os apelos de Deus a que caminhemos para a santidade que sugiro aos meus queridos leitores, até como prática da “lectio divina”, buscar nos Evangelhos estes recados de Deus para nós. 

E os Documentos do magistério eclesial, o que dizem a respeito? O Concílio Vaticano II afirma: “Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado” (Lumen Gentium, 41). Por ai, somos advertidos de que a santidade não é, como se pensava antes e como muitos ainda pensam, um caminho para os santos que já estão nos altares ou para alguns poucos privilegiados, “eleitos” de Deus, mas um caminho para “todos” os cristãos. Esse chamado é uma “vocação universal”. Todos os batizados, portanto, sem exceção, são chamados à santidade. “Eles são justificados no Senhor Jesus – diz o Concílio – ,porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e portanto realmente santos” ( Lumen Gentium, 40). Santos e santas, portanto, são os que assumem decididamente, o caminho da prática do amor, da justiça, da solidariedade, da fraternidade, do acolhimento, de perdão, seguindo uma Pessoa, um Mestre, Jesus Cristo e não apenas praticando uma religião, seja ela qual for, e seus respectivos rituais.

3.                  Santidade do discípulo missionário. Para a Igreja da América Latina e do Caribe, portanto, para as Dioceses, paróquias, comunidades, instituições, movimentos eclesiais, enfim para todos nós que queremos se discípulos missionários de Jesus nestes inicios do século vinte e um, o Documento de Aparecida (DAp)  traça um itinerário para a santidade, indicando caminhos e sugerindo pistas práticas. Entre outras, aqui vão seis delas: a) primeira: “...participar da missão de tornar visível o amor misericordioso do Pai, é caminhar para a santidade...(DAp 148); b) segunda: responder à convocação para a santidade pois “Todos os membros do povo de Deus , segundo suas vocações específicas, somos convocados à santidade na comunhão e na missão” (DAp 163);  c) terceira: assumir a condição de discípulo na comunidade eclesial, pois “desse modo, realiza-se na Igreja a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço do Reino de Deus (DAp 184); d) quarta: aceitar os desafios do testemunho de vida: “Dos que vivem em Cristo  se espera um testemunho muito crível de santidade e compromisso. Desejando e procurando essa santidade não vivemos menos, e sim melhor, porque quando Deus pede mais, é porque está oferendo muito mais: “Não tenham medo de Cristo! Ele não tira nada e dá tudo” (DAp 352);  e) quinta: esforçando-se para concretizar a comunhão pastoral; “Hoje, mais do que nunca, o testemunho de comunhão  eclesial e de santidade são uma urgência pastoral” (DAp 368); f) sexta: atuando como fermento na massa: “São os leigos de nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus” (DAp 505).

Meu querido irmão, minha querida irmã: ao celebrar as festas deste mês de novembro, lembre-se que a santidade não é nenhum privilégio; é, antes de tudo, um chamado a todos os seguidores de Jesus. Seja nossa oração diária um versículo do Cântico de Zacarias: “Ele (Deus) foi misericordioso com nossos pais: recordou-se de sua santa aliança, e do juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder que, sem medo e livres dos inimigos, nós o sirvamos, com santidade e justiça, em sua presença, todos os dias de nossa vida (Lc 1, 72-74).   

Meu carinhoso abraço fraterno.
Pe.José Gilberto Beraldo
 

ultreia Setor Cataguases dia ( 28 de novembro.)


Abraços em Cristo a todos.
Gostaria de comunicar a nossa ultrea para dia 28 de novembro,
última segunda-feira do mes, onde encerraremos o ano de trabalho.
Será uma celebração a partir das 19:horas seguida por uma confraternização.
Favor agendar e comunicar a todos que puderem participar conosco.
Desde já agradecemos a atenção
MCC de Cataguases
 
Conto com vocês. Cristo também.
 
Decolores!

EVANGELHO (Lucas 13,31-35)


13 31 No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: "Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar".
32 Disse-lhes ele: "Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida.
33 É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém.
34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste!
35 Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!"
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "No Terceiro dia terminarei meu trabalho..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Até os Fariseus, que tiveram sua conduta muitas vezes censurada por Jesus, sabem que ele corre perigo de morte e o alertam sobre Herodes. Tudo por causa da sua linha profética, que o torna incômodo, porque o profeta fiel á sua missão, não fala o que o mundo quer ouvir, não fala para agradar as pessoas, e também por outro lado, não tem medo de falar tudo o que se refere à Verdade Divina. E uma qualidade primordial de um profeta: não fala para fazer média ou com segundas intenções, para tirar proveito dos seus ouvintes, como alguns pregadores de hoje em dia, que falam muito, mas não dizem nada... Isso é, só fazem barulho...
Em sua resposta onde chama Herodes de Raposa, alguém que usa sua astúcia para o mal, Jesus deixa claro que tem uma missão a cumprir, um trabalho a fazer, e que nada irá detê-lo, mesmo sabendo que em Jerusalém sua vida será tirada. Jesus não é alguém "marcado para morrer" e a sua vida é uma desgraça e uma fatalidade... O que nele está em evidência é a sua total fidelidade á missão de Salvar a Humanidade, missão esta que terá pleno êxito...
Muito séria e atual a exortação sobre Jerusalém, pois aí a gente pode se enxergar nesse evangelho, pois a Jerusalém é a nossa Igreja, onde por excelência o Reino deve ser sinalizado, o lugar do acolhimento, da convivência fraterna, da comunhão, lugar do encontro de Deus manifestado em Jesus, com os Homens, lugar onde a Vida do irmão está em primeiro lugar, lugar do amor que se doa, que se ajuda, que se compreende, que é solidário e busca sempre a justiça.
Com um perfil assim, legado pelo próprio Senhor Jesus, a nossa Igreja nunca será simpática aos olhos do mundo e de algumas instituições. Os profetas da pós modernidade, pregam sempre o contrário do que prega a Igreja. Ninguém pense que a Igreja será vitoriosa no confronto com o mundo; Jesus não se saiu vitorioso em Jerusalém, ao contrário, passou pelo vexame de uma morte humilhante e vergonhosa, entretanto, ao terceiro dia completou sua obra com a Ressurreição.
Que a nossa Igreja, que percorre a mesma estrada de Jesus e dos profetas, não se curve, não se submeta ás Forças contrárias ao Reino, ainda que venha o fracasso, ainda que a Igreja seja ridicularizada, pois haverá um "Terceiro Dia", o Dia do Senhor, o Dia da Verdade, o dia em que Deus "dará o troco" aos que não acreditaram, aos que o combateram...

2. Jesus, consciente de sua missão profética
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Jesus com frequência advertia os chefes religiosos judeus que rejeitavam o reino de justiça e amor que ele próprio anunciava, sofrendo, em resposta, ameaças e perseguição.
Alguns fariseus vieram avisar Jesus: "Parte e vai-te daqui, porque Herodes quer te matar". Herodes havia executado João Batista, temendo sua grande influência sobre o povo, e Jesus cuja prática assemelhava-se à de João, estava também ameaçado. Contudo, o que aqueles fariseus pretendiam era intimidar Jesus para que se afastasse, fugindo de seu território, e assim se verem livres dele.
Jesus, porém, sabia que o perigo maior residia nestes próprios chefes religiosos, particularmente na cúpula sacerdotal do templo de Jerusalém, o que fica sub-entendido no recado que dá àqueles fariseus. Jerusalém, que também havia sido convidada à conversão, é a cidade que mata os profetas, e Jesus, consciente de sua missão profética pressente que será este também seu próprio fim.
Oração
Pai, predispõe-me, pela força do teu Espírito, a acolher a salvação que teu Filho Jesus me oferece, fazendo-me digno deste dom supremo de tua bondade.

3. SEM MEDO DOS PREPOTENTES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

É interessante notar como alguns fariseus tenham ido avisar Jesus a respeito das intenções assassinas de Herodes. A hostilidade deles contra o Mestre, e as contínuas controvérsias entre eles, leva-nos a suspeitar de suas reais intenções. À primeira vista, tem-se a impressão de que os fariseus queriam proteger Jesus das tramas do facínora Herodes. Este já havia eliminado João Batista. Agora, queria eliminar também Jesus. Quiçá desejassem evitar complicações com os romanos, supondo-se ser Jesus deveras um revolucionário, um sublevador da ordem. Contudo, a notória hipocrisia dos fariseus recomendava pôr em xeque suas boas intenções. Não conseguiram, porém, enredar o Mestre nesta trama.
Jesus sabia serem eles emissários de Herodes, com quem pactuavam. Por isso, mandou-os de volta com um recado para aquela "raposa" política.
Apesar das ameaças, o Mestre levaria em frente sua missão, sem se intimidar com a prepotência e a arrogância de Herodes. O conselho mal-intencionado dos fariseus jamais haveria de demovê-lo do caminho traçado pelo Pai. Sua missão só chegaria ao fim, quando o Pai assim o determinasse. Seria inútil querer detê-lo, servindo-se de malícia ou de astúcia.
Foi vão o projeto assassino de Herodes contra Jesus. Este "privilégio" caberia a Jerusalém, a Cidade Santa, que se tornou assassina dos enviados de Deus. A morte de Jesus seria mais uma demonstração da vocação desta cidade: ser assassina dos profetas.

OraçãoEspírito de firmeza e determinação, fortalece minha fé, de modo a predispor-me para enfrentar e vencer todas as forças contrárias à minha decisão de ser fiel ao projeto do Pai.


São Gonçalo de Lagos


Este santo português nasceu em Lagos, no Algarve, por volta do ano de 1370.

Tomou o hábito de Santo Agostinho no convento da Graça, em Lisboa, aos 20 anos.

Dedicou-se à uma vida de jejuns e de penitências enquanto aplicava-se às letras, aos estudos.

Homem zeloso na vivência da Regra Religiosa, virtuoso e cheio de pureza, Gonçalo dedicou-se também à pregação chegando a ser superior de alguns mosteiros da sua Ordem.

O último mosteiro foi o de Torres Vedras, onde morreu em 1422, depois de exortar aos que viviam com ele no mosteiro à observância religiosa e à uma vida virtuosa.

São Gonçalo de Lagos, rogai por nós!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Evangelho (Lucas 13,22-30)


Naquele tempo, 13 22 sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.
23 Alguém lhe perguntou: "Senhor, são poucos os homens que se salvam?" Ele respondeu:
24 "Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: ´Senhor, Senhor, abre-nos´, ele responderá: ´Digo-vos que não sei de onde sois´. 26 Direis então: ´Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças´.
27 Ele, porém, vos dirá: ´Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores´.
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. "Caminho largo e caminho apertado"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

___Hei São Lucas, dá para o Senhor nos ajudar nessa reflexão ? Esse negócio de caminho largo e caminho estreito às vezes é mal interpretado. Tem gente achando que o caminho estreito é só o do pobre, que não é parafuso, mas anda sempre "apertado" e o largo é o dos ricos, que deita e rola, sem nenhuma preocupação...
___Bom, no meio de vocês aí desse tempo presente, o que é uma pessoa "Folgada"?
___Ah... Nem me diga, e como tem gente folgada, as vezes até na comunidade, são os que agem sempre de acordo com suas vontades e conveniências, burlando normas e regulamentos, driblando a legislação, vivendo de "quebra galho", sem compromisso com nada, e olhe que tem muito cristão assim, uns Folgadão, que nunca querem nada com nada...
___Está vendo? Já temos aí o que é o caminho largo, é a religião do descompromisso, das conveniências, do Deus que dá saúde, dinheiro e prosperidade, sem exigir nada, é a religião onde ética e moral não são necessárias, é a religião do "aqui e agora", curtir a vida com todos os seus prazeres, de maneira egoísta, sempre na base do "Cada um por si, Deus por todos". Esse é um caminho atraente, e que faz o maior sucesso, trazendo grandes multidões para percorrê-lo, veja alguns templos sempre lotados...
___Então o caminho estreito seria o que?
___O contrário do caminho largo, amar o outro, viver para o outro, preocupar-se com o outro, ser Igreja e não apenas IR à igreja, vestir a camisa do cristianismo, revestir-se de Jesus Cristo e percorrer o mesmo caminho que ele percorreu, mesmo sabendo que há uma cruz a ser carregada, símbolo e sinal do esvaziamento e da doação total pelo outro. Não é uma grande multidão que procura esse caminho...
___Também pudera, com um marketing negativo desse? Quem é que vai querer?
___Pois é, por isso que Jesus sempre comparou o Reino a coisa pequena, insignificante, quem prefere o caminho largo é um "Maria vai com as outras", Cristão de meia tigela, sem convicção, freqüentador de igreja, católico tradicional, sem compromisso com a Palavra do Evangelho, vive de qualquer jeito e faz qualquer coisa e depois quer pousar de "bonzinho" na comunidade, na pastoral, no movimento e na Fila da comunhão...
___Mas no final, como é que fica essa história?
___Bom a turma de cristãos folgados, sem compromisso com a ética e a moral, e com os ensinamentos do evangelho, vão querer entrar na comunhão plena quando o Reino vier e se tornar visível, mas daí serão todos desmascarados, porque, diante das pessoas o que conta é a aparência, mas diante de Deus o que vale mesmo é o coração e as entranhas... E os folgados irão dar com, o "nariz na porta", pois Deus é inacessível á quem vive um Cristianismo só de aparências...

2. Filhos de Abraão

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

O texto deste evangelho de Lucas é formado por uma coleção articulada de fragmentos de parábolas que são encontrados dispersos em Mateus, tendo como tema comum a salvação. Segundo a tradição do Primeiro Testamento, a salvação era reservada ao povo de Israel, que se considerava povo eleito enquanto "filhos de Abraão". Jesus aponta outro critério. É o entrar pela porta estreita, para ter acesso à casa onde se dá o verdadeiro banquete.
A porta estreita é a porta dos pobres e excluídos, na qual se entra pela prática da justiça, em oposição à iniqüidade que vem sendo praticada pelos que, sob a aparência de piedosos, se entregam à ambição do dinheiro e do poder.
São os povos do oriente e do ocidente, do norte e do sul que, acolhendo Jesus, precederão os filhos de Abraão no Reino de Deus.

OraçãoPai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.

3. A FALSA SEGURANÇA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Jesus recusa-se a entrar na discussão casuística sobre quem se salvará, por considerá-la inútil. Importante para ele era empenhar-se, com sinceridade, por viver uma vida agradável a Deus, e assim, ser acolhido por ele, no final da caminhada terrena.
As palavras do Mestre são uma denúncia contra aqueles que se iludem pensando ter garantido uma vaga no céu, quando, de fato, estão vagando longe da salvação. "Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas praças" dizem os que se iludem pensando que, no Reino de Deus, tem valor evocar determinadas procedências étnicas, práticas religiosas ou formação cultural como privilégios para se ingressar nele.
É a falsa segurança dos judeus, mormente, dos fariseus. Mas pode ser também a falsa segurança da comunidade cristã. Sem a prática da justiça e da caridade, sem um amor entranhado ao semelhante, de nada valerá evocar, diante de Deus, a condição de cristão para se ingressar no Reino. Se neste existem privilegiados, estes são os pobres, os marginalizados, os oprimidos, os desclassificados. Ou seja, os que estão reduzidos a uma condição tão deplorável, a ponto de não conseguirem voltar-se para Deus, a fim de exigir dele a salvação. Quiçá, no seu entender, a salvação esteja fora de seus horizontes. Para que preocupar-se com ela?
Quem se considera privilegiado, não procurando vivenciar o amor, será expulso do Reino; ao passo que os últimos serão acolhidos pelo Senhor.

OraçãoEspírito de justiça e caridade, torna-me solícito em dedicar-me à prática do bem, de forma a agradar ao Senhor e alcançar a salvação.

São Luís Orione


O Papa João Paulo II, em 1980, colocou diante dos nossos olhos um grande exemplo de santidade expressa na caridade: Luís Orione.

Nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Bem cedo percebeu o chamado do Senhor ao sacerdócio. Ao entrar no Oratório, em Turim, recebeu no coração as palavras de São Francisco de Sales lançadas pelo amado São João Bosco: "Um terno amor ao próximo é um dos maiores e excelentes dons que a Divina Providência pode conceder aos homens".

Concluiu o ginásio, deixou o Oratório Salesiano, voltou para casa e depois entrou no seminário onde cursou filosofia, teologia, até chegar ao sacerdócio que teve como lema: "Renovar tudo em Cristo".

Luís Orione, sensível aos sofrimentos da humanidade, deixou-se guiar pela Divina Providência a fim de aliviar as misérias humanas.

Sendo assim, dedicou-se totalmente aos doentes, necessitados e marginalizados da sociedade. Também fundou a Congregação da "Pequena Obra da Divina Providência". Em 1899, Dom Orione deu início a mais um Ramo da nova Congregação: os "Eremitas da Divina Providência".

Em 1903, Dom Orione recebeu a aprovação canônica aos "Filhos da Divina Providência", Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa propunha-se a "trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade".

Dom Orione teve atuação heróica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos. Vinte anos depois da fundação dos "Filhos da Divina Providência", em 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das "Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade", Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional.

O zelo missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida, à Argentina, ao Uruguai e diversos países espalhados pelo mundo. Dom Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile. Foi pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.

Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado para Sanremo. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março, sussurrando suas últimas palavras: "Jesus! Jesus! Estou indo."

Vinte e cinco anos depois, em 1965, seu corpo foi encontrado incorrupto e depositado numa urna para veneração pública, junto ao Santuário da Guarda, em Sanremo na Itália.

O Papa Pio XII o denominou "pai dos pobres, benfeitor da humanidade sofredora e abandonada" e o Papa João Paulo II depois de tê-lo declarado beato em 26 de outubro de 1980, finalmente o canonizou em 16 de maio de 2004.

São Luís Orione, rogai por nós!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Evangelho (Lucas 13,18-21)


13 18 Jesus dizia ainda: "A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?
19 É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos.
20 Disse ainda: A que direi que é semelhante o Reino de Deus?
21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


1. " O Reino de Deus é um filetezinho d’água..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
 
Certa ocasião, em minha adolescência fui conhecer a nascente de um grande rio e fiquei admirado pois o filete que saia do Olho d’água, próximo a uma rocha, não dava nem meio palmo, sendo que há muitos quilômetros dali, havia pontos em que, de uma margem quase que não conseguia se enxergar a outra... tornando-se grandioso e imponente.
Jesus falava com gente simples da roça, que conhecia o grão de mostarda, tão pequenina que era quase invisível a olho nú, sem exagero. Depois provavelmente aproximou-se do grupo algumas Donas de casa especialistas em fazer pão caseiro, e imediatamente comparou o Reino de Deus a uma pitadinha de fermento, que embora insignificante em sua quantidade, consegue levitar toda a massa, desaparecendo n o meio dela... Eis aí o prenúncio de um Reino que vai começar pequeno, insignificante e sem valor, para ser no final de uma grandeza tamanha que envolverá toda a terra.
Jesus começou com 12 discípulos, depois enviou 72, e a coisa foi crescendo e assim chegou até nós nos dias de hoje. Qual a lição que podemos tirar desse evangelho? Que o Reino é mais consistente nas pequenas comunidades, nos pequenos grupos, que se tornam fermento na massa, e são capazes de mudar até as estruturas. Isso não é marxismo, isso é o mais puro cristianismo.
Experimente ser diferente e dar um sabor novo, imitando Jesus Cristo, aí no seu trabalho, na sua família ou no seu pequeno grupo ou equipe e irá comprovar tudo o que Jesus está falando nesse evangelho. E não se esqueçam: projetos megalomaníacos não combinam com o Reino de Deus, Palavras de Jesus... Podes crer...

2. Fermento na massa

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Estando Jesus a caminho de Jerusalém, onde se dará o confronto final com os chefes religiosos do Templo, ele ensina os discípulos narrando-lhes duas parábolas.
O profeta Ezequiel prenunciava um futuro glorioso de Israel como um broto de cedro, tirado do Líbano e plantado por Javé em Jerusalém, no monte Sião. Este cedro do Líbano, frondosa árvore, era símbolo das nações poderosas. Esta imagem de poder foi assumida para si na tradição do judaísmo.
Jesus rejeita esta imagem de poder. Para ele o Reino é como o pequeno grão de mostarda. A mostarda é uma hortaliça que nascia à beira do Mar da Galiléia. Seu grão é minúsculo, porém a planta pode crescer até três metros de altura. Sem ser imponente e potente como os cedros do Líbano, abriga as aves do céu. Na sua simplicidade acolhe a vida. As imagens do fermento na massa e do grão de mostarda exprimem como a partir de algo pequeno e inexpressível se chega a transformações significativas, não em vista de um poder dominador e excludente, mas, sim, de um amor suave e acolhedor.
O modesto início aponta para um processo transformador de toda a sociedade, apesar das oposições, resistências e violência enfrentadas por Jesus e pelas comunidades. Deus nos chama a cultivar o amor que desabrocha suavemente na comunhão de vida com os irmãos e com Jesus.
Oração
Senhor, faze de mim instrumento de teu Reino para que ele chegue a todas as pessoas, sem exceção, mormente os pobres e marginalizados.

3. O CONTRASTE ENTRE O INÍCIO E O FIM

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
 
A caminho de Jerusalém, Jesus conta duas pequenas parábolas, para dispor os discípulos para a experiência que haveriam de fazer. Nelas se estabelece o contraste entre o início do Reino, na humildade e na perda, e seu fim grandioso. Só quem foi alertado para esta dinâmica divina será capaz de superar o desânimo e a decepção do momento.
A semente de mostarda era símbolo de pequenez. Todavia, esse grão minúsculo, lançado na terra, germina e se torna um arbusto de até três metros, permitindo às aves pousar em seus ramos.
Também a pitadinha de fermento, ao ser colocada numa quantidade excepcional de farinha (três medidas) ou seja, cerca de 50 quilos, era suficiente para fermentá-la e torná-la apta para a fabricação do pão.
Com o Reino dá-se algo semelhante. É preciso esperar com confiança. Seu projeto iniciado com um punhado de pessoas sem projeção social, tidas como estranhas para os esquemas religiosos da época, e sem muitas perspectivas, era como o grão de mostarda e o fermento. Pequenos e frágeis, mas destinados a um fim grandioso. Por trás desta dinâmica, estava o dedo de Deus. Ele é que capacitaria este grupo inexpressivo para se tornar mediação de propagação do Reino, de modo a fermentar toda a história humana.

Oração Espírito de esperança em Deus, ensina-me a perceber a ação divina fermentando a história humana por meio de pessoas frágeis e humildes.